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Maria José Bento Lopes é funcionária
da USP desde 1989, quando assumiu o cargo de
auxiliar administrativa no Hospital de Reabilitação
de Anomalias Craniofaciais (Centrinho) da USP
de Bauru. Desde então, para o desempenho
de suas funções, tem no computador
o seu principal companheiro. E adversário.
A digitação excessiva, por horas
a fio, provocou em Maria José uma doença
hoje bastante comum na vida de muitos trabalhadores:
LER-Dort.
As Lesões por Esforços Repetitivos
(LER) ou Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (Dort) são
alterações e sintomas de diversos
níveis de intensidade nas estruturas
osteomusculares (tendões, articulações,
nervos, músculos), decorrentes do
uso excessivo ou inadequado do sistema osteomuscular
no trabalho. Uma vez atingido pela moléstia,
o trabalhador pode levar um longo tempo para
se reabilitar. |
“As
LER-Dort são
causadas por trabalhos que impõem
sobrecarga dinâmica, caracterizada
pela realização
de movimentos de repetição,
ou estática, quando o trabalhador é obrigado
a ficar muito tempo na mesma posição.” Maria
Maeno. |
Maria Maeno, pesquisadora da Fundação Jorge Duprat de Medicina e Segurança do Trabalho (FUNDACENTRO), órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego.
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Foi o que aconteceu
com Maria José: da constatação
das primeiras dores até sua reabilitação
parcial – já que no seu caso a LER
se tornaria uma doença crônica – transcorreram
cerca de seis anos. Tudo começou com
algumas dores no ombro, à época
não levadas muito a sério. “No
início, a gente não dá muita
importância.” Segundo pesquisa do Instituto
Datafolha, em 2001, somente na cidade de
São Paulo, 310 mil trabalhadores tinham
diagnóstico de LER-Dort. Desses, apenas
47% procuraram um médico.
Ainda sem desconfiar de que aquele incômodo
poderia estar relacionado ao seu trabalho,
mas preocupada com as dores, Maria José procurou
um médico. Sem fazer muitos exames,
ele não diagnosticou LER. Foram três
anos atacando o problema de maneira ineficiente. “O
médico me dava remédios, mas
não adiantava nada.” Nem poderia.
A médica e pesquisadora de doenças
relacionadas ao trabalho Maria Maeno explica
por quê: “ O tratamento de LER abrange
não somente medicamentos, mas fisioterapia,
rearranjo muscular, acupuntura e, em alguns
casos, um tratamento psicológico”.
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