por Talita Abrantes
Fotos: divulgação/Sylvia Masini


Foto crédito: Sylvia Masini

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Foto crédito: Sylvia Masini
A biblioteca-circulante foi criada em 1936, quando Mário de Andrade era diretor de cultura de São Paulo


Até o final do mês, serão implantados mais três novos ônibus-biblioteca. Cerca de 28 regiões serão atendidas

Após revolucionar a arte brasileira com a criação do modernismo e a identidade nacional com a publicação de Macunaíma, o escritor Mário de Andrade decidiu levar livros até a população da periferia da cidade de São Paulo. Era 1936 e ele acabara de assumir a diretoria do recém-criado Departamento de Cultura do Município. Com o lema "em vez de esperar em casa pelo seu público, vai em busca do seu público onde ele estiver", o escritor-diretor conseguiu que a Ford construísse um modelo de caminhonete-biblioteca que periodicamente visitava lugares como Largo da Concórdia, Jardim da Luz e a Praça da República.

Setenta anos depois, a idéia, que também percorre cidades da França e Estados Unidos, segue sobre as rodas de um ônibus e continua garantindo livros para quem quer que cruze o seu percurso em São Paulo. Por enquanto, há apenas um veículo em operação. Mas, até o fim de outubro, o projeto colocará outros três novos nas ruas e atingirá 28 roteiros diferentes.

De acordo com a supervisora das bibliotecas do Município, Marta Nosé Ferreira, em média cerca de mil pessoas passam pelo inusitado espaço. A cada roteiro, são emprestados de 2 a 3 mil volumes. Por mês, os empréstimos chegam a 60 mil.  "Quanto mais periférica for a região, maior o número de empréstimos", observa. A diretora de planejamento da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas,  Mônica da Silva Peres, concorda com Marta: “Algumas de nossas bibliotecas que ficam em áreas mais distantes do centro têm uma freqüência maior como Guaianases, com 500 usuários por dia e  Vila Formosa, com 270”.


 

 

Foto crédito: Sylvia Masini
Os principais visitantes do ônibus-biblioteca têm entre 10 e 20 anos

 

 

 


Os jovens de 10 a 20 anos lideram a freqüência do ônibus-biblioteca. Contudo, a maior surpresa é o número de moradores de rua que não deixam de passar por lá para ler um livro. "O fato de eles não terem comprovante de residência, não pode ser critério de exclusão. Nós emprestamos mesmo para aqueles que não têm casa e rezamos para que ele faça um bom uso", explica.

Para a supervisora, o "grande barato" da biblioteca itinerante é exatamente essa idéia de democratização da leitura. "Às vezes o prédio com toda sua imponência inibe as pessoas. Elas não sabem se podem entrar. Agora, o ônibus é um ambiente muito familiar, descontraído", opina.

Com isso, os critérios para seleção das áreas alcançadas pela biblioteca circulante são baseados em indicadores socioculturais. "Analisamos a densidade populacional, o nível de analfabetismo, o Índice de Desenvolvimento Humano, além de existência de equipamentos culturais, como bibliotecas, cinemas, telecentros e teatros", explica Marta. "A idéia é atender regiões com pouca opção de acesso à informação".

Nas áreas em que o ônibus não pode chegar, a alternativa é implementar outros programas de baixo custo. O Ponto de Leitura, criado em 2006, é um deles. Com cerca de 2 mil volumes, o projeto, que é viabilizado em parceria com as subprefeituras, já está presente em sete regiões da Grande São Paulo. De acordo com Mônica,  cerca de 40 pessoas visitam os pontos por dia.

Saiba onde encontrar um Ponto de Leitura no site da prefeitura. Para emprestar um dos quatro mil livros do ônibus-biblioteca, faça seu cadastro na unidade móvel, portando documento de identidade e comprovante de residência. Reservas podem ser feitas pelo telefone (11) 3256- 4122, ramal 111. Doações de livros podem ser feitas na rua Catão, 611, 2º andar, Lapa, ou nas bibliotecas locais.

 

 
 
 
 
 
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