por Circe Bonatelli
Fotos: Jorge Maruta e Francisco Emolo

© Jorge Maruta

Veja também:
Galeria de fotos

 

 

 

 

 

©: Jorge Maruta

 


Cepeusp conta como se organizou após jogos de 1963 e 75

O que a Cidade Universitária e o Rio de Janeiro têm em comum? Já que a Torre do Relógio e a estátua do Cristo Redentor não têm ligação, vamos olhar para os Jogos Pan-Americanos: com o fim do evento, os cariocas vão ter pela frente o desafio da manutenção dos complexos esportivos construídos, mesma tarefa que a USP enfrentou há mais de 30 anos.

Em 1963, São Paulo foi a sede da disputa. Os atletas ficaram alojados em uma moderna Vila Olímpica erguida dentro da Universidade. Depois dos jogos, a vila virou Crusp (Conjunto Residencial da USP), abrigo dos alunos uspianos com dificuldades socioeconômicas.

Para 1975, São Paulo seria novamente a sede do Pan, mas um surto de meningite em 1974 se espalhou pela capital paulista e obrigou a transferência da competição para a Cidade do México.

Porém, àquela altura, grande parte do complexo olímpico (velódromo, estádio, ginásio, raia e conjunto aquático) já havia sido instalada na área dos jogos, a USP. O que fazer com aquela macroestrutura?

Muitos anos depois, o esporte de alto desempenho sumiu das redondezas. No lugar de atletas, o Cepeusp priorizou membros da comunidade local (alunos, funcionários, docentes) e externa (moradores da região) que buscam a atividade física como educação, saúde e lazer.

Nos sábados e domingos de verão, o número de uspianos chega a extrapolar 4 mil pessoas diárias. O conjunto aquático é um dos espaços mais disputados em dias quentes, enquanto o ginásio coberto recebe, semanalmente, aulas de artes marciais, ginástica olímpica e modalidades coletivas de quadra.

“A composição de um espaço onde a comunidade universitária pudesse praticar esportes já estava prevista desde a década de 60, quando foi feito o projeto de uma praça esportiva para a USP”, conta o professor Pascoal Luiz Tambucci, assistente de comunicação do Cepeusp. “Mas nunca houve a preocupação em priorizar a formação de atletas. Sempre se pensou no público interno”, arremata.

Veja também:
Galeria de fotos

 

 

©: Francisco Emolo
Na raia olímpica convivem uspianos e atletas profissionais de clubes como Pinheiros e Espéria. Através da parceria, os custos com manutenção são divididos. Velódromo aguarda mesma prática.

 


Alguém conhece um ciclista de pista?

O velódromo é o estádio onde acontecem as provas de ciclismo. Ele tem forma oval, com curvas e retas inclinadas que favorecem os competidores a atingirem 50 km/h em suas bicicletas envenenadas.

No Cepeusp, porém, o ritmo é outro. O velódromo uspiano é utilizado para shows e eventos esporádicos, como a anual Volta da USP. E as salas do prédio abrigam departamentos administrativos e aulas de ioga.

“Alguém conhece um ciclista de pista?”, questiona Carlos de Albuquerque Bezerra, diretor do Cepeusp, ao explicar por que o espaço foi adaptado para fins diferentes da modalidade. “Nós estamos abertos a parcerias com entidades reguladoras do ciclismo interessadas em utilizar a pista e ajudar a mantê-la. Mas só com nosso orçamento não dá.”

Segundo Bezerra, a manutenção anual de todo o Centro Esportivo consumiria mais de R$ 400 mil. “No último ano, recebemos R$ 180 mil. Por isso estudamos o custo-benefício. Não vale a pena revitalizar o velódromo ou o estádio porque eles não costumam ser usados. O legado do Pan é excepcional, e a nossa proposta é manter o Cepê alinhado às atividades de ensino, pesquisa e extensão.”

 

 
 
 
 
 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@edu.usp.br