O Hospital Universitário (HU) da USP foi idealizado para aliar ensino e pesquisa às atividades de assistência médica. Com 25 anos completos no campus da zona oeste, em São Paulo, a unidade dá sinais concretos de que o atendimento assume, hoje, um caráter mais expansivo: além da missão inicial, o HU desenvolve vários programas responsáveis pela integridade dos servidores através da reabilitação obrigatória e dos atenciosos cuidados com a prevenção da saúde. O mais recente programa nasceu em março deste ano e reúne ações que eram feitas isoladamente. Ele dá prioridade a pessoas afastadas devido a lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). De acordo com a assessoria do HU, 65% dos pedidos de licença médica ocorrem devido a LER e Dort, conseqüência, por exemplo, da postura incorreta e excesso de força nas tarefas.
“A implantação do programa LER/Dort
prevê a sensibilização dos chefes de departamentos
da USP para a importância da medida. Às vezes, é difícil
modificar a cultura enraizada de não se aceitar um funcionário
com limitações”, explica Ana Paula.
Segundo o superintendente do hospital, Paulo Andrade Lotufo, o atendimento visando à reabilitação já acontecia antes. A formação dos programas permitiu que o trabalho fosse realizado de maneira organizada e mais ampla. Na sua opinião, não existe dificuldade em aceitar os servidores com limitações físicas ou com necessidades de reabilitação. “O que existe é o chefe informado e o desinformado”, afirma.
Outro serviço do Hospital Universitário que mistura boa-fé e cumprimento da lei é o Programa Anti-Tabágico. A proibição ao fumo em ambientes de trabalho é conseqüência da Lei Federal 9.294, de dez anos atrás. Apesar disso, a placa de aviso nem sempre é respeitada. “Para tirar o cigarro do hospital foi necessário um trabalho de três anos”, diz João Paulo Lotufo, médico responsável pelo projeto. “Isso conta desde a panfletagem até o tratamento e oferta de remédios gratuitos.” O projeto dedicado a funcionários tabagistas, ativos e passivos, alcança também outras unidades da USP. De acordo com Lotufo, essa competência até criou a expectativa da instituição ser reconhecida e credenciada no Ministério da Saúde como centro de combate ao tabaco.
Para o combate a doenças cardiovasculares – principal causa
de mortes no mundo – o médico Egídio Lima Dórea
trabalha com grupos que sofrem de obesidade e hipertensão. “Oferecemos
a orientação preventiva e o tratamento adequado. O mais
difícil é fazer a divulgação para mudança
do estilo de vida com alimentação correta e exercícios
freqüentes. Mas isso é primordial porque é um passo
anterior à necessidade de reabilitação.”
A nutricionista Soraia Covelo Goulart, membro do Grupo Qualivita, desenvolve atividades com objetivos semelhantes. Funcionários com excesso de peso participam de reuniões em que são oferecidos subsídios para as insistentes e necessárias alterações nos hábitos cotidianos. “Ao se diminuir o peso dos funcionários, eles ganham bem-estar e motivação por estarem satisfeitos com eles mesmos. Além disso, minimizam as complicações como diabetes, hipertensão e problemas ortopédicos, tendo mais segurança de que não vão ser afastados por dificuldades em realizar o trabalho.” O superintendente Paulo Andrade Lotufo afirma que: “A grande vantagem dos programas é dar as possibilidades a quem quer participar. Isso faz parte de uma política da Reitoria em valorizar o funcionário”. No último mês, durante a celebração do aniversário do HU, o discurso teve o mesmo tom. No café da manhã no refeitório da unidade, Lotufo falou dos desafios de sua gestão, mas deu prioridade aos elogios aos servidores: “O patrimônio maior do HU encontra-se no conjunto de seus funcionários. Assim como nas preces de casamento, estamos sempre juntos: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”.
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