Sequênciamento genético do mosquito transmissor da dengue e febre amarela já não é mistério
No final de maio foi anunciado o seqüenciamento do genoma do mosquito
Aedesaegypti, transmissor da dengue e da febre amarela, por um grupo de
cientistasfranceses e brasileiros. Entre eles está a participação de cinco
pesquisadoresbrasileiros coordenados por Sérgio Verjovski-Almeida, professor do
Instituto de Química.
O grupo foi responsável pelo seqüenciamento dos genes ativos do
mosquito em sua fase larval. Depois do mapeamento, feito pelos franceses, os
brasileiros se dedicaram a decifrar onde estavam os genes. Difícil tarefa em razão das
características particulares da espécie, que tem 15 mil genes.
“O genoma do Aedes aegypti é cinco vezes maior do que o de qualquer
outro
mosquito, graças a uma quantidade grande de transposons, os genes
saltadores,
que equivalem a 48% do genoma. As regiões intergênicas dessa espécie
também
estão expandidas. Montar o quebra-cabeça foi bastante trabalhoso”,
explica
Verjovski-Almeida
O seqüenciamento poderá resultar em novas alternativas de combate ao
mosquito.
Entender melhor os mecanismos biológicos do mosquito significa poder
descobrir
elementos para criar inseticidas mais específicos. Utilizar um
inseticida de
largo espectro causa um desequilíbrio na fauna de insetos e no meio
ambiente.
Segundo Verjovski-Almeida, o mosquito tem uma grande quantidade de
genes
codificantes de receptores olfativos.” Possivelmente, isso indica que
ele
precisa se orientar nos nichos onde vive por meio da atração de olfato.
Podemos
pensar, por exemplo, na criação de um inseticida que interfira nessa
capacidade
de orientação pelo olfato, atingindo apenas o Aedes”, diz.
Segundo o professor, a decodificação do genoma deverá abrir caminho
para o
desenvolvimento de novas alternativas de controle da disseminação da
febre
amarela e da dengue Os resultados foram publicados na edição on-line da
Science. |