texto: Circe Bonatelli
fotos: Francisco Emolo


© Francisco Emolo

 

 

Enquanto os computadores pessoais vão ter que aguardar até meados de 2020 para alcançar o desempenho e velocidade do PowerPC 970, máquina recém-chegada na USP, os grupos de pesquisa da Universidade já definiram como vão utilizar o equipamento de ponta. Foi realizado na Escola Politécnica (Poli) o primeiro Workshop de Computação de Alto Desempenho. O evento reuniu profissionais de empresas tecnológicas – IBM e GSI – e professores cujas pesquisas exigem recursos da informática mais avançados. No final do encontro, os participantes assistiram à inauguração do computador no CCE (Centro de Computação Eletrônica), onde ele está instalado.

O Power PC 970 é capaz de executar três trilhões de dados por segundo, ou seja, é mil vezes mais rápido que um computador pessoal comum. Isso faz dele o 363º mais veloz do mundo. Financiado pela Fapesp, foi entregue à USP para atender às necessidades de pesquisa.

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(Da esq.) Luiz Nunes de Oliveira, coordenador do grupo de pesquisas que recebeu o PowerPC 970, Tereza Cristina Carvalho, diretora do CCE e do LCCA, reitora Suely Vilela e Gil da Costa Marques, diretor da CTI.

 

 

 

 

 

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Uso do supercomputador já está organizado, mas “o bolo de carne é menor que a fome dos pesquisadores”, diz Oliveira. Ele ressalta também o efeito positivo de se compartilhar o equipamento segundo regulamentação do laboratório: “O LCCA ganha força dentro da USP, ele estava muito apagado. E faz difundir conhecimento para uso de máquinas avançadas”.

 

A reitora Suely Vilela esteve presente na cerimônia e fez um discurso de incentivo: “Não tenho dúvidas de que o supercomputador, aliado a outros equipamentos de ponta da Universidade, poderá auxiliar o avanço da pesquisa”.

Antes dela, o professor Gil da Costa Marques, diretor da CTI (Coordenadoria de Tecnologia da Informação), enfatizou o papel dos pesquisadores no processo que levou ao financiamento do computador pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). “Nenhuma fundação de pesquisa minimamente séria dá equipamentos para uma faculdade. A Fapesp só fez isso porque sabe o que os grupos de pesquisa da USP vão fazer com ele”, ressaltou. “O grande mérito [pelo ganho do computador] é dos pesquisadores.”

Para não aglomerar a sala do supercomputador, houve uma inauguração simbólica/virtual. Em um telão instalado no hall de entrada do CCE, foi projetada a imagem de uma cortina que se abriu, revelando uma placa com a inscrição Blade Center JS Custer PPC 970 (registro da máquina). Em seguida, teve a exibição de um vídeo institucional associando o computador às aplicações dentro da USP.

Quem pode usar?

Escola Politécnica (EP), Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), Instituto de Física (IF), Instituto de Química (IQ), Instituto de Matemática e Estatística (IME) são algumas das primeiras unidades beneficiadas.

O ex-pró-reitor de Pesquisa e professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Luiz Nunes de Oliveira, coordenou 66 grupos de pesquisadores que se reuniram para justificar o investimento da Fapesp, em 2004. A esses grupos ficou reservado 90% do tempo de uso do computador durante os dois primeiros anos.

Para quê serve o computador?

Durante o workshop na Poli, cinco pesquisadores com prioridade para uso mostraram as necessidades de suas pesquisas. Estavam presentes João Batista (Poli), Marco Gubitoso (IME), Marília Caldas (IF), Ricardo de Camargo (IAG) e Sérgio Verjovski (IQ).

“O Brasil tem uma série de pesquisas que não avançam ou não são aplicadas em projetos por falta de equipamentos capazes de rodar os dados,” apontou o professor Batista. Ele mencionou exemplos de mestrados e doutorados da Poli, como estudos sobre os sistemas de vigilância e controle de tráfego aéreo, que agora devem deslanchar em suas análises probabilísticas e em outras séries longas de cálculos.

Com o novo equipamento, cálculos e avaliações complexas que duravam seis meses poderão ser feitos em um dia.

   

Para o professor Ricardo de Camargo (IAG), o supercomputador vai auxiliar a manipulação de arquivos pesados e o suporte de softwares para visualização 3D das modelagens atmosféricas e circulações oceânicas. “A idéia é ajudar as previsões para melhorar nosso produto de pesquisa,” explicou.

A professora Marília (IF) expôs os requerimentos da investigação nanotecnológica, mas antes brincou: “Eu já estive dos dois lados: como usuária de computação avançada e como diretora do LCCA (Laboratório de Computação Científica Avançada), que fornece as soluções em informática avançada. Agora, novamente como usuária, quero ser a persona chata. Pretendo pedir todo o necessário para as pesquisas”.

 

 
 
 
 
 
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