texto: Daniel Fassa
fotos: divulgação

Crédito: Acervo CPC / USP

 


Crédito: Acervo CPC / USP
Fachada restaurada da Casa de Dona Yayá. O estilo neoclássico em evidência.

 

 

 

 

 

 

 

 

Crédito: Acervo CPC / USP
Paredes decoradas do interior da Casa de Dona Yayá, já restaurada. No canto superior esquerdo, pode-se ver tijolos remanescentes da primeira construção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Casa de Dona Yayá

“Na ainda bucólica São Paulo do final do século 19, os esporádicos transeuntes que avistassem o simples chalé de tijolos construído numa chácara localizada à rua Valinhos (atual Major Diogo, 353), não poderiam imaginar que aquela construção se tornaria uma mansão de valor histórico inestimável.

Entre 1888 e 1920, quando passaria a pertencer a Dona Yayá, a casa teve quatro proprietários e sofreu inúmeras modificações. Vendido por José Maria Talon (o primeiro dono) a Augusto Afonso Milliet, o pequeno edifício de três cômodos foi bastante ampliado e adquiriu novas características, com materiais mais nobres e decorações parietais (pinturas e papeis de parede). Já nas mãos de João Guerra, novamente o imóvel passou por reformas, que conferiram à sua fachada um estilo neoclássico e valorizaram o interior com pinturas murais em estilo art nouveau.

O encontro de Yayá com aquela casa ocorreu numa atmosfera um tanto quanto trágica. Órfã de pai e mãe desde os 18 anos, Sebastiana Melo Freire (carinhosamente chamada Yayá) viveu no palacete da família, no centro de São Paulo, acompanhada de sua madrinha e tutora Nhá Caetano Grant, até 1919. A partir de então, em função de desequilíbrios emocionais, teve que ser internada num hospital psiquiátrico. Em busca de um lugar tranqüilo, afastado do burburinho da cidade e que atendesse às necessidades de Yayá, seus tutores alugaram, em 1920, a casa da rua Major Diogo, à época pertencente à família Junqueira. Cinco anos depois, com a rica herança da família Melo Freire, a casa foi adquirida.

A mudança de Dona Yayá para o imóvel marcou o início de sua longa reclusão. Lá, ela viveria cuidada por amigos, familiares e empregadas até sua morte, em 1961. A instalação da enferma exigiu adaptações no espaço: as janelas foram modificadas para que permitissem a passagem apenas de ar e luz, os ambientes tornaram-se mais neutros e limpos a fim de não provocar estímulos à paciente, a sala de banho foi colocada ao lado dos aposentos e o assoalho foi substituído por um piso de corticite.

Em 1950, novas reformas foram feitas na casa. O terraço contíguo aos seus aposentos foi fechado e transformado num jardim de inverno. Além disso, um solário reentrante ao jardim foi construído. Após a morte de dona Yayá, seu patrimônio foi transferido à Universidade de São Paulo como herança vacante. Desde então, a casa foi submetida a cuidadosas restaurações e, em 1998, foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Em 2003, foi definido um programa de uso e conservação para a Casa de Dona Yayá, que passou a abrigar a sede do Centro de Preservação Cultural da USP (CPC) e a receber uma série de atividades culturais, tais como cursos, exposições, oficinas, entre outras. No entanto, independentemente da realização desses eventos, vale a pena conhecer a antiga morada de dona Yayá. Como afirma a diretora do CPC, Maria Lúcia Bresson Pinheiro, “a construção em si já vale a visita”.

Casa de Dona Yayá
Endereço:
rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo
Horários: de domingo a sexta, das 10h as 16h
Fone: (11) 3106-3562
 


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