por Talita Abrantes
Fotos por Cecília Bastos e Francisco Emolo

Butantã terá maior ciclovia da cidade

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Foto crédito: Francisco Emolo
“Se os motoristas têm que fazer a direção defensiva, nós, ciclista, temos que multiplicar este conceito por dez”, observa o professor Alexandre Delijaicov


Pista terá 15 km de extensão e 80 km de sinalização. A previsão de entrega é 2010

Alexandre Delijaicov, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do campus capital (FAU/USP), há uma década decretou o fim da era do automóvel em seu cotidiano. Aposentou o carro e assumiu a bicicleta como principal veículo de transporte. Apesar de admitir uma melhora em sua qualidade de vida, o professor reclama dos riscos no trânsito. "Os motoristas agem como se você não existisse", aponta. Os dados comprovam esta constatação: Só entre janeiro e julho deste ano,  mais de  390 ciclistas morreram em acidentes de trânsito nas rodovias paulistas.

No entanto, a implantação de um projeto cicloviário nos arredores da Cidade Universitária promete mais segurança aos adeptos do transporte sobre duas rodas não motorizadas. O plano prevê a construção de 15 km de pistas para ciclistas nas avenidas Eliseu de Almeida e Jorge João Saad e a instalação de ciclofaixas em 80 km de ruas no perímetro adjacente às avenidas. A idéia é conectar o sistema de transporte coletivo por meio de alternativas cicloviárias.

O projeto, contudo, não se esgota apenas na construção das ciclovias. De acordo com Laura Lucia Ceneviva, coordenadora do Grupo Executivo da Prefeitura de São Paulo para Melhoramentos Cicloviários – Pró-Ciclista, além das pistas e das chamadas ciclofaixas (faixas de rolamento com sinalização sobre os veículos),  será implantado o ciclorede, sistema de informações sobre as melhores vias para o trânsito de ciclistas.


 


Projeto prevê ciclovia nas avenidas Eliseu de Almeida e Jorge João Saad. Clique no mapa para ampliá-lo.

 

Foto crédito: Cecília Bastos
“Não há uma tradição de melhoramentos cicloviários em São Paulo”, afirma Laura Lucia Ceneviva, coordenadora do Pró-Ciclista


"Às vezes, nem é preciso construir uma ciclovia. Basta sinalizar e orientar", afirma Laura. O professor Delijaicov concorda e exalta a facilidade de implantação das ciclofaixas. "Elas podem ser instaladas do dia para a noite", calcula. Contudo, ele pondera que a implantação de projetos cicloviários só é eficaz quando unida a projetos de conscientização. "Se as pessoas simplesmente seguissem o Código de Trânsito, a situação seria muito diferente", ressalta.

Programa Pró-Ciclista

A Secretaria do Verde e Meio Ambiente estima que 250 mil bicicletas circulam diariamente na cidade de São Paulo. Segundo pesquisa do Grupo de Trabalho Bicicleta, que realizou estudos sobre as condições de implantação de medidas cicloviárias, as viagens por meio de veículos não motorizados correspondem a 0,6% do transporte da capital contra  32% em automóveis e 25 % em transporte coletivo.

Laura avalia que o poder público tem a tradição de se dedicar apenas às questões que oferecem um problema. Graças a isso, segundo ela, as viagens motorizadas se consolidaram como o centro das atenções. Tanto que, na capital, não há nenhum órgão responsável pelo trânsito de veículos não motorizados. "Em tese a pessoa vai aonde ela quer, não precisa de alguém para orientar a circulação. Mas em uma cidade como São Paulo, esta circulação não motorizada também tem que ser estudada e coordenada", argumenta.

E é nesta linha que o  Pró-Ciclista atua. Criado para viabilizar as propostas do Grupo de Trabalho Bicicleta, o programa fomenta a criação de políticas públicas que garantam segurança aos ciclistas e estimulem o uso dos veículos não motorizados como meio de transporte.

Conexão com terminais de transporte coletivo, demanda popular e aptidão topográfica são alguns dos critérios observados para a escolha de regiões onde os projetos serão instalados. “A idéia de que São Paulo tem um relevo muito colinoso e por isso apresenta dificuldades para a prática do ciclismo é falsa”, declara Laura.  A pesquisa do grupo apontou que pelo menos 30% do território é composto por áreas totalmente planas.

 

 
 
 
 
 
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