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orquestra vai adquirir instrumentos e partituras, enquanto o
MAC, segundo Grossmann poderá ser visitado em três
línguas |
Na
quarta-feira, dia 20, foi oficializado o apoio institucional do
Grupo Santander/Banespa ao Museu de Arte Contemporânea (MAC)
e à Orquestra de Câmara da Universidade de São
Paulo (Ocam). A parceria viabilizará o projeto MAC Virtual
e proporcionará a implementação da infra-estrutura
administrativa da Ocam.
Com verba de R$ 1,1 milhão, para ser utilizada ao longo de
cinco anos, o ambicioso projeto do museu virtual do MAC será
concretizado. Através de um site na Internet, nosso
acervo de 8 mil obras poderá ser apreciado por um público
muito maior, prevê o artista plástico Martin
Grossmann, coordenador do projeto.
Grossmann, que também é vice-diretor do museu, ressalta
algumas particularidades do projeto. Não queremos fazer
simplesmente um catálogo virtual, como acontece com a maioria
dos atuais museus virtuais. Ele pretende levar ao internauta
a experiência museológica. A Internet não
pode apresentar a verdadeira experiência de estar em um museu,
mas pode chegar muito perto disso, avalia. Dessa forma, as
obras estarão contextualizadas numa exposição
no espaço do museu. Para isso será criada uma realidade
virtual do MAC. Trata-se de uma maquete fidedigna do espaço
do museu, com suas oito galerias, por onde o visitante poderá
passear.
Diante de cada obra, o visitante poderá ampliá-la
e acessar informações específicas, como sua
ficha técnica título, autor, dimensões,
técnicas e materiais utilizados. Além disso, um comentário
sobre cada obra, feito por pesquisadores do museu, ou por pesquisadores
externos, quando for necessário, também estará
disponível. A princípio, cada obra terá,
pelo menos, um comentário. O ideal é que todas elas
tivessem vários comentários para que as pessoas pudessem
ver o contraste de opiniões, as várias interpretações,
o que é um exercício sempre enriquecedor. Isso é
uma meta a se atingir no futuro, adianta o coordenador.
O visitante poderá também conhecer a biografia do
artista e o contexto histórico da época. Segundo Grossmann,
as informações históricas serão divididas
em quatro grupos: contexto artístico-cultural nacional, internacional,
contexto sociopolítico nacional e internacional. Então,
além de poder encontrar a obra no expaço da exposição,
o visitante poderá obter informações que cercam
essa obra e, conseqüentemente, entender melhor sua importância
naquele momento.
O lançamento do MAC Virtual, que poderá ser visto
em português, espanhol ou em inglês, está previsto
para maio.
Visitante será curador
O
MAC Virtual possibilitará visitas no presente, no passado
e no futuro, afirma Grossmann. O navegador terá acesso
às exposições que estiverem acontecendo naquele
momento no MAC. Esse é o presente. Num outro local
do site, o internauta vai visitar a maquete num outro espaço/tempo
que podemos chamar de futuro ou hipotético. Ele vai encontrar
a galeria vazia. Acessando o banco de imagens, poderá selecionar,
entre as 8 mil obras do acervo, aquelas que ele gostaria de expor.
O visitante vai usar a maquete virtual para montar sua própria
exposição, colocando-se no papel de curador,
explica. O objetivo é oferecer ao visitante virtual o máximo
de interatividade possível.
Dessa maneira, o visitante que quiser fazer uma curadoria de auto-retratos,
por exemplo, vai ao banco de dados que selecionará todos
os auto-retratos do acervo. Ele escolhe aqueles que vai expor. O
resultado será uma mostra virtual, com os quadros, em suas
devidas proporções, distribuídos pelas galerias
do museu. Poderemos até, posteriormente, promover competições
entre as exposições mais interessantes.
Ainda dentro da experiência virtual do museu, o site conterá
informações de caráter documental. É
o espaço/tempo do passado, no qual o visitante encontrará
a história do museu e o arquivo de todas as exposições
já realizadas, completa Grossmann.
