por Talita Abrantes
Fotos por Francisco Emolo e Marcos Santos

Pedala comunidade USP!

Veja também:
Ciclismo pode acelerar remoção do colesterol ruim
Estudo do Instituto do Coração aponta que metabolismo do LDL é cinco vezes mais rápido em praticantes do esporte
Butantã terá maior ciclovia da cidade
Pista terá 15 km de extensão e 80 km de sinalização. A previsão de entrega é 2010

 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
Maria Figueiredo, Juliana de Campos Silva e Inês Bonduki são três das cinco alunas da FAU que durante um semestre analisaram as condições cicloviárias do entorno da Cidade Universitária

 

 

 


Estudo da FAU traça o perfil dos usuários de bicicleta na USP e estabelece projeto piloto de melhorias cicloviárias para o entorno da Cidade Universitária

De segunda a sexta-feira, estima-se que cerca de 4 mil bicicletas ingressam na Cidade Universitária. Destas, 53,3% pertencem a estudantes, 23,3% a funcionários e 4% a docentes. É o que mostra o estudo Ciclovias Urbanas: a possibilidade da bicicleta como meio de transporte na cidade. Projeto Piloto: Cidade Universitária e entorno, orientado pelo professor Alexandre Delijaicov da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

De acordo com a pesquisa, o portão que dá acesso à favela São Remo recebe o maior fluxo de bicicletas, cerca de 21%. A portaria 1 fica em segundo lugar, com 19%. “Boa parte dos moradores da São Remo que entram na USP com bicicleta obedece ao conceito da intermodalidade de transporte”, analisa Juliana de Campos Silva, graduanda do curso de Arquitetura da FAU e uma das pesquisadoras do estudo. Em outros termos, segundo a estudante, eles cruzam o campus, estacionam a bicicleta e andam em outro transporte.

Aproximadamente 78,6% dos entrevistados não possuíam automóvel, 44% gastavam até 15 minutos no percurso, 43,7% estacionavam a bicicleta em um dos 12 bicicletários e 37,8% estacionavam em postes ou grades.

Apesar deste detalhado perfil sobre o usuário da bicicleta no campus Butantã, o foco da pesquisa era outro. “Nosso objetivo foi criar um projeto piloto que indicasse quais prioridades deveriam ser estabelecidas na construção de cidade”, afirma Inês Bonduki, outra responsável pelo estudo. Tendo em vista esse fato, os cinco estudantes envolvidos na execução do trabalho atribuíram um caráter mais conceitual ao projeto. “Os desenhos não são detalhados, não têm escalas. Contudo, indicam questões”, esclarece Inês.


 

Foto crédito: Marcos Santos
De acordo com projeto piloto, Ponte Cidade Universitária deveria ter uma estrutura anexa destinada apenas a pedestres e usuários de veículos não motorizados

Foto crédito: Jorge Maruta
O grupo propôs uma ciclovia ao longo do Rio Pirajussara, que cruza a Cidade Universitária


Para isso, o grupo criou possíveis rotas partindo da USP para diversos pontos da cidade e seguiu cada caminho de bicicleta. No percurso, detectaram os obstáculos para pedestres e usuários de veículos não motorizados. “Como um pedestre atravessa uma alça viária? Não atravessa. Fica lá esperando os caminhões que vêm em alta velocidade”, assinala Juliana, lembrando da experiência na ponte Cidade Universitária.

A solução apresentada pelos estudantes para colocar um ponto final nesses longos (e perigosos) minutos de espera é construir uma estrutura anexa à ponte, destinada apenas a ciclistas e pedestres. Além disso, propõem um novo projeto para o portão de pedestres da Fepasa. “Se comparado às outras portarias da USP, este portão é ridículo. É uma portinha que impossibilita até a passagem de bicicletas, porque tem pilaretes”, indigna-se Juliana.

Para as estudantes, o descaso urbanístico com o Rio Pirajussara, que cruza a Cidade Universitária, revela a visão predominantemente rodoviarista na arquitetura da USP e de São Paulo. Apesar de o rio ligar o campus à Avenida Corifeu de Azevedo Marques não há acesso. E, “não há acesso porque não há via”, aponta Inês. “Se não há via, não há percurso.” Como contraponto a esta lógica, o grupo propõe a construção de uma ciclovia ao longo do curso do rio.

Outra questão levantada no trabalho foi a freqüente coincidência entre a canalização dos rios paulistanos e, posterior, construção de avenidas no local. “Essa política não faz o menor sentido, porque você prioriza o trajeto plano para o carro”, analisa Inês. Nesta esteira, o projeto para a avenida Eliseu de Almeida, que está em uma  área de fundo de vale, compreende a construção de uma ciclovia. De acordo com o projeto da Prefeitura, a avenida terá uma ciclovia até 2010. Confira a matéria “Butantã terá maior ciclovia da cidade”. O estudo Ciclovias Urbanas foi finalizado em fevereiro de 2006. Os dados dos usuários de bicicleta no campus referem-se à pesquisa realizada em outubro de 2005.

 

 
 
 
 
 
A Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@edu.usp.br