por Daniel Fassa
Fotos por Francisco Emolo e Susana Cappanari

Muito mais que uma moradia estudantil

Veja também:
Galeria de fotos

Foto crédito: Francisco Emolo
Para Miguel Srougi, a reforma da Casa do Estudante foi importante para favorecer a convivência dos estudantes, valorizar sua dignidade e, com isso, formar melhores profissionais

Iniciativa de docente e apoio de empresários transformam a Casa do Estudante da Medicina

Quando, em 2006, dois alunos da Faculdade de Medicina foram conversar com o professor Miguel Srougi para pedir a doação de alguns livros para a Casa do Estudante da Medicina (CEM), eles não imaginavam que conseguiriam muito mais do que isso. O docente quis conhecer a moradia estudantil, existente há mais de 50 anos, e se surpreendeu com as más condições do edifício. Por isso, resolveu reformá-lo. Hoje a CEM conta com projeto arquitetônico e infra-estrutura da melhor qualidade. A obra custou nada menos que R$ 2 milhões.

A fim de conseguir esse dinheiro, Srougi entrou em contato com outros professores e donos de grandes empresas, que o receberam muito bem, como ele mesmo relata. “Quando a gente pede uma doação em nome da Faculdade de Medicina, ela tem um conceito tão grande, um respeito tão grande da comunidade, que as pessoas aceitam colaborar e participar.” No total, 24 beneméritos contribuíram para a reforma.


Foto crédito: Francisco Emolo
"Meu gasto com moradia, principalmente num local caro como a região do campus de Pinheiros, seria muito oneroso", afirma Filipe Bini morador e ex-diretor da Casa do Estudante

 


Antes da obra, a Casa do Estudante era dividida em dois blocos sem comunicação entre si. Eles abrigavam 44 alunos divididos em 22 quartos . Havia seis banheiros: um masculino e um feminino no fim de cada corredor, uma cozinha e uma lavanderia em situação precária, um salão de jogos que às vezes era utilizado para o estudo, uma sala de TV e uma sala de informática com cinco computadores.

Para o estudante Filipe Bini, que mora na casa há três anos e a dirigiu entre maio de 2006 e dezembro de 2007, esse benefício é fundamental. "Venho de uma família de classe média e  tenho dois irmãos mais novos que também pretendem cursar uma faculdade. Assim, o meu gasto com moradia, principalmente num local caro como a região do campus de Pinheiros, seria muito oneroso", afirma.

Quando apresentaram a casa para a arquiteta Claudia Bella Hanftwurzel Mraz, responsável pelo projeto de reforma, Bini e seus colegas pensavam em pequenas mudanças, como trocar as portas de madeira do box do banheiro, construir um telhado ligando os blocos e instalar armários na cozinha. A surpresa veio quando eles viram a planta da nova casa, que foi construída em cerca de um ano. "Da casa antiga só sobraram as paredes", explica Bini.

Reinaugurada em dezembro do ano passado, a Casa do Estudante conta agora com 26 apartamentos, abrigando 52 estudantes, 8 a mais que antigamente. Cozinha, copa, lavanderia foram completamente reformuladas e o prédio ganhou ainda uma biblioteca, uma sala de estudos, dois centros de convivência e uma área externa de lazer, com churrasqueira.


 

Crédito fotos: arquivo, Susana Cappanari
Completamente reformada, a Casa do Estudante conta agora com 26 apartamentos, abrigando 52 estudantes, 8 a mais que antigamente.

 


Os quartos foram divididos em seis alas, identificadas por cores diferentes. Cada quarto foi equipado com computador e internet. Nos corredores, foram instalados armários e mais dois computadores com internet.

Os estudantes agora poderão fazer suas refeições na copa e terão à disposição na cozinha seis geladeiras, cada uma correspondente a uma ala. Foram construídos também três banheiros sociais para as visitas. A sala de estar foi equipada com televisor e home theater. A casa ganhou ainda uma nova recepção, com sala de espera.

Para Miguel Srougi, toda essa reformulação foi importante para favorecer a convivência dos estudantes, valorizar sua dignidade e, com isso, formar melhores profissionais. “Essa casa não representa apenas um local para eles dormirem, ela representa um local onde todos os sentimentos humanos vão prevalecer, onde o indivíduo vai poder entender o que significa a condição humana e provavelmente ser impregnado por valores muito mais fortes, durante o seu curso de medicina”, explica o docente.

De acordo com Srougi, a Faculdade de Medicina possui cerca de cem alunos que vivem com dificuldade em São Paulo. Por isso, a Casa do Estudante ainda não conseguiu atender toda a demanda. No entanto, ele não vai poupar esforços para que isso ocorra o quanto antes. “Daqui a pouco tempo eu vou atrás deles [os beneméritos] de novo. Isso se eles atenderem meus telefonemas, porque eu corro o risco de eles não me atenderem”, brinca.

 

 


 
 
 
 
A Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@usp.br