Por Maria Clara Matos
Fotos por Francisco Emolo, Rosa Montone e Vivian Pellizari

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De acordo com o coordenador do Projeto Rute, Luis Messina, 57 instituições serão atendidas pelo programa

 

 

Crédito foto: Francisco Emolo
A Faculdade de Medicina investiu os recursos do projeto na criação do primeiro estúdio interativo do país. É o que conta Chao Lung Wen, chefe da disciplina de telemedicina ministrada na faculdade


São Paulo ganha quatro núcleos de telemedicina. Projeto nacional pretende democratizar acesso à saúde por meio das novas tecnologias

De acordo com os Indicadores e Dados Básicos para Saúde do Brasil (IDB), em 2006 o estado de São Paulo era a unidade da Federação com maior concentração de médicos, 92 mil ao todo. A partir de agora, parte destes profissionais poderá compartilhar seu trabalho com instituições de outros estados através da Rede Universitária de Telemedicina (Rute). O projeto, coordenado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), provê infra-estrutura de comunicação para hospitais universitários de todo o país.

Até agora, 19 instituições receberam os equipamentos. Estima-se que no fim do ano outras 38 já estarão ligadas ao grupo. Os núcleos paulistanos, inaugurados em 19 de novembro, foram instalados  no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FM), no Hospital Universitário (HU), Hospital São Paulo e Instituto Dante Pavanezze. De acordo com Luis Messina, coordenador nacional da rede, o programa tem o objetivo de estimular a "pesquisa colaborativa em saúde, educação formal e continuada à distância, além de assistência remota".

O conceito, no entanto, não é novidade para comunidade USP. Em 1997, a FM foi pioneira no Brasil em implantar uma disciplina de telemedicina. Tempos depois, em 2004, todo o complexo hospitalar da unidade foi interligado por rede semelhante. Segundo Chao Lung Wen, chefe da disciplina de telemedicina ministrada na faculdade, cerca de 420 videoconferências são feitas anualmente na unidade.

Contudo, a experiência no HC ultrapassa simples reuniões à distância e, com isso, mostra que o potencial de uso da telemedicina pode revolucionar a idéia de cuidados em saúde no Brasil. Dessa forma, os recursos enviados pela Rede Nacional de Pesquisa foram investidos na consolidação de infra-estrutura para produção de conteúdo digital. "Criamos o primeiro estúdio interativo do país com equipamento de teleconferência e estúdio de TV", conta o professor. A idéia é desenvolver programas reunindo áreas de diversos centros para fins de educação e prevenção.

 

Crédito foto: Francisco Emolo
Os quatro núcleos do Projeto Rute foram inaugurados via teleconferência no dia 19 de agosto

 

 

 

 

Crédito foto: Francisco Emolo
Para o diretor da Faculdade de Medicina, Marcos Boulos, o projeto propicia uma melhor comunicação tanto com os grandes centros internacionais quanto com os menores que necessitam de assistência

 


Nesta linha, o núcleo Rute da Faculdade de Medicina também foi pioneiro em contratar a primeira equipe de arquitetura da comunicação para educação em saúde do país. Composto por nove jornalistas, o grupo desenvolve estratégias de comunicação para o ensino de diferentes públicos-alvo.

Em 2003, o grupo liderado pelo professor Lung Wen criou o projeto Homem Virtual, que aplica a computação gráfica para estudos de saúde. "Com esta rede nacional de hospitais universitários, poderemos qualificar todas as unidades de saúde para construir projetos semelhantes", planeja. Mas, isso não é tudo. O Projeto Jovem Doutor, instituído também pela equipe de Lung Wen, baseia-se nos recursos de telemedicina para disseminar o conceito de promoção da saúde em diversas comunidades por meio do trabalho de estudantes do ensino médio e superior.

Diante de toda esta infra-estrutura e potencial, no ano passado, o  Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Telesaúde. Segundo Messina, o programa utiliza a infra-estrutura de telemedicina instalada nos hospitais universitários para fortalecer a comunicação com os profissionais dos municípios mais afastados. O projeto ainda está em fase de implementação, mas já alcança 900 cidades distribuídas em nove estados. “Isso garante um diagnóstico mais preciso”, afirma o coordenador da Rute. “Esta é uma política de amplo alcance que permite uma democratização do acesso à saúde nos rincões mais afastados do país”, analisou Luis Manoel Fernandes, presidente da Finep, durante a inauguração dos núcleos. “A partir de agora, firma-se no país um novo padrão de cidadania viabilizado pelo aporte tecnológico.”

O professor Lung Wen está animado com todo este potencial. Também não é para menos. Desde 2004, a Faculdade de Medicina, em parceria com as Universidades Federal e Estadual do Amazonas, mantém um pólo de telemedicina no Amazonas para estudos de doenças tropicais. “À medida que as redes de telesaúde se unem, o Brasil se torna mais competitivo para fornecer material acadêmico. E mesmo internacionalmente podemos trabalhar em conjunto com outras universidades”, avalia. “Esta é uma iniciativa estratégica.” O diretor da Faculdade de Medicina, Marcos Boulos, concorda com ele: “Isso nos coloca numa posição de destaque internacional diante da possibilidade de estarmos on-line com os grandes centros internacionais e com os menores também, porém carentes de assistência”.

 

 


 
 
 
 
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