O
original digital
Por
estar dentro da Universidade, uma instituição produtora
de conhecimento, Grossmann considera que o MAC tem um compromisso
permanente com a pesquisa. O museu tem de contribuir para
o desenvolvimento da pesquisa, que é a responsável
pela renovação dos conceitos. Nesse sentido,
um grupo de pesquisadores ligados ao MAC está desenvolvendo
um estudo acerca da caracterização do original digital.
Este trabalho também faz parte do MAC Virtual. A primeira
parte do estudo consiste em definir o conceito de original digital.
Em seguida, o acervo passará a ser documentado de acordo
com o rigor técnico estabelecido na etapa anterior. As obras
serão fotografadas com equipamentos de última geração,
que conferem alta definição à imagem. Esse
trabalho contará com o suporte de um aparelho chamado espectrofotômetro,
que, basicamente, mede a cor dos quadros naquele momento. Essas
medidas são transformadas em informações que
são arquivadas. Com as características da obra original
registradas, será possível identificar alterações
ocasionadas pelo tempo. Trata-se de uma ferramenta de grande utilidade
para profissionais de restauração e de conservação
preventiva, explica Grossmann.
O responsável pela documentação fotográfica
das obras é o professor João Musa, do Departamento
de Artes Plásticas da Escola de Comunicações
e Artes (ECA). Na parte de indexação e sistemas de
informação, o MAC Virtual conta com a colaboração
da professora Johanna Wilhelmina Smit, do Departamento de Biblioteconomia
e Documentação, também da ECA.
A representação de esculturas e instalações
via Internet representa ainda um desafio para o MAC Virtual. A
documentação dessas obras também será
fotográfica e terá, pelo menos, seis imagens obtidas
em ângulos diferentes. Não será aquela tradicional
foto de escultura, presente nos livros, em que se escolhe a melhor
fachada da obra. Na medida do possível, ela será documentada
como um todo. Como o projeto será desenvolvido em cinco anos,
em breve encontraremos tecnologias capazes de superar esse problema,
acredita Grossmann.
A cerimônia de oficialização da parceria contou
com a presença do presidente do Grupo Santander Banespa,
Gabriel Jaramillo, e foi aberta por uma apresentação
do setor de cordas da Orquestra de Câmara da USP (Ocam), sob
a regência do maestro Gil Jardim.
Ocam
revitalizada
A Ocam
também firmou uma parceria com o Grupo Santander/Banespa.
Ao longo de 2002, a orquestra receberá uma verba de R$ 200
mil, que será empregada na criação de uma infra-estrutura
administrativa, na compra de instrumentos e partituras e na contratação
de solistas profissionais.
Com seis anos de existência, a Ocam é composta por
35 integrantes, entre graduandos regularmente matriculados no Departamento
de Música da ECA e alunos do curso de extensão universitária
do mesmo departamento. Todos os componentes da Ocam recebem bolsas
de incentivo das Pró-Reitorias de Cultura e Extensão
Universitária e de Graduação.
Nosso trabalho tem um potencial muito grande, mas até
agora não tínhamos um suporte que permitisse de fato
nosso crescimento, afirma o diretor artístico e regente
titular da Ocam, Gil Jardim. Com esse apoio vamos formar uma
equipe de gerenciamento e ainda concretizar os planos para 2002,
prevê o maestro.
Entre esses planos está a realização de 11
programas musicais diferentes, durante o ano, com a presença
de convidados solistas ilustres, cujos nomes Gil prefere manter
em segredo. O lançamento da programação está
previsto para março. Para os meses de outubro e novembro,
Gil pretende promover dois concursos nacionais, um de violino e
outro de piano, para premiar e incentivar talentos brasileiros.
Quero ainda produzir trilhas sonoras com a Ocam para cinema
e para teatro, numa parceria com esses departamentos da ECA,
afirma. E para encerrar 2002 em grande estilo, pretendo montar
uma ópera e um balé, que deverão ser apresentados
no Camargo Guarnieri ou no Theatro São Pedro."
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