“Fazer exercícios físicos é fundamental para o diabético.
Caminho pelo menos três vezes por semana no Cepeusp, faço tudo que
posso a pé e procuro usar escadas ao invés de elevador.” Lúcio
Benedito da Silva
“Quem possui uma história familiar de diabetes e é obeso tem mais
chances de desenvolver o diabetes.” Débora Lúcia Seguro Danilovic,
endocrinologista do HU
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O diabetes é uma
faca de dois gumes: se tratado desde o início,
o diabético pode levar uma vida normal, mas
se demorar para identificar o problema ou não
seguir o tratamento de forma adequada, as complicações
são muitas. Dados da Sociedade Brasileira de
Diabetes mostram ser a principal causa de amputações
de membros inferiores e de cegueira adquirida. “O diabetes
tipo 2 é o mais comum e sua freqüência
está aumentando, prevalece entre adultos e está relacionado à obesidade”,
afirma a endocrinologista do Hospital Universitário
Débora Lúcia Seguro Danilovic.
O tipo 2 se caracteriza pela resistência do
organismo à ação da insulina.
Esse é o caso de Lúcio Benedito da Silva,
que trabalha no Museu de Arte Contemporânea. “É preciso
conviver com o diabetes de forma positiva”, acredita
Lúcio, que começou a sentir os sintomas
há 12 anos. “Hoje, tenho uma porção
de cuidados, tomo insulina de manhã, à tarde
e à noite e faço exercícios físicos,
o que é fundamental. Caminho pelo menos três
vezes por semana no Cepeusp, faço tudo que posso
a pé e procuro usar escadas ao em vez de elevador.”
O diabetes tipo 1 é o segundo mais freqüente,
seu pico de incidência acontece entre 10 e 14
anos de idade. “São produzidas substâncias
que destroem as células do pâncreas responsáveis
pela produção de insulina”, conta Débora.
Os sintomas do tipo 1 são mais marcantes que
os do tipo 2, entre eles estão emagrecimento,
excesso de urina, muita sede e muita fome. Como o tipo
2 é geralmente assintomático, é comum
a pessoa descobrir em um exame de rotina ou quando
já está desenvolvendo complicações,
por exemplo, durante exame oftalmológico em
que o médico percebe alterações
na retina.
O professor Francisco Capuano Scarlato, do Departamento
de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, descobriu que tinha diabetes durante um exame
de rotina. “No começo, cuidava muito mal. Tomava
os remédios, mas não fazia uma dieta
regular”, conta. “Depois de duas safenas, passei a
controlar bem a dieta e a fazer exames a cada 6 meses
no Instituto do Coração (Incor).” Francisco
faz meia hora de caminhada na esteira e meia hora de
alongamento todos os dias. Além disso, participa
duas vezes por semana de um programa de reabilitação
cardiovascular desenvolvido pelo Incor na
Escola de Educação Física e Esporte.
A prevenção do diabetes é feita
através de exames periódicos. “O teste
de glicemia deve ser realizado a partir dos 45 anos
e, se normal, repetido a cada 3 anos. A freqüência
maior ou o início precoce do exame deve acontecer
se fatores de risco estiverem presentes, como obesidade
e hipertensão ”, adverte Débora. Quem
não descobre o diabetes pode sofrer de suas
complicações crônicas. A mais freqüente
são alterações visuais, lesões
na retina ou no cristalino que podem levar ao embaçamento
da visão até o extremo da cegueira. |
“Exercício físico é a alma da saúde do diabético.” Prof.
Francisco Capuano Scarlato |
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Cada vez há mais
medicações e recursos para que o diabético
leve uma vida normal. “A insulina inalável chegará ao
Brasil no próximo ano. Não vai substituir
a insulina injetável, mas é um recurso
a mais para facilitar o dia-a-dia”, conta a endocrinologista.
Para o diabetes tipo 1 é cada vez mais real a
possibilidade de transplante de pâncreas, que já ocorre
no Brasil, mas não é tão bem-sucedido
quanto o transplante de rim, ainda tem de ser desenvolvido. “Quanto
ao diabetes tipo 2, se for relacionado à obesidade,
provavelmente perdendo peso há chances de melhora,
talvez até deixe de ser diabético.”
Pés diabéticos
O paciente com diabetes há muito tempo e mal
controlado começa a desenvolver a neuropatia
diabética, destruição da enervação
dos membros, principalmente dos pés, nos quais
há perda de sensibilidade.
Qualquer ferimento banal para a maioria das pessoas,
como uma pedrinha no sapato, pode virar uma complicação.
A ferida se inicia pequena, o diabético não
sente e mantém o estímulo de trauma. “Uma
ferida em um pé que não sente direito
e por vezes tem problema de vascularização
vai piorar cada vez mais, pode necrosar, morrer tecido
e levar, em último caso, a uma amputação.”
Cuidados
Em primeiro lugar, é preciso detectar e tratar
corretamente o diabetes desde o início. O médico é responsável
por perceber a sensibilidade dos membros, faz parte
do exame físico do diabético avaliá-la.
A partir do momento que se perdeu a sensibilidade,
são necessários cuidados maiores: secar
bem os pés depois do banho, observar se tem
alguma ferida, evitar sapatos muito apertados, usar
sempre meias com sapatos, evitar sandálias e
chinelos e manter sempre hidratados os pés mais
ressecados para não aparecerem rachaduras. Se
houver trauma, este deve ser tratado com curativos
e o uso de sapatos adequados. “Eu acho que a diabetes
não é uma doença, é um
estado do indivíduo com o qual ele tem de aprender
a conviver”, pondera a endocrinologista do HU.
Unidade Fitness USP do Instituto do Coração
(Incor)
A Escola de Educação Física e
Esporte participa do Programa de Condicionamento Físico
Aplicado à Prevenção Cardiológica
Primária e Secundária do Incor. A coordenação é do
vice-diretor da EEFE, professor Carlos Eduardo Negrão,
que também é diretor da Unidade de Reabilitação
Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do
Incor.
Qualquer pessoa pode participar mediante matrícula
no valor de R$ 70 e consulta com um cardiologista do
instituto, que pode ser através de convênio
ou particular por R$ 145. Depois disso, há avaliação
por um psicólogo e um professor de educação
física, além de um encontro com um nutricionista.
As turmas são de no máximo 40 alunos
e as aulas com duração de uma hora acontecem
duas ou três vezes por semana, pelo valor de
R$ 129 e R$ 146 mensais, respectivamente. Os horários
são de segunda a sexta, às 7h, 8h, 9h,
17h, 18h, 19h e 20h. |