Igreja Bom Jesus de Matosinhos (1942-44), onde se encontram os 12
Profetas, um dos conjuntos escultóricos barrocos mais importantes
do mundo.
O professor da FAU Carlos Lemos escreveu um artigo sobre a Igreja de
São Francisco de Assis: “A igreja tem todos os estilemas do
barroco, com soluções próprias do Aleijadinho.
A ornamentação com relevo em pedra sabão é uma
característica só dele. Trata-se de uma versão
circunstancial”.
Atribuída a Aleijadinho, a obra Cristo da Ressurreição causa
discussões em torno de sua autoria até hoje.
Nossa Senhora das Dores, legítima
obra de Aleijadinho.
Espírito Santo, de Aleijadinho.
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Uma outra obra que coloca Aleijadinho em posição de destaque
no cenário mundial também está representada na exposição,
mais especificamente no primeiro andar. Trata-se da Igreja de São
Francisco de Assis, localizada em Ouro Preto , que conta com uma maquete
inédita da construção original. Aleijadinho foi
o responsável pelo projeto arquitetônico e pela decoração
da igreja, considerada um dos exemplos mais notáveis do barroco
internacional.
Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto
Segundo Carlos Lemos, professor da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP e autor de um artigo
sobre a igreja, na obra, Aleijadinho encontrou soluções
personalistas, caminhando para o estilo rococó. “A
igreja tem todos os estilemas do barroco, com soluções
próprias do Aleijadinho. A ornamentação
com relevo em pedra-sabão é uma característica
só dele. Trata-se de uma versão circunstancial”,
explica Lemos. Completam o primeiro andar fotos de
Marc Ferrez, um ensaio fotográfico de Vila
Rica e cidades do entorno realizado nos anos 50 por
Marcel Gautherot, além de projeções
de imagens das mais de 60 esculturas em cedro que
compõem Os 7 Passos da Paixão de
Cristo, localizadas no Santuário de Bom
Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.
O período Barroco e o trabalho de Aleijadinho
em especial caracterizam-se pela ausência de
documentos comprovando a autoria das obras. Por isso,
não raro surgem polêmicas em torno de
sua atribuição a esse ou àquele
artista. Na sala Antônio Francisco Lisboa,
no segundo andar do CCBB, estão expostas obras
do mestre mineiro, entre as quais algumas cuja autoria é questionada. É o
caso da escultura Cristo da Ressurreição. “Algumas
atribuições são unanimidade.
Em outras, há controvérsias. Essa é uma
peça controversa. Tem elementos que são
do Aleijadinho e outros que não são.
Várias pessoas importantes nos anos 50 atribuíram
a ele. Hoje, a maior especialista, Miriam Ribeiro,
não atribui, definitivamente. Eu acho que é dele.
Acho que essa é uma discussão interessante”,
afirma Fábio Magalhães. Para além
das polêmicas, entre entalhes, imagens de santos
e relicários, encontram-se na sala obras-primas
como a Nossa Senhora das Dores e o Espírito
Santo.
A fim de fazer uma contextualização
completa, antecessores, contemporâneos e sucessores
de Aleijadinho também têm seu espaço
na exposição. Assim, no terceiro andar,
podem ser vistas obras de Francisco Xavier de Brito,
mestre de uma geração anterior e influenciador
de Aleijadinho; Francisco Vieira Servas, concorrente
do artista; e Mestre Piranga, que sucedeu o mestre
do barroco mineiro. “A Maria Madalena, do
Xavier de Brito, é de um dramatismo extraordinário.
O planejamento, o lenço na mão, a torção
do corpo são uma maravilha”, ressalta o curador.
Maurício Monteiro elaborou a trilha sonora
que pode ser ouvida em alguns ambientes da exposição: “Procurei
fazer uma relação das composições
brasileiras da época com os antecedentes,
as influências européias, desde o canto
gregoriano até a música napolitana”.
Alguns ambientes contam com trilha sonora especialmente
selecionada pelo musicólogo Maurício
Monteiro, membro pesquisador e debatedor na École
des Hautes Études en Sciences Sociales de
Paris. “Procurei fazer uma relação
das composições brasileiras da época
com os antecedentes, as influências européias,
desde o canto gregoriano até a música
napolitana”, ilustra Monteiro, que define a música
brasileira do período como pré-clássica.
Fixadas nas paredes azuis da exposição,
que distanciam e remetem ao céu – lembrando
a espiritualidade marcante da sociedade mineira – encontram-se
poesias do Romanceiro da Inconfidência,
de Cecília Meireles, que ajudam a contar a
história dessa sociedade de ouro, literalmente.
Serviço:
“Aleijadinho e seu tempo – fé,
engenho e arte”
Local: Centro Cultural
Banco do Brasil
Endereço: Rua Álvares
Penteado, 112, Centro – São Paulo
Horários: de terça
a domingo, das 10h às 21h
Fone: 3113-3651/ 3113-3652
Data: até 14 de outubro
Site: http://www.bb.com.br/cultura |