Quando a chefia é feminina, como fica o orçamento da família?

Hoje o Brasil tem 26,3% dos lares chefiados por mulheres. Ou seja, em 12,7 milhões de casas, quem recebe mais e acaba decidindo para aonde vai o dinheiro são as próprias mulheres. E no final das contas, literalmente, a questão do gênero financeiro leva a padrões de consumo diferentes, fruto dos papéis socialmente atribuídos aos indivíduos de acordo com o sexo.

O fenômeno da chefia feminina está relacionado com a crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho desde os anos 70, associado à dissolução dos casamentos, às mudanças culturais ao redor do mundo e maior expectativa de vida. Este último fato gera também uma fatia expressiva de idosas independentes: cerca de 30% das chefes têm idade igual ou superior a 60 anos e, em geral, são viúvas recebendo aposentadorias e pensões.

A principal marca da gestão feminina nos lares é o aumento na quantidade de recursos dedicados à educação, vestuário e cuidados com as crianças. Já no departamento "Gastos Individuais", as mulheres gastam muito mais com produtos relacionados aos cuidados pessoais - roupas, bolsas, calçados, cosméticos, perfumaria e salão de beleza - enquanto homens gastam significativamente mais com transportes e, especialmente, com veículos - óleo lubrificante, peças mecânicas, mão-de-obra de conserto, alarme, conserto de bicicleta, guincho, peças, documentação e seguro.

Onde eles e elas mais gastam (%):

Fonte: POF, Pesquisa de Orçamento Familiar. Brasil: distribuição da despesa mensal familiar, em porcentagem, por sexo do responsável, segundo tipos de despesas - 2002-2003.