por Daniel Fassa
fotos por Cecília Bastos

Terceira idade a todo vapor

Foto crédito: Cecília Bastos

 



Profissionais contam com o auxílio artístico tanto no diagnóstico quanto no tratamento de seus pacientes  

Imagine-se deitado sobre uma harpa, sentido seu som vibrar por todo o seu corpo. Por incrível que pareça, essa possibilidade existe. Um equipamento chamado mesa-lira foi criado exatamente para isso. Segundo a cantora Doralice Otaviano, do quarteto A Quatro Vozes, essa é uma das inúmeras possibilidades quando se fala em arte como recurso psicoterapêutico.

Psicóloga especializada em musicoterapia, Doralice conta que existem tratamentos em que se colocam instrumentos musicais à disposição do paciente, de forma que ele possa se manifestar. Há, ainda, abordagens que consistem na audição de músicas que podem trazer à memória questões importantes para o tratamento. "Há pessoas que não conseguem se abrir com outras terapias. É um recurso para que o paciente tenha um resultado mais rápido", explica.

 

 

Foto crédito: arquivo pessoal
“Há pessoas que não conseguem se abrir com outras terapias. [A música] é um recurso para que o paciente tenha um resultado mais rápido”. Dora Otaviano, cantora e psicóloga especializada em musicoterapia.

 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
O psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura faz uso da arte tanto no diagnóstico quanto na terapia de seus pacientes.


O psiquiatra e psicoterapeuta Wimer Bottura, membro do grupo de professores da cadeira de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da USP, faz uso da arte tanto no diagnóstico quanto na terapia de seus pacientes. Para ele, obras artísticas produzidas pelas pessoas podem funcionar como expressão do seu inconsciente, revelando problemas que, muitas vezes, não seriam externalizados de outra forma.

Ao mesmo tempo, a contemplação de uma obra de arte pode ser um importante elemento na superação de problemas psicológicos. Por exemplo: ao se identificarem com a experiência de personagens de livros ou filmes, os pacientes podem encontrar a solução para suas próprias questões. “O cinema, o teatro, o romance, a literatura têm essa característica muito poderosa de gerar mudanças nas pessoas sem que elas precisem passar pela própria dor. Você vive com a experiência do outro”, afirma Bottura. Pensando nisso, há dez anos, ele criou o Cine-Debate na Associação Paulista de Medicina.  

O psiquiatra busca sempre chamar a atenção de seus companheiros de profissão para a medicalização excessiva e ressaltar a importância da arte na melhora da eficácia do tratamento. Ele afirma que a arte pode ser útil, inclusive, em outras especialidades médicas, pois facilita a adesão do paciente ao tratamento. “Eu acho que a arte está na questão da vinculação do paciente. É uma via de comunicação para entender melhor aquela pessoa e me fazer entender melhor por ela, aumentando a eficácia da relação médico-paciente.” Bottura atende voluntariamente na Casa do Adolescente, no Posto de Saúde do Butantã, que fica na rua Ferreira de Araújo, 789, telefone (11) 3819-2022.

 
 
 
 
 
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