O curso de graduação o fez descobrir um potencial que ele próprio desconhecia e gostou tanto da experiência que até gostaria de cursar o ensino superior novamente. Mas, no mesmo curso, pois com a evolução da informática muita coisa mudou, diz. Como não tem condições de voltar no tempo, ele usa o tempo a seu favor e vai dando asas à sua imaginação, criando projetos, programas, usando a tecnologia a favor da sociedade em que vive. A última criação foi uma plataforma aberta de educação a distância. Esse é Carlos Alberto Seixas, analista de sistemas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP).

A plataforma criada por Seixas é um sistema informatizado capaz de conter cursos a distância acessíveis via internet para que os professores possam utilizá-la tanto em aulas presenciais como a distância, disponibilizando conteúdo do programa, lista de exercícios, leituras, quadro de notas e estatística com o desempenho dos alunos. “Na verdade é um guia prático para quem quer entrar no universo do ensino a distância”,
explica Seixas. O professor pode criar uma disciplina nesse ambiente virtual elaborado pelo analista e ao mesmo tempo pode usar o recurso para dinamizar as aulas presenciais. Seixas utilizou o ambiente da enfermagem, mas avisa que os conceitos e técnicas podem ser utilizados em qualquer plataforma de ensino a distância.

Essa criação lhe rendeu o título de mestre e surgiu a partir de sua participação no Grupo de Estudos e Pesquisas em Comunicação no Processo de Enfermagem (GEPECOPEn), na EERP. Primeiro trabalhou num projeto piloto para treinamento de enfermeiras através de videoconferência. “Esse treinamento está sendo ampliado e serão treinados também os profissionais das Unidades Básicas de Saúde da cidade e, vai mais longe, estamos iniciando um projeto para levar o sistema de treinamento por videoconferência para as áreas menos favorecidas do País. E foi justamente esse trabalho com videoconferência que migrou para a plataforma de educação a distância, via internet”, conta Seixas. E agora vem a recompensa. A plataforma de ensino criada por ele será lançada em forma de livro no mês de abril, cujo título será: E-LEARNING & EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA
- Guia Prático para Implantação e uso de Sistemas Abertos, pela Editora Atlas.


Essa não é a primeira experiência de Seixas na criação de um sistema de comunicação multimeios. Na própria EERP ele participou de pelo menos outros três projetos, entre eles, na supervisão técnica no desenvolvimento de um software educacional de administração de medicamentos, lançado pela professora Silvia De Bortoli Cassiani.

Seixas é casado e tem dois filhos. Tem 36 anos e nasceu em Ribeirão Preto, filho de um advogado e de uma auxiliar de enfermagem. Vem da escola pública e a paixão pela informática apareceu cedo. Aos 12 anos se interessou por um microcomputador e incentivado pelo pai já começou a criar programas. Primeiro aqueles copiados de um livro de programação. Depois começou a criar a partir de um sistema de programação, o Basic. Com isso já fazia contabilidade doméstica e prognóstico de loteria esportiva. O pai se deslumbrava vendo um dos cinco filhos se envolvendo cada vez mais com a informática. A troca de informações com os amigos que também gostavam do assunto, na época, o ajudou a ampliar os conhecimentos. "Os empréstimos de programas de um amigo colecionador foram fundamentais na minha carreira. Naquela época a comunidade ainda se visitava, não eram contatos só virtuais como acontecem hoje", fala Seixas.

Prestou vestibular com a certeza do que queria ser, mas só foi aprovado na Federal de Uberlândia para fazer Matemática Aplicada à Computação. Não era o que queria e não pensou duas vezes, desistiu do curso e prestou vestibular novamente. Foi aprovado em Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos. A ênfase na sua formação foi sistemas de comunicação. Saiu da faculdade já empregado na mesma empresa, filial da HP, onde estagiou. As atividades da empresa estavam voltadas a
projetos de CD-ROM. Assim nascia o seu envolvimento na criação de sistemas de informação multimídia. Na época participou da criação do CD Ciclo do Café, encomendado por uma escola particular de Ribeirão Preto. "Minha responsabilidade era a parte de programação, todo sistema de comunicação”, conta.

A idéia inicial, segundo o programador, era desenvolver um produto que envolvesse todas as disciplinas, desde a história do café até sua química. "Ficou melhor do que imaginávamos", ainda comemora. A escola estava montando a sua primeira sala de informática ligada em rede e o grupo de Seixas treinou os professores para uso dessa sala, fechando um ciclo.

Mas Seixas queria mais e foi para São Paulo na tentativa de vôos mais altos. Após pesado processo seletivo foi contratado pela Itautec, empresa especializada em automação bancária. "Trabalhava na área de desenvolvimento de aplicação, com programação pesada, era uma empresa boa, um ótimo ambiente de trabalho, mas não o que eu queria." Como na mesma época havia sido aprovado em processo de seleção na EERP, um mês depois de ingressar na Itautec foi chamado pela USP e optou pela Universidade. Para sorte de professores e pesquisadores