Onde estão os caçadores de mitos?


 

 

 


O Projeto Ockham é um dos poucos endereços on-line onde o assunto é trabalhado de uma forma séria. A equipe é composta por pós-graduados em química e biologia que se reuniram para suprir a falta de suporte científico em torno de tabus e lendas. “Ser cético não é ser um chato sem imaginação que se recusa a sonhar com civilizações extraterrestres, ou curas médicas por terapia de cristais. Nós simplesmente exigimos uma quantidade maior de evidências”, explicam no site.

Na visão do engenheiro químico Alexandre de Castro, coordenador do Projeto Ockham, boa parte dos mitos está relacionada às fraudes e especulações. “Vários não passam de mentiras para lucrar com a credulidade alheia: curas milagrosas, fenômenos paranormais feitos com truques de mágica e consultorias por astros. Outra coisa que chama a atenção são as histórias fantásticas para explicar fatos simples. Se existem fatos sem respostas é porque não temos todas as informações necessárias para chegar a uma conclusão no momento”, diz.

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A Revista Science publicou um top 15 com questões que ainda não foram respondidas. Veja algumas: Do que o universo é feito? Qual a base biológica da consciência? Nós estamos sozinhos no Universo? Onde e quando a vida surgiu na Terra?

 


“O que faz mal não é o leite com manga. São as quantidades em excesso, horários de ingestão e a sensibilidade do organismo”, explica a professora Elisabete.

 

 

 

Na FSP (Faculdade de Saúde Pública), a pesquisadora Elisabete Machado aponta também o surgimento de mitos a partir de razões sociais. “Muitos têm origem no preconceito das castas e na questão do chamado fruto proibido. Já se falou, por exemplo, que o feijão-preto faz mal à saúde. Na verdade, ele era a comida servida aos escravos. Por isso, os ricos não consumiam o feijão-preto e ainda o tachavam de ruim”, explica.

Como fatores originários de mitos no campo da nutrição, a professora Elisabete menciona as coincidências – a culpa vai para o alimento quando o sujeito passa mal por outros motivos desconhecidos – e a sensibilidade pessoal – algumas refeições, quantidades e horários podem ser indigestos para certas pessoas. “Pepino, mortadela, ovo antes de dormir não fazem mal para todo mundo. Depende do organismo”, esclarece.

A funcionária Christine Blair, do Serviço de Assistência Financeira do IB (Instituto de Biociências) reforça o caráter popular dos mitos: “Eu ouço várias histórias, e elas têm dado certo. Mesmo que não seja provado cientificamente, dá para fazer algumas verificações. Em época de Lua cheia, acontecem mais surtos e nascimentos, por exemplo (veja esse mito detonado)”, conta. “Algumas coisas são tão faladas, que acabam servindo de regra para as pessoas. Se foi passado de geração em geração nas famílias, nem importa tanto se é verdade.”

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