No mês de junho, a Estação Ciência completa 19 anos. A entidade, vinculada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, trabalha para a difusão científica e cultural de assuntos que as pessoas vêem nos livros, mas nem sempre sabem identificá-los no dia-a-dia. “A Estação Ciência não tem paredes”, ressalta o diretor Wilson Teixeira, que também é professor do Instituto de Geociências. “Na escola, o aluno abre e fecha o livro, mas aqui é diferente. Ele entra num espaço em que não existem limites entre o cotidiano e a ciência. As exposições não são separadas por um espaço físico e os conceitos e temas se misturam com a realidade do visitante”, explica.
A Estação tomou forma no prédio de uma antiga fábrica têxtil na Lapa. Antes de entrar, os visitantes cruzam os trilhos do trem, conservados para guardar as memórias sobre a origem do local. Uma vez lá dentro, o público vai encontrar diversas exposições: desde um planetário para explicar o universo até uma grande maquete com ondas de verdade que simulam o tsunami. São mostras que se renovam de acordo com os assuntos do momento e pesquisas acadêmicas mais recentes.
Cauê Matos, diretor de eventos, explica a metodologia baseada na interatividade: “Nós atuamos em diversas áreas do conhecimento e oferecemos exposições com um conteúdo versátil, dinâmico e sutil. Quando, por exemplo, o público participa de um experimento sobre eletricidade e seu cabelo fica em pé de verdade, ele passa por uma vivência. A partir desse momento em que se vivenciou uma situação, a pessoa se interessa em receber a informação e ouvir mais dados a respeito.” O professor Teixeira completa: “Não é um trabalho que as escolas têm disponibilidade para fazer nas salas de aula. Além da falta de tempo e estrutura, elas vivem dentro de um sistema de ensino com programação já estabelecida e que não inclui a experiência em larga escala”. A Estação recebe mais de 200 mil visitantes por ano. O número é composto principalmente por escolas públicas e privadas que procuram estimular o interesse das crianças do ensino fundamental para assuntos científico-culturais. Os colégios entram em contato com a entidade e agendam uma visita, que é conduzida pelos monitores – estagiários universitários responsáveis pela explicação de cada uma das experiências, quadros, painéis e maquetes.
A coordenadora do colégio Dante Alighieri, em São Paulo , Vânia Baroni, diz que mantém relações constantes com a Estação porque “conseguimos fazer uma extensão importante do aprendizado, do conhecimento. Para os alunos, e também para os próprios professores que os acompanham, é uma oportunidade de experimentar o concreto”, considera.
Especialista em museologia e arquitetura, Francisco Medeiros afirma a importância do serviço prestado: “um de nossos ex-estagiários, formado na Escola Politécnica, disse que só iniciou a graduação em engenharia porque viu um experimento de física aqui, há muitos anos. Nós fomos responsáveis pelo despertar para as ciências de muita gente”, garante. O diretor Wilson Teixeira considera o trabalho da Estação tão importante quanto os cursos de extensão e pesquisa universitária. Por isso, lamenta: “Pena que a cultura do ambiente acadêmico não dê a mesma importância para as nossas frentes, que são capazes de inserir um determinado público no meio científico. Fazemos um trabalho complexo, mas para muitos colegas da USP, é mais importante conseguir publicar um artigo numa revista internacional.” No mês que comemora aniversário, a Estação vai promover uma série de eventos especiais: seis novas exposições e também um concurso que vai eleger o mascote da instituição. Antes disso, a abertura das comemorações ficará por conta da Orquestra Sinfônica da USP. Serviço Dia 20 de junho, às 19h30
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