por Talita Abrantes
Fotos por Cecília Bastos


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Saiba como participar do ELSA, a maior pesquisa de seguimento do país


Foto crédito: Cecília Bastos
Ao todo 15 mil funcionários públicos de todo o Brasil poderão participar da pesquisa

Funcionários da USP podem contribuir para uma das maiores pesquisas já feitas no Brasil

Se no início do século as doenças infecciosas lideravam o ranking de mortalidade entre os brasileiros, hoje, as doenças crônicas assumiram este posto. Só em 2003, cerca de 240 mil brasileiros foram vítimas de alguma doença cardiovascular, enquanto no ano passado, 6,9 milhões desenvolveram diabetes mellitus. Dieta inadequada? Maus hábitos de vida? Propensão genética? Afinal, que fatores contribuem, realmente, para o desenvolvimento de doenças crônicas na população brasileira?

Funcionários e aposentados da Universidade de São Paulo poderão ajudar os pesquisadores do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA) a responder a esta pergunta. A partir de abril, os voluntários se submeterão a uma bateria de cerca de dez exames, cujos resultados servirão de matéria-prima para a investigação das causas das doenças crônicas no Brasil.

O ELSA, maior estudo de seguimento no País, possui sete centros de pesquisa espalhados por todo o território nacional (além da USP, a Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Rio Janeiro). O Hospital Universitário da USP examinará o maior número de voluntários, 5 mil. Ao todo, 15 mil funcionários públicos participarão da pesquisa.

 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
“O objetivo é pesquisar novos fatores de risco para doenças crônicas tendo em vista a realidade da população brasileira”, Isabela Benseñor, vice-coordenadora do ELSA em São Paulo

 

A idéia, de acordo com professora associada no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP e vice-coordenadora do estudo em São Paulo, Isabela Benseñor, é acompanhar a saúde dos participantes ao longo dos anos. “Após fazer os exames, anualmente seguiremos essas pessoas para saber a incidência de mortalidade entre elas, se irão infartar, ter um acidente vascular cerebral, desenvolver diabetes”, explica. Com o tempo, será possível identificar que elementos contribuíram para o aparecimento destas doenças.

A partir daí os pesquisadores terão condições para estimar os riscos e até o período em que determinado tipo de pessoa pode desenvolver uma doença crônica. Com base nestes dados, será possível traçar políticas públicas de prevenção e aprimorar tratamentos, entre outras medidas.

No entanto, segundo a pesquisadora, os benefícios do estudo prometem ultrapassar gerações. “Com os dados destes exames poderemos responder a perguntas que surgirão daqui a 50 anos”, pressupõe.

Isabela exemplifica com os resultados da primeira pesquisa de seguimento feita na cidade de Framingham, estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, a partir de 1948. Deste estudo surgiram as primeiras teorias sobre o colesterol ser um fator de risco para doença cardiovascular. “E Framingham continua dando informações inéditas sobre as doenças cardiovasculares até hoje”, conta.

De acordo com ela, o objetivo do ELSA é pesquisar novos fatores de risco. “Os outros estudos analisaram pessoas acima de 45 anos. Nós queremos ver a doença cardíaca desde o seu início”, aponta. Para isso, a equipe está recrutando voluntários na faixa etária a partir dos 35 anos. “Iremos responder não só para o Brasil, mas para o mundo todo.”

 

 
 
 
 
 
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