Por Marcelo Basso, especial de Piracicaba

Foto crédito: divulgação

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O destino de Márcia Regina Migliorato Saad era ser uspiana, mas a vida percorre caminhos longos até entrar em sua rota definitiva. Aprovada no concurso para bibliotecária na Universidade de São Paulo, em 1974, acabou por não assumir o posto e optou por ingressar no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), um ano antes do instituto ser elevado ao posto de empresa pelo governador da época, Paulo Egydio Martins, e ser transferido para a Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Paulistana, fez todo o ginásio e o clássico no Colégio Presbiteriano Mackenzie e testemunhou de camarote a histórica batalha da rua Maria Antonia, em 1968, quando estudantes secundaristas e alunos da Faculdade de Filosofia da USP entraram em confronto com os “vizinhos” da Universidade Mackenzie. “Eu sempre morei naquela região e na época as coisas estavam quentes.” A graduação em Biblioteconomia foi concluída em 1973, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

Permaneceu no IPT por 15 anos, até se licenciar em 1989 para acompanhar o marido que estava em Piracicaba cursando pós-graduação na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). No ano seguinte ingressou na Divisão de Biblioteca e Documentação (Dibd) e em 1998 assumiu a direção da biblioteca da escola.

De lá para cá, a biblioteca foi laureada em duas oportunidades pelo Instituto Paulista de Excelência da Gestão (Ipeg), na categoria Organizações Educacionais e de Ensino, os prêmios foram conquistados nos anos de 2003 e 2007, em reconhecimento ao seu sistema de gestão.


 

 

 

 

Foto crédito: arquivo pessoal
Márcia Saad e sua turma do 3º clássico do Instituto Mackenzie de 1970


Ainda em 2007, Márcia ganhou o Prêmio Laura Russo, concedido pelo Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo. A curiosidade foi que o tema da sétima edição do prêmio era Inovação e Criatividade em Serviços Bibliotecários.

Apesar das conquistas, a diretora da Dibd credita esses resultados ao grupo de forma geral e não aponta nada isoladamente. Em 1996, a partir de um decreto do governador Mário Covas, que determinava que cada órgão público estadual deveria ter um programa de qualidade, recorda: “A Reitoria criou a Comissão para Gestão da Qualidade e Produtividade na USP, e a biblioteca daqui se engajou na implantação de um sistema de gestão.”

Márcia tem um modo de trabalho muito particular e que vem ao encontro do modelo de gestão da biblioteca, baseado em valores humanos, buscando despontar e emergir o talento das pessoas. “A partir do momento em que estabelecemos que cada indivíduo tem seu potencial, estimulamos o seu desenvolvimento.”

Atualmente, a Divisão de Biblioteca e Documentação da Esalq possui um acervo com 121 mil documentos – entre livros, teses, periódicos e outras publicações –, e Márcia dirige uma equipe composta por 48 pessoas, sendo 34 funcionários e 14 estagiários. “Gosto muito de atuar no gerenciamento da biblioteca. Para trabalhar na área de gestão é necessário ter vocação, e, é claro, formação”.

Na Esalq, a Dibd é composta por quatro bibliotecas: além da Biblioteca Central, há três outras unidades setoriais, localizadas no Departamento de Economia, Administração e Sociologia, no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição e no Departamento de Genética. “Apesar da distância, atuamos de forma integrada, através de processos em comum.”



 

 

Foto crédito: Paulo Soares
Marcia Saad (à direita) com a equipe da biblioteca


Quando precisou estimular os funcionários a aderir ao seu sistema de gestão, emprestou seu próprio entusiasmo como proposta. “Nunca me destaquei em nada de forma especial e foi exatamente aí que, diante de tal desafio, descobri a força do trabalho em grupo. Assim, buscamos sempre um estilo de gerenciamento em que o funcionário faça parte do todo, mesmo que atuando de maneira individualizada.”

Explica ainda que, com base nesse modelo, estabeleceu um sistema de autogestão onde a equipe negocia e monitora  suas metas. “Pegamos o valor individual de cada membro da equipe e transformamos num valor da instituição”, diz ao definir que é movida pelos resultados do desempenho do trabalho, e também do crescimento das pessoas.

Após dez anos à frente da Dibd, Márcia já prepara a transição do cargo. “Sou muito grata pelas oportunidades que me foram oferecidas na USP”, revela. “Embora muitos ainda acreditem que o bibliotecário seja apenas um conhecedor de livros, um gestor de acervo, o mercado busca também  um profissional mais voltado para o atendimento ao cliente, ou seja, que faça a mediação entre  as fontes e os recursos de informação e o usuário desta informação”, conclui.


 

 


 
 
 
 
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