por Talita Abrantes
fotos por Cecília Bastos

 

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Abuso na exposição a sons muito altos pode levar a perda de audição. Zumbido é um dos primeiros sinais de alerta


Zumbido pode ser sintoma de diversos tipos de problemas que afetam o organismo. Investigar essas causas é o primeiro passo para a cura

O silêncio absoluto é uma idéia abstrata para aproximadamente 17% da população mundial. Acometidas pelo zumbido, rotineira ou esporadicamente, essas pessoas são incomodadas por um chiado, apito ou outro ruído sem fonte sonora externa. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, o zumbido não é uma doença, mas um indicativo de que algo pode estar errado com o organismo.

A coordenadora do Grupo de Zumbido do Hospital das Clínicas, Tanit Ganz Sanches, compara o ouvido com um cristal. "Ele é bastante delicado. Se algum problema afeta o corpo, aquilo que é mais sensível dará o alerta primeiro", aponta. Com isso, o zumbido apresenta-se como sintoma de quase 200 diferentes tipos de distúrbios que podem se originar no ouvido ou não. Para curá-lo, o segredo, segundo a médica, é atacar essas possíveis fontes. "É preciso fazer uma investigação profunda e exames complementares para descobrir a causa e então atuar nela", diz.

Dos fatores originários no ouvido Tanit lista questões desde rolha de cera, infecção "até doenças mais chatas, como oteosclerose, labirintites, tumores" e lesões causadas pela exposição à poluição sonora.

Por outro lado, o abuso de alimentos ricos em cafeína, açúcar e gordura também pode desencadear o zumbido da mesma forma que problemas musculares da região da cabeça e do pescoço. Outras causas podem estar ligadas a distúrbios na coluna cervical, de tireóide, doenças do coração, da articulação tempora mandibular, além problemas neurológicos e emocionais, como estresse.


 

 

Crédito foto: Cecília Bastos

Crédito foto: Cecília Bastos
Protetores de ouvido com filtro de fala. Os custos podem variar de R$ 100 a R$ 800


A fonoaudióloga da Audicare, Katya Freire, conta que também percebe um zumbido depois de ser exposta a um nível muito alto de estresse. "No final de dias muito atribulados eu ouço aquele apito", descreve. Por conta desse fator, além de má alimentação e poluição sonora, nos últimos quatro anos o número de jovens e crianças com zumbido atendidas no ambulatório coordenado por Tanit no HC aumentou. "Até 2004 nós só atendíamos pessoas mais velhas. Eu estava até me conformando a trabalhar apenas com a terceira idade", conta. Essa diminuição da faixa etária, de acordo com a especialista, está ligada aos maus hábitos de vida dos jovens, como consumo de alimentos ricos em gordura, exposição a poluição sonora e  problemas emocionais.

A boa notícia é que em boa parte dessas causas, quando tratadas, o zumbido pode estabilizar ou até diminuir. A dica é não adiar a ida ao médico assim que o primeiro ruído aparecer. "Imagine um paciente que tem zumbido à 5 anos quando faz a primeira consulta. Com todo este tempo, você já supõe que o quadro é crônico, mais difícil de tratar", exemplifica Tanit.

"O zumbido é mais comum que cegueira, aids, diabetes", observa a médica. "E envolve um sofrimento absurdo. As pessoas não dormem direito, ficam deprimidas, não se concentram, às vezes até têm sua vida social e profissional limitadas". Cultivar hábitos saudáveis é a estratégia para que o ruído não chegue aos seus ouvidos. Confira abaixo as principais ações de prevenção:

Você é o que você come. Evite alimentos ricos em cafeína, como café, chá preto e refrigerantes, doces e gordura.

Nada como o silêncio. Fique atento para o nível de barulho que chega aos seus ouvidos. Não fique exposto a volumes além do tempo considerado seguro (confira a tabela de decibéis aqui). Outras dicas na matéria Abaixe o volume!.

Dê um tempo para você mesmo. Procure atividades que ajudem a relaxar e a equilibrar o estresse do dia-a-dia.

 
 
 
 
 
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