texto: Circe
Bonatelli
Fotos: Francisco Emolo
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Diploma da ECA
Diploma da Esalq
Diploma da Faculdade de Direito
Diploma da FFLCH
Diploma da Faculdade de Medicina
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As formaturas de 2006
foram as últimas cerimônias em que formandos
recebiam um diploma feito pela própria unidade.
Para 2007, a Secretaria-Geral da Universidade de São
Paulo está desenvolvendo um novo-modelo padrão
a ser incorporado por todas as unidades uspianas. O
projeto já foi aprovado e tem como objetivo
integrar a USP, combater fraudes e eliminar burocracia.
“O novo diploma é mais profissional e inovador”,
afirma a secretária-geral e professora Maria
Fidela Navarro. “As mudanças foram feitas para
prevenir falsificações e também
dar identidade aos centros que pertencem à mesma
instituição.”
O novo modelo terá formato e aparência única
para todos os cursos de graduação e pós-graduação,
sem exceções. Ele passará da horizontal
para a vertical, com menor tamanho e uma série
de itens de segurança: marca-d'água,
papel especial, assinatura digitalizada, entre outros
recursos que só poderão ser exatamente
definidos quando a licitação apontar
a empresa responsável pelo projeto.
Também serão dispensados os serviços
do calígrafo. A impressão a laser diminui
sensivelmente os custos, compensando a elevação
dos gastos com itens de segurança. A estimativa é que
o novo documento seja produzido por R$ 9,00. Antes,
variava entre R$ 30,00 e R$ 170,00. O impacto é de
pelo menos R$ 1,2 milhões por ano, considerando
a expedição de 60 mil diplomas pela USP
anualmente. Segundo Maria Fidela, o encargo ficará por
conta da Universidade. Antes, era o aluno quem bancava
o diploma.
Em unidades como a ECA (Escola de Comunicações
e Artes), a taxa paga pelo formando era de R$ 80,00
com serviços do calígrafo inclusos. Na
Faculdade de Direito e na FFLCH (Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas), o mesmo diploma saia
por R$ 30,00. Em Piracicaba, a Esalq (Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz) cobrava R$ 50,00 por
esse modelo, mas oferecia outras duas opções:
documento impresso (sem calígrafo) e gratuito,
ou feito por calígrafo em pergaminho, por R$
145,00. Na Faculdade de Medicina, a responsabilidade
pela emissão era da Comissão de Formatura
do ano. No bairro de Pinheiros, a tradição
se faz com pele de carneiro, calígrafo e nada
menos do que R$ 170,00. Veja o quadro: |
ECA: 275
graduações, 160 pós R$ 80,00
FFLCH:
1.126 graduações,
589 pós, R$ 30,00
Esalq:
280 graduações,
300 pós, Gratuito,
R$ 50,00 ou R$ 145,00
FD: 400
graduações,
300 pós, R$ 30,00
FM: 230
graduações,
360 pós R$ 170,00
*Fonte: Serviço de Assistência Acadêmica
das unidades. Números referentes aos anos de 2005 e
de 2006. |
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Dá outra impressão
Ao padronizar o documento, a iniciativa substitui
modelos tão tradicionais que até antecedem
a própria USP. Esse é o caso da Faculdade
de Direito, que graduou a primeira turma em 1832. Foram
102 anos antes da USP ser fundada.
Para o professor João Grandino Rodas, diretor
da FD, a tradição não é mais
valiosa do que a credibilidade. “Claro que a tradição é significativa,
mas tem outras questões mais importantes como
o fato de todas as unidades serem parte de uma instituição
maior. Por isso, eu aprovo medidas que se preocupem
com a segurança do documento sem descaracterizar
a Faculdade de Direito e o conjunto da Universidade”,
diz Rodas.
Segundo o responsável pelo projeto gráfico
do diploma, o professor da FAU (Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo) Francisco Inácio Homem de Melo,
não é possível realizar mudanças
gráficas pensando apenas na estética
e na segurança, é preciso levar em conta
o peso das tradições. |
Enquanto na
USP Leste, a EACH (Escola de Artes, Ciências e
Humanidades) não chegou a emitir nenhum diploma,
pois foi inaugurada em 2005, a Faculdade de Direito vai
diplomar pela 175ª vez no fim do ano. |
“O novo diploma é mais profissional e inovador”, diz a professora Maria
Fidela
“Centralização sem criar mais burocracia”, sugere o professor Agopyan.
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“Procuramos dar ao diploma a sua
dimensão real: ao mesmo tempo, é necessário
traduzir o peso simbólico da tradição
das unidades e contextualizar uma universidade que não
pára no tempo”, explica o professor da FAU. “A
maioria dos diplomas ainda tinha os moldes do século
19”, completa.
No caso de algum formando insistir em decorar a parede
com o antigo diploma de sua faculdade, deve ser disponibilizada
uma segunda opção. “Ainda não
está confirmado, mas foi mencionada uma via
que pode ser feita nos moldes da unidade para o aluno
que a solicitar. Porém, ela só vai servir
de recordação ou enfeite mesmo. O único
documento com valor oficial será o diploma-padrão”,
adianta a assistente acadêmica da Esalq, Márcia
Maria Silveira. A funcionária participou da
reunião que a secretária-geral da USP
Maria Fidela fez com os diretores em cada unidade para
discutir o projeto.
De acordo com a professora Fidela, a reunião
serviu para levantar opiniões e questionamentos
sobre o assunto. O bom sinal é que “todas as
unidades da USP, através de seus diretores,
se manifestaram favoravelmente”, garante.
Combate fraudes e burocracia
A professora Sandra Nitrini é vice-diretora
da FFLCH, unidade que mais expede diplomas na USP:
cerca de 1.650 por ano, somando graduação
e pós-graduação. “Assinar tudo
isso é uma tarefa insana. Leva dias”, aponta.
Apesar de o novo diploma evidenciar a integração
e o combate às falsificações,
talvez o maior dos benefícios, na prática,
seja a eliminação de processos burocráticos
que ocupam excessivamente os funcionários da
Universidade, como o exemplo mencionado na FFLCH.
O berço do projeto é a Escola Politécnica,
onde o então diretor Vahan Agopyan (hoje diretor
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT)
e um grupo de professores sugeriram alterações
no diploma da própria unidade ainda em 2005.
A idéia inicial procurava valorizar o modelo,
mas também simplificar a sua emissão. “Falamos
em centralização sem criar mais burocracia”,
relembra o professor Agopyan.
Há dois anos, um diploma da Poli passava por
cerca de 140 etapas desde o requerimento do formando
até o seu recebimento. “Na Seção
de Alunos tramitava umas sete, oito vezes. Na revisão
de histórico, ia e voltava umas três vezes.
Eram coisas desnecessárias”, conta.
Uma vez superados esses entraves, o ganho da Universidade
com liberação dos funcionários
para outras tarefas assume dimensões maiores
do que o combate às falsificações
de diploma. A USP não tem uma estimativa sobre
a quantidade de fraudes, mas afirma ser comum o telefonema
de instituições internacionais, buscando
confirmação sobre a legitimidade de um
documento. “Perto do número de diplomas expedidos
a cada ano, acredito que as farsas devem ser um número
pequeno”, avalia Agopyan.
Na visão do professor Francisco Homem de Melo,
responsável pelo design do novo modelo, os mecanismos
gráficos anti fraude não merecem excesso
de preocupação. “O diploma não é papel-moeda.
Se houver dúvida quanto à veracidade,
basta consultar a USP. Esta sim, deve ter um banco
de dados bem montado.” |
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