“O tratamento precisa ser instituído o mais precocemente possível,
para evitar que a bactéria se espalhe pela população. Se
o indivíduo evolui e pára de tomar o remédio antes do prazo,
ele ganha uma bactéria mais resistente e continua transmitindo para as
outras pessoas.” Rafael Stelmach
Adriano Braga (acima) vai sempre para Peruíbe, e Carlos
Nascimento (abaixo) viaja duas vezes por ano. “Em feriados, a volta é triste”,
diz Nascimento.
Os pontos de gargalo são aqueles com grande concentração
de veículos, como encontro de rodovias, chegada à cidade
ou estreitamento da pista por acidentes e reparos.
|
|
Chega de stop
and go! Uma pesquisa da Escola Politécnica
(Poli) pretende diluir o congestionamento nas estradas.
Foi desenvolvido um software que controla a velocidade
e o fluxo de veículos, evitando a concentração
nos pontos de afunilamento. O objetivo é evitar
ao máximo a lentidão e as indesejáveis
paradas durante uma viagem.
O responsável pelo projeto é o engenheiro
eletricista José Roberto Godoy, doutorando sob
orientação do professor Plínio
Castrucci, aposentado da Poli. Godoy trabalhou com
um programa chamado Arena, que já era aplicado
em vários países para simulações
de linhas de montagem e outros processos produtivos.
A tarefa do pesquisador foi adaptá-lo a simulações
de tráfego.
À medida que aumenta a concentração
nos pontos de gargalo das estradas, o fluxo de veículos
diminui porque eles não têm vazão.
A proposta do doutorando é fazer o cálculo
imediato do trânsito nessas situações
e estabelecer uma velocidade menor para os outros carros
que estão a alguns quilômetros antes do
gargalo, evitando que eles fiquem presos na turma dos
parados.
“Para fazer a medição do fluxo na estrada,
nós podemos usar sensores de piso nos potenciais
pontos de problema e a 20 ou 30 quilômetros de
distância deles”, explica Godoy. “Com um algoritmo
matemático já estabelecido, os sensores
vão encontrar a velocidade otimizada para os
veículos que estão se aproximando. E,
através de painéis eletrônicos
ao longo da estrada, será sugerida a redução
da velocidade.”
Devagar e sempre
O tempo de parada deve ser cortado em aproximadamente
30%, mas a duração da viagem aumenta
com uma velocidade menor dos carros. No entanto, Godoy
aposta no bem-estar do resultado final.
“Diminuir a velocidade é menos estressante
para o motorista do que o stop and go, ter
que parar toda hora. E também é menos
desgastante para os freios e câmbio do carro,
além de economizar gasolina.”
O funcionário do Instituto de Química
Adriano dos Santos Braga viaja com freqüência
e diz ter aprovado a idéia. “Não me importo
em levar mais tempo, o importante é chegar bem.” Quando
Braga quer fugir dos congestionamentos na volta do
litoral, ele usa o recurso comum de quem saiu da cidade
em feriados: viajar em horários alternativos
ou retornar antes.
Esse é o mesmo apelo de Carlos José do
Nascimento, funcionário da Escola de Educação
Física e Esporte. “A volta, quando estamos chegando
a São Paulo, é sempre triste”, diz. “Quando
se viaja, ninguém quer parar. Com certeza eu
prefiro andar a até 50 ou 60 km/h a ter que
parar na estrada. Mas também acho isso relativo,
depende da pressa de cada um”, acrescenta.
Na prática
Por enquanto os resultados do software Arena aplicados
a auto-estradas são visíveis apenas em
simulações. O pesquisador só tem
notícia de casos semelhantes em Londres, Inglaterra.
No Brasil, a iniciativa é inédita e vai
entrar em negociação com as concessionárias
de rodovias paulistas nos próximos meses.
“O software está pronto e pode ser aplicado
após alguns estudos mais profundos na rodovia
interessada. Estamos na fase de divulgação
do programa”, afirma.
Segundo os estudos feitos na Escola Politécnica, é certo
que o Arena vai ser usado mais em estradas. Para as
ruas da cidade, é mais adequado o chamado semáforo
inteligente, que controla o verde em função
do fluxo em espaços menores. |