por Talita Abrantes
Fotos por Cecília Bastos

arte sobre foto de Cecília Bastos

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Novo cesto do USP Recicla destinado à coleta de vidros, plásticos e metais


Parceria entre Universidade, Prefeitura paulista e Banco Real garante ampliação da coleta seletiva no campus da capital

Em outubro, 12 unidades do campus da capital ganharam um novo adereço: os coletores de materiais recicláveis do Programa USPRecicla. Produzidos na cor laranja, os cestos são destinados à coleta de vidros, plásticos e metais. A meta é reciclar cerca de 50% dos resíduos produzidos.

A iniciativa vem casada com a assinatura de dois convênios que visam à ampliação da coleta seletiva na Universidade. O primeiro, entre USP e Prefeitura Municipal de São Paulo, outorga ao Município a responsabilidade de recolher os materiais recicláveis produzidos na Cidade Universitária. A outra parceria, firmada com o Banco Real, determina a instalação de coletores de pilhas e baterias portáteis.

Embora as parcerias representem um importante avanço na relação da USP com o meio ambiente, o educador ambiental do Programa USPRecicla, Paulo Diaz Rocha, acredita que a ampliação da coleta seletiva no campus ainda não é o suficiente. "Antes de pensar em reciclar, precisamos reduzir o consumo e aprender a reutilizar", explica. Para ele, a Universidade tem falhado nestes quesitos. Rocha aponta que em algumas unidades os gastos com a compra de copos descartáveis chegam a R$ 2 mil por mês.


 


Para Paulo Diaz Rocha, educador ambiental do Programa USP Recicla, a ampliação da coleta seletiva não é suficiente

 


Apelidada de "mulher do lixo", a professora Rosário Hirata alerta: "É muito bonito falarmos que fizemos algum progresso, mas sinceramente ainda há muito a fazer"


Rosário Hirato, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e uma das representantes do campus da capital no Comitê Gestor do USPRecicla, composto por 13 membros, concorda com Rocha. Ela defende que a comunidade de uma universidade pública deveria usar a verba oriunda dos impostos com mais responsabilidade. No entanto, "a mentalidade de muitos de nós é não sou eu quem manda no dinheiro, estou aqui apenas para fazer o meu trabalho e pronto, acabou", critica. Graças a essa lógica, "centenas de papéis são desperdiçados e equipamentos que poderiam ser consertados são rejeitados", lamenta Rocha.

Mas não são necessárias fórmulas mirabolantes para transformar este quadro. Rocha confia em um método simples: basta estender para o local de trabalho os hábitos comuns ao cotidiano da própria residência. Para o educador ambiental, o logotipo do USPRecicla ilustra esta lógica. "Como o caracol, deveríamos aprender a levar a casa em nossas costas também." Em outras palavras, "a rua, o bairro, o local de trabalho, o planeta, tudo deve ser compreendido como minha casa", completa Rocha.

Rosário, que é conhecida como a "mulher do lixo", segue esta receita à risca. A professora confessa aproveitar todas oportunidades para falar sobre a importância de cuidar do meio ambiente. "O mundo, a gente não muda. Mas se você conseguir melhorar a si mesmo, o resto acontece", filosofa.

Convênios

Antes do acordo com a Prefeitura, as unidades eram responsáveis tanto pela coleta quanto pela destinação dos resíduos recicláveis. A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF/USP), por exemplo, há quatro anos, adquiriu dois contêineres para o armazenamento de recicláveis. Desde então, todo material recolhido era transportado por um veículo da própria unidade até Vila Leopoldina.

Agora que a coleta dos materiais é feita pelos caminhões da Loga (empresa parceira do Departamento de Limpeza Urbana da cidade de São Paulo), dez contêineres de mil litros para a separação de plástico, metal e vidro recicláveis foram instalados em vários pontos da Cidade Universitária.


 

Foto crédito: Francisco Emolo
Contêineres para a separação de plástico, metal e vidro recicláveis foram instalados em dez pontos da Cidade Universitária


A Antiga Reitoria, Cepeusp, Coseas, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Reitoria, Faculdade de Educação, Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Instituto Oceanográfico, Instituto de Química e CCE já receberam os depósitos. Outros sete contêineres móveis (cicléas), destinados para o armazenamento de reciclados em geral, estão nas proximidades das Portarias 1 e 2, Hospital Universitário, Praça Esporte Para Todos, Coseas, Praça dos Bancos e Cepeusp.

Os coletores do Programa Papa-Pilhas foram instalados no CCE, Coseas, Antiga Reitoria, Instituto Oceanográfico, HU e Escola de Aplicação. O material recolhido será encaminhado para a Suzaquim, única empresa licenciada no Brasil para a reciclagem de pilhas.

Mais de 5 milhões de pilhas foram descartadas no Brasil nos últimos cinco anos. Deste montante, apenas 1 milhão foi devidamente reciclada. O consultor socioambiental do Banco Real, Vitor Hugo Kamp Horst, aponta que os metais pesados presentes nas pilhas podem contaminar o lençol freático e por extensão os alimentos e animais. "Ao ingerir esses alimentos, os humanos sofrem problemas nos rins, pulmões e fígado", explica.

O consultor revela que o material produzido durante o processo de reciclagem das pilhas é aproveitado, principalmente, por empresas siderúrgicas e na produção de pigmento de tintas e cerâmicas.

 

 
 
 
 
 
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