texto: Circe Bonatelli
fotos: Francisco Emolo


© Francisco Emolo

 

© Francisco Emolo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© Francisco Emolo
Professora Maria de Lourdes Bianchi.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© Francisco Emolo
Palestrante Barreto Lima.

 

 

Atenção, funcionários, chefes de departamentos, coordenadores de comissões e diretores. Essa é diretamente para vocês: o Gespública (Programa de Gestão Estratégica e Desburocratização na Administração) é um plano nacional ( Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) implantado em diversos órgãos públicos e empresas estatais com o objetivo de modernizar e otimizar seus procedimentos. Desde 23 de fevereiro, a USP oficializou sua participação no programa. A partir de agora, quer mobilizar os recursos humanos da universidade através de palestras e ações concretas para aprimorar o modelo de gestão, eliminando a gordura da burocracia. E já começou.

Em novembro de 2006 e em março deste ano, foram realizadas duas palestras com o tema “Gestão Orientada para Resultados: a Proposta do Gespública”. O gerente executivo do programa, Paulo Daniel Barreto Lima, falou aos participantes sobre os princípios da iniciativa que já foi desenvolvida em mais de cem instituições federais, estaduais e municipais. Em primeiro lugar, a política é essencialmente pública. Isso quer dizer que ela carrega a premissa de que a gestão de órgãos e entidades públicas pode e deve ser excelente, comparada inclusive a padrões internacionais, mas não pode nem deve deixar de ser pública. Em segundo, visa aos resultados. Desse modo, quer disseminar a cultura do serviço público buscando resultados (atendimento total ou parcial das demandas da sociedade), não apenas o cumprimento das tarefas burocráticas (fazer por fazer). Por último, é uma política federativa. Portanto, não foca apenas em objetos específicos (ensino, pesquisa, fiscalização, serviços de saúde, outros), mas procura abranger todas as esferas e poderes da administração pública.

O palestrante Barreto Lima frisou, no entanto, que a implementação do programa será colocada de forma voluntária, sem nenhum decreto. “Isso vai depender única e exclusivamente da vontade dos indivíduos. Essa palestra é para traçar a linha de conhecimento e sensibilizar as pessoas. Depois é que vamos institucionalizar”, destacou.

Depois da teoria, a prática

Segundo a professora Maria de Lourdes Bianchi, presidente da Comissão Central do Gespública USP, a proposta foi bem vista pelas unidades, que se manifestaram favoráveis ao programa e com indicações de que vão aderir.

“A gente precisa de boa vontade e disposição. Até agora, há unidades que já demonstraram a mentalidade de desburocratização”, disse Maria de Lourdes.

Para o professor Chester Luiz Galvão Cesar, diretor da Faculdade de Saúde Pública (FSP), unidade que já deu início à participação no programa, a iniciativa significa " uma oportunidade de rever as nossas rotinas e procedimentos, melhorando a administração interna da Escola e podendo cumprir melhor a nossa missão".

Em março, três faculdades foram as pioneiras na primeira etapa do programa. FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), FSP e Escola Politécnica passaram pelas oficinas de auto-avaliação – entre dois e três dias, cada uma descreve os procedimentos e métodos para realizar as tarefas diárias, e os problemas e entraves burocráticos que as atrapalham. Assim, pode-se abrir o caminho para as propostas e soluções.

Esse trabalho voluntário é feito entre a equipe do Gespública e uma comissão formada por cerca de cinco ou sete funcionários da unidade participante. Os funcionários que integram a comissão devem ter como característica o acesso à diretoria e o costume de circular com freqüência pelos vários departamentos da unidade.

“As oficinas vão analisar como a unidade vem se comportando, mostrar as relações entre a liderança, estratégias, comunicação, e outros aspectos mais”, explica a professora Maria de Lourdes.

A Reitoria, que deve ser um dos próximos órgãos a realizar a auto-avaliação, incluiu alguns integrantes para observar as oficinas. “Essas faculdades foram escolhidas a princípio, porque têm um funcionamento mais padronizado nos quesitos atividade-meio e atividade-fim. Vão funcionar como um projeto piloto. A Reitoria é mais complexa: envolve as Pró-Reitorias, a Codage, os dados são mais específicos”, afirma a presidente do Gespública.

Tomate evita acidentes de avião

Para tratar de um assunto sério e que influencia os espaços de poder em qualquer instituição, o palestrante e gerente executivo Paulo Daniel Barreto Lima apelou para o humor presente nas dezenas de situações contraditórias, sem propósitos e excessivamente burocráticas do serviço público e de outros serviços, de maneira geral.

Ele citou “as salas que somem e reaparecem nos departamentos de um ano para o outro, sem mudar absolutamente nada”, falou da “maratona de assinaturas que separa por meses um documento do seu destino” e arrancou gargalhadas ao mencionar os “relatórios gordos, cheios de estatísticas descabidas e encadernadas em papel espesso com letras douradas”.

“Outro dia, encontrei um amigo que morre de medo de avião. Para ficar mais seguro durante o vôo, ele coloca um tomate no bolso do paletó antes de embarcar. Nada mais lógico. Ele apenas valoriza as estatísticas. Até agora, nenhuma estatística mostrou alguém que morreu em acidente aéreo com um tomate no bolso.”

SERVIÇO

As oficinas de autoavalição estão previstas até novembro. Mais informações sobre como participar através do telefone (11) 3091-3462 ou pelo e-mail quali@edu.usp.br com Olga Miranda, secretária executiva da Comissão Central do Gespública.

Site oficial do programa: www.gespublica.gov.br

 

 
 
 
 
 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@edu.usp.br