O preço da poluição

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© Cecília Bastos
“São Paulo é uma cidade heterogênea. O peso do setor total de transporte na poluição do ar de São Paulo varia muito de região pra região. Em setores onde a poluição industrial é importante, como Osasco, Diadema e São Caetano, a poluição industrial ainda é realmente importante. Agora, no setor central da cidade, evidentemente as emissões veiculares predominam”. Paulo Artaxo.


Diante da gravidade da poluição gerada pelos veículos, no início dos anos 80, a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) implantou em São Paulo o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), definindo limites para a emissão de veículos leves e pesados. A medida estimulou a introdução de novas tecnologias como o catalisador, a injeção eletrônica e a melhoria da qualidade dos combustíveis, o que conduziu a uma redução significativa dos níveis de poluição. Hoje, no entanto, o problema persiste e os limites da Cetesb já estão abaixo dos padrões internacionais sugeridos pela Organização Mundial da Saúde.

Em junho deste ano, o prefeito Gilberto Kassab anunciou a implantação do Programa de Inspeção Veicular de São Paulo. A partir de 2008, a frota do Município passará por vistoria técnica para verificar os níveis dos poluentes e gases lançados na atmosfera. A inspeção será vinculada ao licenciamento do veículo. Após a verificação técnica, será emitido um certificado de aprovação ou relatório de reprovação, conforme o caso. Proprietários cujos veículos forem reprovados terão até 30 dias para fazer a manutenção necessária e voltar para novo teste.

“É importante que você tenha uma legislação e que ela seja cumprida e fiscalizada através do programa de inspeção e manutenção de veículos, que é absolutamente essencial de ser implementado numa cidade como São Paulo”, afirma o professor Artaxo. Também em 2008, ficará estabelecido que o óleo diesel poderá ter um teor máximo de enxofre de 50 ppm (partículas por milhão). A partir de julho de 2010, este índice deverá ser, obrigatoriamente, ainda menor: 15 ppm.

Paulo Saldiva explica que a poluição multiplica por 0,1 o risco de as pessoas terem câncer. “Nós fumamos, sem querer, dois ou três cigarros por dia. São bebês, gestantes, idosos. Você não pode escolher. Você sabe que o Tietê é poluído e pode evitar de beber sua água. Você pode tratar aquela água. Mas não existe uma estação de tratamento de ar”, exemplifica.

Em meio a prédios e máquinas, há milhões de seres humanos indo e vindo, trabalhando e se divertindo, vivendo. Conheça a experiência de alguns paulistanos na matéria “Andando na selva de pedra”.

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