texto: Daniel Fassa
fotos: Cecília Bastos e Francisco Emolo

 

 

 

 

 

 

© Francisco Emolo
“O tratamento precisa ser instituído o mais precocemente possível, para evitar que a bactéria se espalhe pela população. Se o indivíduo evolui e pára de tomar o remédio antes do prazo, ele ganha uma bactéria mais resistente e continua transmitindo para as outras pessoas.” Rafael Stelmach

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© Cecília Bastos
A atividade física mantém uma boa mecânica respiratória, uma boa mobilidade torácica, conserva as áreas pulmonares todas ventiladas. Se você é um sedentário, o que você usa de sua área pulmonar? O suficiente para ficar vivo. O cara que rema, corre, usa todas. O que acontece com área pulmonar não ventilada? É foco de infecção.” Luzimar Teixeira

 

 

 

 

 

 

© Cecília Bastos
Além dos elementos que causam reações alérgicas, o estresse também é responsável pelas crises de asma de Maria Cristina.

 

 

 

© Francisco Emolo
“Eu brinco que literalmente quase morri de rir. Em função da asma, sempre tive fôlego curto.” José Fernando Diniz Chubaci


Tosse, nariz escorrendo, peito cheio, falta de ar. Esses sintomas costumam ser considerados, pela maioria das pessoas, como um início de gripe e nada mais. No entanto, em muitos casos, eles podem ser indícios de doenças respiratórias que, embora mais graves, são perfeitamente tratáveis. É o caso de pneumonia, bronquite e asma, entre outras. Em contrapartida, se ignoradas, essas enfermidades podem até levar à morte.

Todos os anos, com a chegada do inverno, o ar fica mais frio e seco, o que dificulta a dispersão de poluentes. Não por acaso, nessas ocasiões, aumenta o número de atendimentos de pacientes com problemas respiratórios em hospitais e prontos-socorros. Embora não haja provas de que a poluição atmosférica causa doenças pulmonares específicas, sabe-se que os portadores dessas moléstias sofrem pioras quando ficam em ambientes poluídos.

Segundo Rafael Stelmach, professor colaborador da Faculdade de Medicina da USP, médico assistente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas e presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, grande parte das internações e dos óbitos decorrentes das doenças respiratórias ocorre por falta de informação. “A maioria da população não sabe que tem e não quer saber. Existe um estigma da doença pulmonar, as pessoas não querem ter tuberculose, não querem ter asma, e isso dificulta o tratamento.”

Dentre as doenças respiratórias, uma das que podem ser mais letais é a pneumonia, principalmente em idosos e crianças. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, somente em 2006, o Estado de São Paulo registrou 126.799 internações e 8.688 óbitos por essa doença. A pneumonia é uma infecção aguda pulmonar provocada por bactéria e, mais raramente, por vírus. Ela é altamente contagiosa, dada a facilidade com que as pessoas podem inalar uma bactéria causadora. “Um resfriado muito forte, prolongado, com febre muito alta, tosse com catarro amarelado ou sanguinolento, dor no peito e, nos quadros mais intensos, falta de ar, pode ser uma pneumonia”, adverte Stelmach.

Considerada por muitos como uma moléstia exclusiva do século 19 e início do 20, a tuberculose é outra doença respiratória que ainda acomete muitas pessoas. Felizmente, ela também tem tratamento e não mata tanto quanto antigamente. O indivíduo atingido pelo bacilo causador da doença apresenta febre, tosse seca, emagrecimento e, em estágios avançados, falta de ar e catarro com sangue.

Ainda mais comuns são as doenças respiratórias inflamatórias, como rinite, bronquite e asma. Rinite é a inflamação da mucosa nasal e pode ser alérgica, viral ou bacteriana. Seus principais sintomas são surtos de espirros, obstrução e coceira nasal, espirros, coriza (nariz escorrendo) e perda do olfato. Já a bronquite pode ser aguda ou crônica. A primeira caracteriza-se pela inflamação dos brônquios (canais que conduzem o ar para dentro dos pulmões) e geralmente é causada por vírus, embora, em alguns casos, possa ser por bactéria. Devido à infecção, os brônquios ficam inchados e produzem muco (catarro) espesso, o que torna a respiração difícil.

