Você já reparou nas mágicas que acontecem na sua casa? Você põe o lixo para fora e, de repente, sumiu. Truque maior ainda é quando apertamos o botãozinho da descarga sanitária. “Dali para frente as pessoas não querem saber para onde vão os resíduos e estamos partindo para a exaustão das áreas de disposição de lixo aqui na região metropolitana de São Paulo e no mundo inteiro”, afirma o professor Pedro Mancuso, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP).
Ainda que por trás dos nossos pequenos hábitos exista uma superestrutura de saneamento, o uso consciente dos recursos nas ações cotidianas ajuda a diminuir a velocidade de degradação do meio ambiente. “Presto muita atenção no consumo de água na minha casa. Falo para meus filhos que não sabemos o dia de amanhã, as secas, os desmatamentos. Eles acham ruim, mas é para o bem deles e da natureza”, conta Luiz Carlos da Silva, encarregado de vigia na Escola de Educação Física e Esporte.
O conselheiro e subcoordenador da Comissão Especial de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), Plínio Tomaz, explica que para a economia de água em uma casa existem medidas tecnológicas e medidas práticas, que envolvem mudanças de hábito. “As pequenas contribuições individuais têm um impacto significativo na preservação dos recursos naturais. Podem chegar a até 30% de economia de água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).”
Tomaz, que é engenheiro civil e autor de livros sobre consumo, preservação e aproveitamento de água, recomenda algumas medidas para a diminuição do consumo em uma casa. Entre elas está o uso de torneiras com aerador, que economizam 50% de água, lavagem de roupa com carga total da máquina e instalação de chuveiros que gastem no máximo 10 litros por minuto. “Existe à venda um chuveirão que gasta 60 litros por minuto. É um absurdo”, alerta. “Temos algumas normas a serem seguidas em casa, por exemplo, primeiro varremos o quintal e depois jogamos água. Além disso, aproveitamos a água do último enxágüe da máquina de lavar para limpar o quintal dos fundos”, conta Júlio de Jesus dos Santos, chefe da Seção Pessoal do Instituto de Geociências. “Tenho uma filha de 6 anos e desde cedo levantamos questões quanto ao meio ambiente. Afinal, pode faltar para ela no futuro.”
O uso intensivo de produtos descartáveis é outro agravante para a deterioração do espaço e dos recursos. “Fui à farmácia outro dia e o vendedor me deu um plástico grande para colocar uma aspirina. Eu coloquei no bolso e falei que não precisava”, conta Mancuso. O ideal seria consumir menos plástico em casa, mas é difícil, porque você compra um xampu e já vem naquela embalagem. “Os problemas sempre remetem à indústria, nós somos a ponta do processo”, pondera o professor da FSP. É difícil escapar da questão da geração de lixo, por isso às vezes temos que escolher entre a opção menos nociva, como onde jogar o papel higiênico usado? “O indicado é colocar no esgoto. Antigamente, o papel higiênico tinha cola em sua composição, hoje não mais, quando cai na água se desfaz e é facilmente transportado”, explica Mancuso. “Mas de qualquer jeito ele acaba gerando problemas, ou vai para o aterro sanitário ou para a estação de tratamento de esgoto, não some, não é mágica.” A professora Wanda Risso Günther, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP, salienta que a melhoria das condições ambientais depende fundamentalmente de políticas públicas. Mas é essencial que estas atinjam a sociedade. “As pequenas contribuições individuais podem modificar a paisagem local, reduzindo impactos ambientais e sanitários,” afirma Wanda. Ainda assim, a professora considera que são poucos os segmentos da população brasileira mais informados e sensibilizados quanto à questão. “Existe uma tendência crescente, porém estamos no início da escada.” A Universidade possui o programa USP Recicla, que busca contribuir para a formação de sociedades sustentáveis por meio de iniciativas de gestão ambiental e de formação de pessoas comprometidas com este desafio. O programa possui comissões internas nas unidades e órgãos nos seis campi. Sua atuação inclui a mudança de mentalidade e comportamento em relação ao descarte dos resíduos sólidos. Confira no site do USP Recicla a lista de entidades que recebem recicláveis como doação, não só vidro, papel, metal e plástico, mas também pilhas, baterias, lâmpadas e outros. Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no mês de maio, a FSP realiza uma mesa-redonda no dia 7 de junho, das 9h às 12h30, no prédio da faculdade, que fica na rua dr. Arnaldo, 715 – Auditório João Antunes. O objetivo do encontro, cujo tema é Reúso de Águas e Reflexos na Saúde, é debater alternativas para a escassez de água no mundo. Mais informações e inscrições gratuitas por e-mail. Programação 8h30 – Abertura Sedi Hirano – Pró-reitor de Cultura e Extensão
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