Por Maria Clara Matos
Fotos por Cecília Bastos

Foto crédito: Cecília Bastos

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José Otávio Costa Auler, Giovanni Guido Cerri e Paulo Hoff


Os mais de 460 mil casos de câncer previstos para 2008 no Brasil serão tratados pelo Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida da população brasileira atualmente é de 72,3 anos, sendo esperado que a mulher viva até cerca de 78 anos, enquanto o homem até aproximadamente 72 anos. O considerável aumento da expectativa de vida do brasileiro revela que a população está ficando mais velha e que certamente demandará cuidados diferenciados.

Estatísticas do IBGE também mostram que as doenças que mais matam os brasileiros hoje estão relacionadas a problemas no sistema circulatório. O crescimento desse tipo de doença é, no entanto, modesto nas duas últimas décadas quando comparado ao do câncer. Enquanto a população se cuida, minimizando as doenças de origem circulatória, e vive mais, acumula, por outro lado, chances de desenvolver um ou outro tipo de câncer. As estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer) para 2008, válidas também para 2009, são de que ocorrerão mais de 460 mil casos novos de câncer no Brasil. Tendo em vista esse cenário, a Secretaria de Saúde, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) inaugurou no dia 5 de maio o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira.

 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
“A mortalidade está ligada diretamente a um tratamento adequado contra o câncer. É preciso tratar direito a doença para que os pacientes possam ser curados, ou que tenham maior tempo e de qualidade de vida”, afirma Maria Del Pilar, médica especialista em câncer

 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
O Instituto do Câncer possuirá um total de 580 leitos, 84 serão de UTI e  de terapia semi-intensiva e 30 para hospital-dia


Os números que cercam a criação e manutenção do hospital corroboram a afirmação do médico Giovanni Guido Cerri, diretor-geral do instituto e professor do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP, “esse é um projeto do tamanho do Estado”. Contando com investimentos de R$ 270 milhões em obras e equipamentos, em maio estarão disponíveis o ambulatório de oncologia clínica e ginecológica, a quimioterapia ambulatorial e 12 leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já as internações clínicas e cirúrgicas devem estar funcionando em dezembro deste ano. A previsão é de que no final de 2009, já em pleno funcionamento, o instituto realizará de 1.500 a 1.900 consultas por dia e cerca de 16 mil cirurgias por ano.

Os dados relacionados ao projeto assustam, só não assustam mais do que os que se referem à infra-estrutura direcionada ao tratamento do câncer anteriormente realizado no Hospital das Clínicas. Maria Del Pilar, supervisora do antigo Setor de Oncologia do HC, destaca que um dos grandes problemas referia-se aos insuficientes 8 leitos disponíveis à internação, considerando-se as 120 consultas por dia. Em oposição, o Instituto do Câncer possuirá um total de 580 leitos, 84 serão de UTI e  de terapia semi-intensiva e 30 para hospital-dia, além de vagas específicas de observação, recuperação pós-anestésica e cuidados paliativos.

O médico Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer, é enfático ao dizer: “Se observarmos como parâmetros os leitos disponíveis para pacientes SUS com câncer na cidade de São Paulo, nós mais do que duplicamos a oferta de leitos, chegamos próximo a triplicar”. A especialista em oncologia Maria Del Pilar ainda destaca outra questão que acredita ser de extrema importância: o fato do instituto proporcionar a maior integração da equipe médica, promovendo uma discussão multidisciplinar da doença.

Se no HC o tratamento estava segmentado em setores como a cirurgia no prédio central, a oncologia clínica e a radioterapia no instituto de radiologia, o Instituto agrupará profissionais e auxiliará no encaminhamento do tratamento. Ainda segundo Maria, aos profissionais que antes já trabalhavam no Setor de Oncologia como psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, serão somados fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais que poderão auxiliar tanto na cura dos pacientes, como no aumento da expectativa de vida e melhoria das condições de vida dos doentes.

 

 


 
 
 
 
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