Onde estão os caçadores de mitos?



“Há mais mitos no mercado do que profissionais trabalhando para explicá-los aos leigos”, diz o professor Aprígio

 

 

 

 

 

 


O professor Bertotti detona o mito da Coca-Cola e Mentos

 

Precisa-se de caçadores de mitos

Na opinião do professor Antônio Aprígio, diretor do Centro de Difusão Científica e Cultural da USP, em São Carlos, a carência de trabalhos científicos desbravando mitos é resultado do ambiente de pesquisa no País. “Os pesquisadores trabalham pouco com divulgação científica por uma questão de sobrevivência”, afirma. Aprígio explica que pesquisas na chamada “ciência de ponta” dão melhor retorno ao cientista, através de publicação em veículos especializados no setor, maior peso no currículo e melhor apreciação junto às agências de fomento.

Para leigos conseguirem acesso ao conhecimento científico, as indicações são leitura de revistas, visitas a museus e garimpagem de sites confiáveis na internet. O cenário brasileiro ainda depende do crescimento gradual da divulgação científica. “O Brasil é um país novo nesse segmento. As mudanças podem ser aceleradas a partir da cobrança da mídia e do debate nas escolas, mostrando que a ciência é capaz de responder às perguntas do dia-a-dia. É preciso provocar o meio científico para aparecerem as respostas”, aponta Aprígio.

Detonando a Coca-Cola e Mentos

Não, refrigerante de cola e pastilha Mentos não matam. Quem garante é a professora e nutricionista Elisabete Machado, da FSP. “No caso, a Coca-cola e a pastilha são ingeridos separadamente e passam por transformações – são mastigados, encontram enzimas e o suco gástrico – até se misturarem no estômago”. Portanto, a reação no organismo não é a mesma que vimos no vídeo . E se a pastilha fosse engolida inteira, aconteceria uma reação semelhante, mas bem menor. O gás seria expelido das formas mais conhecidas: eructação (arroto), pum ou, no máximo, vômito.

Já a adição de Mentos ao refrigerante de cola realmente faz sujeira. O gás carbônico, dissolvido nos refris, exerce pressão para deixar a fase aquosa e se difundir para a fase gasosa. Quando um corpo sólido entra em contato com a bebida, ele estimula a formação de microbolhas. “Por algum componente da fórmula de Mentos, a formação de bolhas é mais efetiva nessa pastilha. Aí, a pressão do gás é bem maior”, garante o professor Mauro Bertotti, do IQ.

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