A bronquite crônica, por sua vez, ocorre pelo efeito nocivo do fumo nos pulmões por vários anos, o que determina a inflamação da mucosa dos brônquios. Ela pode preceder ou acompanhar o enfisema, que é a destruição de tecidos dos alvéolos. Essas duas doenças são hoje classificadas com um conceito mais amplo, que as engloba, denominado Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Rafael Stelmach alerta que “quem fuma há mais de 20 anos, um maço de cigarro por dia, e tem predisposição a ter a doença, sofre uma destruição pulmonar irreversível”, e acrescenta que “o tratamento está vinculado ao diagnóstico precoce e à luta antitabágica”.

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, provocada por reações alérgicas a vários estímulos e tem forte influência genética. Em 2006, foi causa de quase 30 mil internações no Estado de São Paulo, segundo dados do SUS. A doença manifesta-se ciclicamente através de falta de ar, chiado no peito e tosse, geralmente seca. As crises podem ser desencadeadas por contato com poeira, mofo e pêlos animais, mudanças climáticas, ar seco, fumaça de cigarro e, até mesmo, emoções fortes.

Segundo Luzimar Teixeira, professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP e especialista em educação física adaptada para asmáticos, “a poluição mais preocupante hoje é a poluição caseira: queima do gás, poeira com ácaros, baratas, inseticidas, produtos de limpeza com cheiros fortes, amaciante de roupa, corantes, conservantes presentes nos alimentos, tudo isso pode provocar reação alérgica”.

Coordenador do Grupo de Asma – trabalho de auxílio aos asmáticos desenvolvido na USP – Teixeira ressalta a importância do esporte na melhoria da qualidade de vida das pessoas que sofrem com os problemas respiratórios: “A gente tem que partir do princípio que o indivíduo bem condicionado fisicamente enfrenta melhor os diferentes agravos da saúde. No caso da asma, que é uma doença obstrutiva, é necessário que o paciente tenha uma boa condição cardiorrespiratória. Ele precisa ter reservas ventilatórias, boa mecânica respiratória”. No entanto, a prática de esportes por asmáticos deve ter acompanhamento profissional, uma vez que é imprescindível tomar medicação preventiva para evitar os chamados bronquioespasmos, que provocam falta de ar.

Maria Cristina dos Santos Faustino, funcionária do Museu de Anatomia da USP, convive com a asma há mais de 40 anos. Durante todo esse tempo, teve que fazer vários tratamentos médicos e até acupuntura, pois, além das reações alérgicas, seu estresse também é responsável por crises asmáticas. Há cerca de 4 anos, quando começou a participar do Grupo de Asma, passou a sentir os benefícios da atividade física na amenização da doença: “Como sempre fui sedentária, só de subir escadas eu sentia falta de ar. Com as atividades houve uma diminuição do número de crises”.

O professor José Fernando Diniz Chubaci, do Departamento de Física Nuclear, conta que a asma também o acompanhou a vida toda: “Eu brinco que literalmente quase morri de rir. Em função da asma, sempre tive fôlego curto”. Para ele, a participação no Grupo de Asma tem sido muito importante. “O grupo resolveu meu problema. Fazemos caminhada, alongamento, recreação, piscina, tudo com acompanhamento personalizado. É quase personal trainer.”

Serviço:

Pulmonar – Pela sua saúde respiratória
O site foi desenvolvido pela Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. Entre os serviços oferecidos, estão um rico Glossário Respiratório, e uma sessão Pergunte ao Doutor, na qual o internauta pode tirar suas dúvidas.

Instituto Punin de Informação e Referência em Asma (Inspira)
Fundada por Peter Yang Kuo Hsien, empresário que perdeu a filha de 23 anos numa crise de asma, a instituição presta assistência gratuita aos asmáticos, indicando locais de tratamento e distribuindo material informativo. Quem precisar de ajuda pode entrar em contato pelo telefone (11) 3263-0053 ou pelo e-mail inspira@inspira.com.br. O Instituto Punin fica na Avenida Paulista, 1.159, conjunto 1507, São Paulo.

Grupo de Asma
O serviço é prestado no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepê) e na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE). Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (11) 3091-3514 (Cepê) ou 3091-2140 (EEFE).

Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas
Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, São Paulo
Tel.: (11) 3069-6098

 

 
 
 
 
 
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