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Uma das maiores filas de espera no Brasil passa despercebida. Ela não dá voltas
em prédios, nem interdita vários quarteirões, mas seria capaz de ocupar a
extensão de 23 avenidas Paulistas. Segundo o Ministério da Saúde, o País tem 64
mil pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos que será decisivo
para a vida de cada um. Ao mesmo tempo, o número de doadores, que vinha
aumentando nos últimos anos, parou de crescer desde 2005. Muitas famílias ainda
rejeitam a doação por dilemas éticos e falta de informação, mas não se pode
dizer que sejam egoístas.
De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), no último
ano foram transplantados 4.668 órgãos. Em 2005, o número foi 4.746 e, em 2004,
4.955. Esses resultados interrompem um crescimento iniciado em 1997, com a
criação do SNT (Sistema Nacional de Transplantes), braço do Ministério da Saúde
responsável pela regularização dos processos de captação e distribuição de
órgãos, além de nortear políticas públicas.
Apesar de já preparada a capacitação para identificar potenciais doadores e
realizar o transplante, um grande obstáculo a ser vencido é a recusa das
famílias. Elas são as responsáveis legais pelo aval da doação, independente da
vontade do falecido (leia “Falecido não decide nada”). No entanto, a quantidade
de recusas é gigantesca: em Sergipe, a família proibiu a retirada dos órgãos em
51,4% dos casos, no Piauí, em 45,1% , e em São Paulo, em 26%.
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