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Em
área 4,5 vezes maior
do que a Cidade Universitária,
0 campus desenvolve pesquisas multidisciplinares, nas áreas
de criação
de gado, melhoramento de pastagens, manejo do cerrado e agricultura
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Com
infra-estrutura física reforçada, a unidade de Pirassununga
está pronta para receber novos cursos e mais alunos. Formar
pessoal técnico em especialidades como a veterinária
é a sua missão
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A
biologia molecular aplicada a estudos de genética ajuda a
desenvolver embriões sadios e criar gado para abate aos doze
meses de idade
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Por ser uma reserva de
muita vida selvagem espalhada em 2.400 hectares de pastagens, agricultura,
mata virgem, cerrado, lagos e laboratórios de pesquisa, a Faculdade
de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) em Pirassununga quer crescer
e ampliar os seus serviços na busca de novas técnicas de
criação de animais e de plantações, que levem
a maior produção de alimentos para o País, como também
atuar frente a outras áreas do conhecimento.
Para se ter uma idéia do que representa esse espaço todo,
um hectare corresponde a um quarteirão de 100m x 100m, ou seja,
o campus de São Paulo é 4,5 vezes menor que o de Pirassununga.
Este tem espaço para muita pesquisa, alunos e professores. Foi
pensando em ocupar melhor essas terras que o professor José Bento
Sterman Ferraz, diretor da FZEA, e sua equipe traçaram um plano
de expansão para o campus, que se encontra em estudos na Reitoria.
O mais importante, conta Ferraz, é que o campus vem criando ampla
infra-estrutura para pesquisa. Nos últimos 12 anos foram
investidos, principalmente pela Fapesp e outras agências de fomento,
aproximadamente US$ 10 milhões para a ampliação da
rede elétrica, rede de esgoto, informática, laboratórios,
equipamentos e vias asfaltadas. Isso tudo mostra que temos um campus extremamente
bem preparado para receber novas unidades, afirma.
Nesse plano, além da ampliação do número de
vagas para Zootecnia e Engenharia de Alimentos (diurno), foram propostos
14 outros incluindo Direito, História, Geografia, Matemática,
Educação Física, Filosofia, Biologia, etc.
Segundo Ferraz, a primeira condição para que a proposta
dê certo é que a USP cresça, não só
em São Paulo, mas principalmente no interior. Mesmo com tanto espaço,
Pirassununga possui apenas 250 alunos de graduação, sendo
170 matriculados em Zootecnia e 80 no de Engenharia de Alimentos, criado
em 2001.
Uma questão
de sobrevivência
O vice-diretor
Holmer Savastano Jr. considera a ampliação uma questão
de sobrevivência. Só vamos acompanhar os padrões
de excelência da Universidade de São Paulo se tivermos uma
dimensão não só de qualidade, mas de quantidade de
cursos e alunos compatível com os demais campi da USP. Outro fator
importante é desconcentrar a formação profissional
do campus de São Paulo e lançar um olhar para o interior
do País, que oferece muitas oportunidades e potenciais nem sempre
bem utilizados.
No caso de Pirassununga a ampliação pode ser efetivada de
imediato. Ferraz afirma que vários prédios estão
adaptados para receber os cursos. O interessante é que essa
ampliação, embora envolva um custo para a USP, não
iria honerar o orçamento, pois temos várias benfeitorias
prontas. Os cursos de Ciências Humanas, que não exigem laboratórios
com equipamentos de alto custo, podem se beneficiar muito com essa expansão.
Temos condições de alojar de imediato algo em torno de 2
mil estudantes.
Outra justificativa para a ampliação de cursos é
a existência de uma demanda regional imensa, segundo Savastano.
Num raio de 120 km em torno de Pirassununga, descontados os grandes centros
como Campinas e Ribeirão Preto, são centenas de pessoas
que viajam diariamente de ônibus para buscar faculdades particulares.
É uma demanda que existe e que o ensino público não
está contemplando. Estamos propondo que o campus de Pirassununga
possa ajudar a USP a dar essa resposta à sociedade, não
só paulista, mas também brasileira de modo geral,
acrescenta Savastano.
Multidisciplinar
por natureza
O campus
da FZEA é cortado pela rodovia Anhangüera nos quilômetros
211 e 218. Fica a 215 quilômetros da capital do Estado, 90 km de
Ribeirão Preto e 100 km de Campinas. Possui 60 mil metros quadrados
de área construída, dividida entre salas de aula, 19 laboratórios,
sala de informática, dormitórios, refeitório, salão
de convenções e uma biblioteca com 5.600 volumes e 32 mil
periódicos.
