“O tratamento precisa ser instituído o mais precocemente possível,
para evitar que a bactéria se espalhe pela população. Se
o indivíduo evolui e pára de tomar o remédio antes do prazo,
ele ganha uma bactéria mais resistente e continua transmitindo para as
outras pessoas.” Rafael Stelmach
A atividade física mantém uma boa mecânica
respiratória, uma boa mobilidade torácica, conserva
as áreas pulmonares todas ventiladas. Se você é um
sedentário, o que você usa de sua área pulmonar?
O suficiente para ficar vivo. O cara que rema, corre, usa todas.
O que acontece com área pulmonar não ventilada? É foco
de infecção.” Luzimar Teixeira
Além dos elementos que causam reações alérgicas,
o estresse também é responsável pelas crises
de asma de Maria Cristina.
“Eu brinco que literalmente quase morri de rir. Em função da asma,
sempre tive fôlego curto.” José Fernando Diniz Chubaci
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Tosse, nariz escorrendo,
peito cheio, falta de ar. Esses sintomas costumam
ser considerados, pela maioria das pessoas, como
um início de gripe e nada mais. No entanto,
em muitos casos, eles podem ser indícios de
doenças respiratórias que, embora mais
graves, são perfeitamente tratáveis. É o
caso de pneumonia, bronquite e asma, entre outras.
Em contrapartida, se ignoradas, essas enfermidades
podem até levar à morte.
Todos os anos, com a chegada do inverno, o ar fica
mais frio e seco, o que dificulta a dispersão
de poluentes. Não por acaso, nessas ocasiões,
aumenta o número de atendimentos de pacientes
com problemas respiratórios em hospitais e prontos-socorros.
Embora não haja provas de que a poluição
atmosférica causa doenças pulmonares
específicas, sabe-se que os portadores dessas
moléstias sofrem pioras quando ficam em ambientes
poluídos.
Segundo Rafael Stelmach, professor colaborador da
Faculdade de Medicina da USP, médico assistente
do Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas e presidente da Sociedade Paulista
de Pneumologia e Tisiologia, grande parte das internações
e dos óbitos decorrentes das doenças
respiratórias ocorre por falta de informação. “A
maioria da população não sabe
que tem e não quer saber. Existe um estigma
da doença pulmonar, as pessoas não querem
ter tuberculose, não querem ter asma, e isso
dificulta o tratamento.”
Dentre as doenças respiratórias, uma
das que podem ser mais letais é a pneumonia,
principalmente em idosos e crianças. De acordo
com dados do Sistema Único de Saúde,
somente em 2006, o Estado de São Paulo registrou
126.799 internações e 8.688 óbitos
por essa doença. A pneumonia é uma infecção
aguda pulmonar provocada por bactéria e, mais
raramente, por vírus. Ela é altamente
contagiosa, dada a facilidade com que as pessoas podem
inalar uma bactéria causadora. “Um resfriado
muito forte, prolongado, com febre muito alta, tosse
com catarro amarelado ou sanguinolento, dor no peito
e, nos quadros mais intensos, falta de ar, pode ser
uma pneumonia”, adverte Stelmach.
Considerada por muitos como uma moléstia exclusiva
do século 19 e início do 20, a tuberculose é outra
doença respiratória que ainda acomete
muitas pessoas. Felizmente, ela também tem tratamento
e não mata tanto quanto antigamente. O indivíduo
atingido pelo bacilo causador da doença apresenta
febre, tosse seca, emagrecimento e, em estágios
avançados, falta de ar e catarro com sangue.
Ainda mais comuns são as doenças respiratórias
inflamatórias, como rinite, bronquite e asma.
Rinite é a inflamação da mucosa
nasal e pode ser alérgica, viral ou bacteriana.
Seus principais sintomas são surtos de espirros,
obstrução e coceira nasal, espirros,
coriza (nariz escorrendo) e perda do olfato. Já a
bronquite pode ser aguda ou crônica. A primeira
caracteriza-se pela inflamação dos brônquios
(canais que conduzem o ar para dentro dos pulmões)
e geralmente é causada por vírus, embora,
em alguns casos, possa ser por bactéria. Devido à infecção,
os brônquios ficam inchados e produzem muco (catarro)
espesso, o que torna a respiração difícil.
