texto: Circe Bonatelli
fotos: Cecília Bastos e Francisco Emolo

 

 

 

 

 

 

© Francisco Emolo
“O tratamento precisa ser instituído o mais precocemente possível, para evitar que a bactéria se espalhe pela população. Se o indivíduo evolui e pára de tomar o remédio antes do prazo, ele ganha uma bactéria mais resistente e continua transmitindo para as outras pessoas.” Rafael Stelmach

 

 

 

© Cecília Bastos
Adriano Braga (acima) vai sempre para Peruíbe, e Carlos Nascimento (abaixo) viaja duas vezes por ano. “Em feriados, a volta é triste”, diz Nascimento.

© Cecília Bastos

 

Google Earth
Os pontos de gargalo são aqueles com grande concentração de veículos, como encontro de rodovias, chegada à cidade ou estreitamento da pista por acidentes e reparos.


Chega de stop and go! Uma pesquisa da Escola Politécnica (Poli) pretende diluir o congestionamento nas estradas. Foi desenvolvido um software que controla a velocidade e o fluxo de veículos, evitando a concentração nos pontos de afunilamento. O objetivo é evitar ao máximo a lentidão e as indesejáveis paradas durante uma viagem.

O responsável pelo projeto é o engenheiro eletricista José Roberto Godoy, doutorando sob orientação do professor Plínio Castrucci, aposentado da Poli. Godoy trabalhou com um programa chamado Arena, que já era aplicado em vários países para simulações de linhas de montagem e outros processos produtivos. A tarefa do pesquisador foi adaptá-lo a simulações de tráfego.

À medida que aumenta a concentração nos pontos de gargalo das estradas, o fluxo de veículos diminui porque eles não têm vazão. A proposta do doutorando é fazer o cálculo imediato do trânsito nessas situações e estabelecer uma velocidade menor para os outros carros que estão a alguns quilômetros antes do gargalo, evitando que eles fiquem presos na turma dos parados.

“Para fazer a medição do fluxo na estrada, nós podemos usar sensores de piso nos potenciais pontos de problema e a 20 ou 30 quilômetros de distância deles”, explica Godoy. “Com um algoritmo matemático já estabelecido, os sensores vão encontrar a velocidade otimizada para os veículos que estão se aproximando. E, através de painéis eletrônicos ao longo da estrada, será sugerida a redução da velocidade.”

Devagar e sempre

O tempo de parada deve ser cortado em aproximadamente 30%, mas a duração da viagem aumenta com uma velocidade menor dos carros. No entanto, Godoy aposta no bem-estar do resultado final.

“Diminuir a velocidade é menos estressante para o motorista do que o stop and go, ter que parar toda hora. E também é menos desgastante para os freios e câmbio do carro, além de economizar gasolina.”

O funcionário do Instituto de Química Adriano dos Santos Braga viaja com freqüência e diz ter aprovado a idéia. “Não me importo em levar mais tempo, o importante é chegar bem.” Quando Braga quer fugir dos congestionamentos na volta do litoral, ele usa o recurso comum de quem saiu da cidade em feriados: viajar em horários alternativos ou retornar antes.

Esse é o mesmo apelo de Carlos José do Nascimento, funcionário da Escola de Educação Física e Esporte. “A volta, quando estamos chegando a São Paulo, é sempre triste”, diz. “Quando se viaja, ninguém quer parar. Com certeza eu prefiro andar a até 50 ou 60 km/h a ter que parar na estrada. Mas também acho isso relativo, depende da pressa de cada um”, acrescenta.

Na prática

Por enquanto os resultados do software Arena aplicados a auto-estradas são visíveis apenas em simulações. O pesquisador só tem notícia de casos semelhantes em Londres, Inglaterra. No Brasil, a iniciativa é inédita e vai entrar em negociação com as concessionárias de rodovias paulistas nos próximos meses.

“O software está pronto e pode ser aplicado após alguns estudos mais profundos na rodovia interessada. Estamos na fase de divulgação do programa”, afirma.

Segundo os estudos feitos na Escola Politécnica, é certo que o Arena vai ser usado mais em estradas. Para as ruas da cidade, é mais adequado o chamado semáforo inteligente, que controla o verde em função do fluxo em espaços menores.

 

 
 
 
 
 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
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