A professora Cristiane Araújo ensina: “Ele não serve
só para boiar. O colete corrige a postura na água,
evitando que o praticante se posicione mal e tenha dores lombares” .
“Tenho problema no joelho e vim para cá por recomendação
médica. Então descobri dois tipos de equilíbrio: o físico
e o emocional” – Maria de Lourdes, aposentada e aluna de deep running no
Cepeusp.
“Pode parecer monótono porque não se percebe o movimento dentro
da piscina. Mas, além disso, a água é prazerosa, estamos
em um ambiente aberto, tem muito verde e música. Tudo isso deixa a aula
mais agradável.” Maria de Lourdes Cassis
As professoras do IP aderiram ao deep running
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À medida
que o verão se aproxima e a temperatura da piscina
aumenta, as vagas para atividades aquáticas no
Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP)
diminuem. Em virtude dessa procura, as aulas de deep
running já estão quase lotadas. A
modalidade trabalha o sistema cardiorrespiratório
e a musculatura através de uma corrida na água,
com a diferença de que ninguém coloca os
pés no chão. Na Universidade, o deep
running ainda é inédito para a maioria,
mas ganha cada vez mais adeptos.
O exercício consiste na simulação
de uma corrida na parte funda da piscina, enquanto
o praticante bóia sustentado por um colete especial.
A cabeça permanece todo o tempo fora da água
e os pés não tocam o chão. Daí vem
o nome deep (profundo) running (corrida).
A grande diferença desse exercício é a
ausência de impactos nas articulações,
o que favorece atletas lesionados ou pessoas com artrose.
Isso não significa que o impacto em terra seja
prejudicial. Na verdade, ele é muito importante
por aumentar a massa óssea e fortalecer o esqueleto.
No entanto, em caso de problemas no joelho, pé ou
tornozelo, a corrida no solo não é recomendada.
Outro ponto singular nesse exercício é a
grande resistência da água contra o corpo
que está posicionado na vertical. Se por um
lado, há menor peso sobre os membros inferiores,
por outro, aumenta-se o esforço das musculaturas
do abdome e braços durante o deslocamento pela
piscina. Esse movimento tonifica os músculos
e ainda exercita bastante a freqüência cardiorrespiratória.
O gasto calórico também é um
dos pontos interessantes da modalidade. A água
favorece maior troca de calor com o corpo do que o
ar. Na prática, isso significa que o “corredor” pode
desprender mais energia durante as atividades aquáticas.
No Cepeusp, as aulas de deep running começaram
há seis anos, parte do Programa de Fitness na
Primavera. “No início, bastava reservar três
raias a piscina para as classes. Agora são seis”,
conta Maria de Lourdes Cassis, professora e coordenadora
da modalidade.
A corrida nasceu nos Estados Unidos como uma alternativa
para dar continuidade ao condicionamento de atletas
impossibilitados de treinar devido a lesões.
Em seguida, os praticantes não se limitavam
apenas a esportistas: médicos passaram a recomendar
a atividade para pessoas com problemas nas articulações
e sedentários em pleno recomeço de exercícios.
Na USP, a procura maior é de mulheres que desejam
perder gordura, o que não nos impede de ver
aulas mistas com significante participação
masculina.
As professoras do Instituto de Psicologia (IP) Emma
Otta e Patrícia Izzar freqüentam as aulas
por diversão. “Aqui eu descobri que posso entrar
na água fria”, brinca Emma. “Eu vim há duas
semanas porque a Emma me trouxe!” Mesmo sem piscina
aquecida, mas com a colaboração do sol,
a aula consegue ser agradável. Durante a atividade,
os alunos fazem amizade porque, em pleno movimento, é constante
o bate-papo.
Gravidez e fibromialgia
Segundo pesquisa realizada pelo reumatologista Marcos
Renato de Assis em sua tese de doutorado na Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo), o deep
running pode ser útil no combate à fibromialgia,
doença caracterizada pela dor crônica,
sem causas ou cura conhecidas. Além de proporcionar
segurança pela ausência de impacto, foi
detectado outro benefício. A pesquisa comparou
dois grupos de mulheres durante o tratamento. Parte
delas realizou caminhadas, enquanto outra parte praticou deep
running. Ambos os grupos apresentaram melhora
no condicionamento físico e na redução
da dor, mas o exercício aquático teve
um efeito psicológico mais satisfatório,
refletido no bom humor e relaxamento das pacientes.
Gestantes também podem procurar orientação
médica para iniciar a corrida. Para quem se
queixa de mal-estar e “corpo pesado”, a piscina é uma
alternativa. A permanência na água reduz
o estresse nas articulações e chama a
atenção para a postura, uma vez que o
praticante vive novas posições ao boiar
durante a aula.
As inscrições para aulas no Cepeusp
estão encerradas até o início
do Programa Ácqua, que acontece nas férias
de dezembro e janeiro. Fique de olho no site www.cepe.usp.br,
onde serão divulgadas as próximas temporadas.
Mais informações também pelo telefone
(11) 3091-3361/ 3362. A coordenadora de deep running,
Maria de Lourdes, avisa apenas que é preciso
saber nadar. |