Em comemoração do seu aniversário, Esalq revitaliza jardim francês construído há mais de 60 anos

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) comemorou, no mês de junho, seus 105 anos e o centenário do Prédio Central e do parque que o circunda. Muitas atividades marcaram os aniversários, a mais charmosa delas foi a inauguração da revitalização de seu jardim francês. As 146 roseiras plantadas no local fazem companhia a buxos e camélias que estão ali desde 1943, quando o jardim foi construído juntamente com a casa inspirada na Fazenda Tara, do filme E o Vento Levou.

crédito: Francisco Emolo
Profª Ana Maria L. Pereira Lima

A construção, que hoje abriga o Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz, foi realizada a pedido do então diretor da Esalq, professor José de Mello Moraes, seu primeiro morador. Em 1984, foi criado o museu, tendo como principal missão preservar a memória da pesquisa em ciências agrárias. “As rosas do jardim serviam para decoração. As esposas dos diretores as colhiam para enfeitar a casa”, conta a professora Ana Maria Liner Pereira Lima, responsável pela revitalização do jardim francês.

Antes mesmo de começarem os trabalhos, houve a tentativa de recuperar fotos e depoimentos que dessem uma idéia fiel do aspecto original do jardim. “Tínhamos algumas lembranças, mas o jardim estava muito abandonado, procuramos arquivos de fotos, entramos em contato com parentes de diretores, mas foi em vão”, revela a professora do Departamento de Produção Vegetal, que está na Esalq há quase trinta anos. “Sabemos que o desenho era esse, mas tudo em pedrisco.”

A professora Ana Maria, que elaborou o projeto de revitalização em 2001, pediu para que especialistas em rosas produzissem mudas antigas. “As variedades novas não têm perfume, as rosas antigas sim”, explica. As rosas, que ficam no canteiro central, estão divididas em três grupos: nos extremos estão as menores; nas laterais, as de tamanho intermediário e, no centro, estão as roseiras mais altas e, principalmente, as rosas de perfume.

crédito: Francisco Emolo

crédito: Francisco Emolo

“O jardim francês se caracteriza pela simetria e visibilidade, de um ponto você enxerga quase toda a sua extensão. O jardim de Versailles é francês, este aqui segue os mesmos princípios”, explica Ana Maria. Duas estruturas foram acrescentadas ao projeto original do jardim, um pergolado e uma fonte. “O pergolado foi uma maneira que encontrei para contrapor de maneira simétrica a saliência do prédio no lado oposto.” Plantas podadas, monumentos, estátuas e a presença da água também fazem parte desse tipo de jardim.

O auge do jardim francês foi na época de Luís XIV, quando a Europa passava pelo Renascimento. “As plantas podadas mostravam a superioridade do rei, mesmo em relação à natureza”, afirma a professora, que coordena um grupo de estudo em paisagismo, do qual fazem parte alunos e estagiários da Esalq. O grupo apresentou o projeto de revitalização e sua execução coube a uma firma de paisagismo de Piracicaba.

Outra característica que foi mantida no desenho do jardim francês da Esalq são as guias de tijolos. “Colocamos todos tijolos de demolição para restaurar como era antigamente.”Agora que o jardim renasceu e floresce, resta cuidar de sua manutenção. Para isso, é necessário alguém que saiba tratar de roseiras, como podá-las, controlar pragas, qual veneno usar e como adubar. “Eu propus que treinássemos um funcionário do Parque da Esalq para fazer isso, já foi solicitado e prometido”, diz Ana Maria.

crédito: Francisco Emolo

A melhor época para visitar o jardim é no início da primavera, no mês de setembro. “Se for feita a poda correta, deve florir o ano todo”, afirma a professora. “Daqui a algumas semanas as camélias darão flores que se manterão até a primavera.” O Museu Luiz de Queiroz, que fica ao lado do jardim, promove visitas monitoradas a seu acervo de maquinário, documentos e fotografias, entre muitos outros objetos. Além disso, costuma realizar atividades diversas como saraus e intervenções poéticas.

Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz
Fone: (19) 3429-4392