texto: Marcela Delphino
Fotos: Cecília Bastos

 

Cecília Bastos

 

 

Crédito: Cecília Bastos
“Quando estava no primeiro ano do curso preparatório da Escola Politécnica, assisti a um filme sobre a vida de Pasteur que me causou uma mudança gostosa.”

 

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“O apoio da Fundação Rockefeller foi muito importante para a ciência brasileira. Eu fui um dos muitos privilegiados.”

 

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“No 1º semestre em Brasília, passava a maior parte do tempo discutindo com os políticos o número e o valor das bolsas de mestrado e doutorado.”


Crodowaldo Pavan é Professor Emérito da USP e da Unicamp há mais de uma década. Aos 87 anos, continua buscando novas descobertas como pesquisador voluntário no Instituto de Ciências Biomédicas. O curioso é que a escolha pela biologia foi influenciada pelo cinema. Depois de assistir a um filme, protagonizado por Paul Muni, sobre a história de vida de Luis Pasteur, Pavan decidiu: “Quero fazer o que Pasteur fazia”.

A família do biólogo era dona de uma indústria de porcelana em Mogi das Cruzes, o que o levou a ingressar no curso preparatório da Escola Politécnica. Mas no primeiro ano, “assisti a um filme sobre a vida de Pasteur que me causou uma mudança”. Estava semeada no coração do jovem a vontade de pesquisar.

“Fui a uma palestra do professor de biologia André Dreyfus e perguntei para ele o que fazer para ser como Pasteur. Ele disse ‘quem?’ – devo ter pronunciado um Pasteur meio atrapalhado –, expliquei ‘esse do filme do Paul Muni.’” Poderia estudar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, cursando História Natural. E assim o fez. Em 1938, aos 19 anos, se tornou aluno do curso indicado por Dreyfus.

Para se divertir, Pavan e um colega da Faculdade de Medicina tinham o hábito de conhecer cabarés, “não para fazer farra, só por curiosidade”. Como não tínhamos dinheiro, íamos já que abria e os donos gostavam que tivesse fregueses para atrair outros. Colocavam uma garrafa de cerveja e copos vazios, como se já tivéssemos tomado, e ficávamos conversando com as meninas”, conta Pavan.

Em 41, quando terminava a graduação, a Fundação Rockefeller mandou um representante para sondar pessoas interessadas em receber auxílio para pesquisa. “O apoio da Rockefeller foi muito importante para a ciência brasileira. De 42 a 62, ajudou no desenvolvimento da biologia, da química, da física, da matemática. Eu fui um dos muitos privilegiados.”

Nessa época, Pavan trabalhava como técnico no laboratório de Dreyfus, quando o professor Theodosius Dobzhansky veio para o Brasil estudar a genética das moscas de fruta. Em 45, uma bolsa levou Pavan a passar um ano e meio no laboratório do Dobzhansky na Universidade de Columbia em Nova York. Nessa viagem, “conheci duas personalidades extraordinárias, os filhos do José Ermírio de Moraes, Antonio Ermírio e José Ermírio de Moraes Filho, que estavam indo estudar nos Estados Unidos”. Os três ficaram amigos durante as longas paradas do avião.

 

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