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Por Rosemeire Talamone, especial de Ribeirão Preto


 

 

 

 

 

 


"Temos teatro, orquestra e a boa prática de música, temos o Grupo Pró-Música que desde os anos 60 fomenta concertos de música de câmara. Faltava uma escola de música de qualidade para viabilizar a boa formação profissional e a continuidade das atividades", Ricciardi

Ao não conseguir apoio para seu projeto da escola para crianças e adolescentes na cidade, decidiu redirecionar os esforços e ingressou como docente na Universidade, em 1999, mas já com o objetivo de trazer o curso de Música pela ECA para Ribeirão Preto. Para Ricciardi, uma escola de música de alta qualidade tiraria a criança do crime e das drogas. "É projeto de ascensão social comprovada." Preocupado com o que se faz no País hoje, em termos de inclusão social, não poupa nem mesmo o projeto do próprio governo do Estado. "Um projeto muito perigoso nessa área é o Guri. É assistencialismo que não traz qualidade de ensino, não viabiliza uma formação profissional de qualidade. Falta massa crítica nesse projeto. Ensinar música mal é pior que não ensinar. A escola depende da qualidade do professor", não cansa de repetir.

Como todo pesquisador, infiltrado nas entranhas da reflexão, tira suas próprias conclusões sobre a música hoje no mundo. Para ele, a indústria cultural, que ele chama de "universo musical mediano", pois é a música da "mídia", e também uma audição pela "metade", "um fundo musical de consumo e entretenimento fácil apenas fragmentado", e quase a totalidade dos meios de comunicação a reproduzem, não sobrando espaço suficiente para a "música enquanto arte".

"Vivemos em meio a um padrão industrializado da reprodução em série de artigos efêmeros, ou, como diria Adorno, da liberdade para o sempre igual – uma verdadeira poluição audiovisual e de terrível mau gosto gerada por esse sistema de manipulação."

E vai mais longe em sua análise. "A música popular brasileira está em extinção ou mesmo já morreu. Os universos musicais são finitos, na Europa a música popular ou folclórica, quase como um todo, já morreu no final do século 19. Lá tem-se ou uma música mediana ou então a música enquanto arte na tradição grafocêntrica, ou seja, o logos criativo que é centrado na escrita. Vou dar um exemplo: Portugal já não tem mais cantor de fado." O Brasil e seu grande celeiro de artistas entraram na análise: "Tivemos uma importante canção popular em determinado momento com o apoio da indústria cultural, principalmente na geração que vem desde Noel Rosa, Chico Alves, que inventou um novo jeito de cantar, que impregnou toda a produção do cancioneiro brasileiro até a bossa nova. Talvez o Chico Buarque seja o último dessa geração.

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