“Os colírios com corticóides podem mascarar sintomas, dificultando
o diagnóstico do oftalmologista.” Fernando Cresta
“Já ouvi falar de receitas caseiras, mas nunca experimentei.” Vladimir
Tasca
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Carros, ônibus e fábricas exalam seus
venenos no ar. Os olhos vermelhos se mostram irritados
ao final de um dia empoeirado. Na volta para casa,
farmácias oferecem uma variedade infinita
de colírios. É barato e fácil
de aplicar. E assim, de gotinha em gotinha, importantes
sintomas de infecções oculares são
mascarados por quem busca resultado imediato: olhos
branquinhos.
“Os pacientes podem ficar acostumados a usar alguns
colírios que deixam o olho branco e sem irritação.
Normalmente, são soluções com
corticóides que podem ter efeitos colaterais
graves, principalmente a catarata e o glaucoma. Além
disso, predispõem à infecção,
o que pode levar a uma inflamação na
córnea (ceratite)”, explica o oftalmologista
do Hospital Universitário (HU) Fernando Cresta.
Muitas vezes, o colírio usado por uma pessoa
não serve para o problema de outra, por isso
a necessidade de procurar um especialista. “Se for
usar algum colírio para poluição,
depois de sair de uma piscina com muito cloro ou
do mar, deve ser colírio lubrificante com
lágrimas artificiais, que é mais suave”,
indica Cresta, alertando para o fato de que a persistência
dos sintomas requer a consulta ao médico. “Um
quadro de irritação que se prolonga,
com vermelhidão e coceira, pode ser um problema
mais grave como conjuntivite ou úlcera de
córnea.”
É preciso tomar cuidado também com
as receitas caseiras, às vezes, as pessoas
usam colírios com leite, chás, arruda. “Atendi
uma paciente que pingou urina nos olhos porque uma
vizinha falou que era bom”, diz Cresta.
Esses colírios caseiros, além de poderem
aumentar a irritação, são alvo
fácil de contaminação, porque
não possuem conservantes, o que pode piorar
ainda mais o problema de visão.
“Às vezes, meus olhos ficam vermelhos e inchados
em decorrência da rinite. Uso um colírio
lubrificante que minha mãe me indicou. Já ouvi
falar de receitas caseiras, mas nunca experimentei”,
conta Vladimir Tasca, arte-finalista, responsável
pela diagramação do jornal USP
Ribeirão. “Tenho moto e o vento irrita
um pouco também. No calor, ando com a viseira
levantada e meus olhos ficam vermelhos.”
Olhos irritados são freqüentes nas grandes
cidades, onde a poluição é mais
acentuada. “Algumas pessoas que moram em São
Paulo têm sempre os olhos secos, irritados,
vermelhos e com coceira. Quando mudam de cidade ou
passam uma temporada no interior há uma melhora
importante”, conta Cresta. |
“Usei lentes de contato durante dez anos e por muitas horas durante o dia. O
resultado: uma alergia que levei anos para tratar.” Rosemeire Soares Talamone
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Com a chegada do verão é preciso
prestar atenção extra nas irritações
oculares, pois o uso de piscinas e os banhos de mar
aumentam as chances de contaminação,
especialmente os casos de conjuntivite. Como medida
emergencial, o oftalmologista do HU indica compressas
de água mineral gelada.
Lentes de contato
“Usei lentes de contato durante dez anos e por muitas
horas durante o dia. O resultado foi que esse uso
excessivo causou o desenvolvimento de uma alergia”,
conta Rosemeire Soares Talamone, jornalista do Serviço
de Comunicação Social do campus de
Ribeirão Preto, que levou anos para tratar
o problema. “Usei vários colírios,
sempre com acompanhamento médico.”
O uso incorreto de lentes de contato sem a manutenção
adequada predispõe à infecção
ocular, sobretudo conjuntivite e, até mesmo, úlcera
de córnea, principalmente se o paciente dorme
com as lentes. “A manutenção diz respeito
especialmente à limpeza: usar solução
multiuso que remove proteínas e desinfeta
as lentes e não dormir com elas, o que aumenta
a proliferação bacteriana”, adverte
Cresta. |