A bronquite crônica, por sua vez, ocorre pelo
efeito nocivo do fumo nos pulmões por vários
anos, o que determina a inflamação da
mucosa dos brônquios. Ela pode preceder ou acompanhar
o enfisema, que é a destruição
de tecidos dos alvéolos. Essas duas doenças
são hoje classificadas com um conceito mais
amplo, que as engloba, denominado Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC). Rafael Stelmach alerta
que “quem fuma há mais de 20 anos, um maço
de cigarro por dia, e tem predisposição
a ter a doença, sofre uma destruição
pulmonar irreversível”, e acrescenta que “o
tratamento está vinculado ao diagnóstico
precoce e à luta antitabágica”.
A asma é uma doença inflamatória
crônica das vias aéreas, provocada por
reações alérgicas a vários
estímulos e tem forte influência genética.
Em 2006, foi causa de quase 30 mil internações
no Estado de São Paulo, segundo dados do SUS.
A doença manifesta-se ciclicamente através
de falta de ar, chiado no peito e tosse, geralmente
seca. As crises podem ser desencadeadas por contato
com poeira, mofo e pêlos animais, mudanças
climáticas, ar seco, fumaça de cigarro
e, até mesmo, emoções fortes.
Segundo Luzimar Teixeira, professor da Escola de Educação
Física e Esporte da USP e especialista em educação
física adaptada para asmáticos, “a poluição
mais preocupante hoje é a poluição
caseira: queima do gás, poeira com ácaros,
baratas, inseticidas, produtos de limpeza com cheiros
fortes, amaciante de roupa, corantes, conservantes
presentes nos alimentos, tudo isso pode provocar reação
alérgica”.
Coordenador do Grupo de Asma – trabalho de auxílio
aos asmáticos desenvolvido na USP – Teixeira
ressalta a importância do esporte na melhoria
da qualidade de vida das pessoas que sofrem com os
problemas respiratórios: “A gente tem que partir
do princípio que o indivíduo bem condicionado
fisicamente enfrenta melhor os diferentes agravos da
saúde. No caso da asma, que é uma doença
obstrutiva, é necessário que o paciente
tenha uma boa condição cardiorrespiratória.
Ele precisa ter reservas ventilatórias, boa
mecânica respiratória”. No entanto, a
prática de esportes por asmáticos deve
ter acompanhamento profissional, uma vez que é imprescindível
tomar medicação preventiva para evitar
os chamados bronquioespasmos, que provocam falta de
ar.
Maria Cristina dos Santos Faustino, funcionária
do Museu de Anatomia da USP, convive com a asma há mais
de 40 anos. Durante todo esse tempo, teve que fazer
vários tratamentos médicos e até acupuntura,
pois, além das reações alérgicas,
seu estresse também é responsável
por crises asmáticas. Há cerca de 4 anos,
quando começou a participar do Grupo de Asma,
passou a sentir os benefícios da atividade física
na amenização da doença: “Como
sempre fui sedentária, só de subir escadas
eu sentia falta de ar. Com as atividades houve uma
diminuição do número de crises”.
O professor José Fernando Diniz Chubaci, do
Departamento de Física Nuclear, conta que a
asma também o acompanhou a vida toda: “Eu brinco
que literalmente quase morri de rir. Em função
da asma, sempre tive fôlego curto”. Para ele,
a participação no Grupo de Asma tem sido
muito importante. “O grupo resolveu meu problema. Fazemos
caminhada, alongamento, recreação, piscina,
tudo com acompanhamento personalizado. É quase
personal trainer.”
Serviço:
Pulmonar – Pela
sua saúde respiratória
O site foi desenvolvido pela Sociedade Paulista
de Pneumologia e Tisiologia. Entre os serviços
oferecidos, estão um rico Glossário
Respiratório, e uma sessão Pergunte
ao Doutor, na qual o internauta pode tirar suas
dúvidas.
Instituto Punin de Informação
e Referência em Asma (Inspira)
Fundada por Peter Yang Kuo Hsien, empresário
que perdeu a filha de 23 anos numa crise de asma, a
instituição presta assistência
gratuita aos asmáticos, indicando locais de
tratamento e distribuindo material informativo. Quem
precisar de ajuda pode entrar em contato pelo telefone
(11) 3263-0053 ou pelo e-mail inspira@inspira.com.br.
O Instituto Punin fica na Avenida Paulista, 1.159,
conjunto 1507, São Paulo.
Grupo de Asma
O serviço é prestado no Centro
de Práticas Esportivas da USP (Cepê) e
na Escola de Educação Física e
Esporte (EEFE). Mais informações podem
ser obtidas pelos telefones (11) 3091-3514 (Cepê)
ou 3091-2140 (EEFE).
Serviço de Alergia e Imunologia do
Hospital das Clínicas
Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255,
São Paulo
Tel.: (11) 3069-6098 |