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O Projeto
Ockham é um dos poucos endereços
on-line onde o assunto é trabalhado
de uma forma séria. A equipe é composta
por pós-graduados em química
e biologia que se reuniram para suprir
a falta de suporte científico
em torno de tabus e lendas. “Ser cético
não é ser um chato sem
imaginação que se recusa
a sonhar com civilizações
extraterrestres, ou curas médicas
por terapia de cristais. Nós simplesmente
exigimos uma quantidade maior de evidências”,
explicam no site.
Na visão do engenheiro químico
Alexandre de Castro, coordenador do Projeto
Ockham, boa parte dos mitos está relacionada às
fraudes e especulações. “Vários
não passam de mentiras para lucrar
com a credulidade alheia: curas milagrosas,
fenômenos paranormais feitos com
truques de mágica e consultorias
por astros. Outra coisa que chama a atenção
são as histórias fantásticas
para explicar fatos simples. Se existem
fatos sem respostas é porque não
temos todas as informações
necessárias para chegar a uma conclusão
no momento”, diz.
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“O que faz mal não é o
leite com manga. São as quantidades
em excesso, horários de ingestão
e a sensibilidade do organismo”, explica
a professora Elisabete.
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Na FSP
(Faculdade de Saúde Pública),
a pesquisadora Elisabete Machado aponta também
o surgimento de mitos a partir de razões
sociais. “Muitos têm origem no preconceito
das castas e na questão do chamado
fruto proibido. Já se falou, por exemplo,
que o feijão-preto faz mal à saúde.
Na verdade, ele era a comida servida aos
escravos. Por isso, os ricos não consumiam
o feijão-preto e ainda o tachavam
de ruim”, explica.
Como fatores originários de mitos
no campo da nutrição, a professora
Elisabete menciona as coincidências – a
culpa vai para o alimento quando o sujeito
passa mal por outros motivos desconhecidos – e
a sensibilidade pessoal – algumas refeições,
quantidades e horários podem ser
indigestos para certas pessoas. “Pepino,
mortadela, ovo antes de dormir não
fazem mal para todo mundo. Depende do organismo”,
esclarece.
A funcionária Christine Blair,
do Serviço de Assistência
Financeira do IB (Instituto de Biociências)
reforça o caráter popular
dos mitos: “Eu ouço várias
histórias, e elas têm dado
certo. Mesmo que não seja provado
cientificamente, dá para fazer algumas
verificações. Em época
de Lua cheia, acontecem mais surtos e nascimentos,
por exemplo (veja
esse mito detonado)”, conta. “Algumas
coisas são tão faladas, que
acabam servindo de regra para as pessoas.
Se foi passado de geração
em geração nas famílias,
nem importa tanto se é verdade.” |