É multidisciplinar por natureza. Essa característica faz
do campus um pólo de pesquisa muito importante para o País.
O corpo docente é variado, além de zootécnicos, é
composto também por médicos veterinários, agrônomos,
engenheiros civis, farmacêuticos, químicos, físicos
e matemáticos. Isso dá uma riqueza muito grande na
transmissão de conhecimento aos nossos alunos, observa Savastano.
O vice-diretor mostra que alunos formados pela FZEA vêm atuando
em diversas áreas afins da zootecnia. Por exemplo, zootecnista
que vai ser administrador de empresas do setor agropecuário, ou
aquele que trabalha no mercado financeiro. O meio ambiente é uma
outra possibilidade, já que hoje se fala muito em reciclagem. No
entanto, é preciso ter alguém que pense o que se pode fazer
com o resíduo da suinocultura, exemplifica Savastano.
Ele conta ainda que a principal meta da faculdade é formar lideranças,
já que o mercado de trabalho na área da zootecnia está
muito saturado. Buscamos sempre abrir outras perspectivas e ocupar
os espaços oferecidos pelos elos de atuação profissional
que estão sempre aparecendo no mercado de trabalho. Esse é
um desafio que temos nos proposto, criando um caminho próprio para
a FZEA, observa.
Fonte
de financiamento
Uma preocupação
da comissão de pesquisa é formar pessoal qualificado para
a própria unidade. No final de 2001 foi implementado um estágio
de iniciação científica. Ou seja, o aluno pode iniciar-se
na pesquisa sem receber bolsa, já que esta é muito concorrida.
Apenas 5% dos estudantes de toda a USP conseguem recursos de bolsa. Pelo
menos o aluno está se qualificando melhor para uma bolsa de iniciação
científica e até mesmo de pós-graduação,
Ciente da capacidade que o campus da FZEA oferece, Ferraz ressalta que,
embora a Universidade não tenha por função produzir
alimentos, essa questão pode se tornar uma grande fonte de financiamento
das pesquisas, uma vez que o subproduto delas vira alimento. É
o caso, por exemplo, de um estudo de adubação do milho,
que é o subproduto do estudo e pode ser usado para alimentar o
homem e o animal.
Em termos de produção científica, os docentes têm
recebido amplo incentivo para levar suas pesquisas até os veículos
mais conceituados de divulgação das ciências, bem
como participar de congressos nacionais e internacionais de forma mais
ativa.
Savastano comenta que os docentes da FZEA, nos últimos cinco anos,
tiveram a oportunidade de fazer estágio e pós-doutorado
fora do País. A integração com grupos de pesquisa
do exterior fez com que os nossos estudos internos passassem a ter um
parâmetro superior, de modo que o pesquisador abalizado conseguisse
elevar o nível da pesquisa e a tornasse atrativa por meio de publicação
da melhor qualidade.
Matadouro,
laticínio e fábrica de ração
São
três instalações que têm ajudado o campus da
FZEA a agilizar e distribuir sua produção por toda a USP.
Como o campus possui mais de 2 mil animais de diferentes espécies
dividindo os 1.160 hectares reservados para as pastagens, parte da produção
desses rebanhos abastece a Coseas (Coordenadoria de Assistência
Social), órgão responsável pelos restaurantes universitários,
além do Hospital Universitário da capital, garantindo freqüência
programada e qualidade de alimentos.
Para racionalizar essa produção e apoiar as atividades de
ensino e pesquisa, o campus conta com um Matadouro-Escola e um Laticínio-Escola.
O matadouro possui instalações para abate de bovinos e suínos
em escala pequena e uma câmara fria com capacidade para estocar
50 carcaças bovinas ou 120 suínas, além de outros
equipamentos, como uma área para processamento de embutidos e defumados.
Sem contar a miniusina e uma planta de pasteurização e ensacamento
de leite, com capacidade de 1.250 litros por dia.
O leite, a carne, os embutidos e parte da produção de feijão,
soja, milho, arroz e sorgo extraída dos 400 hectares ocupados pela
agricultura são vendidos para a Coseas. Em vez de a USP vender
o leite tipo A a R$ 0,30 o litro para uma multinacional, passamos a transformá-lo
em sorvete de alta qualidade. Com isso ganham os alunos, que aproveitam
melhor os seus produtos, e ganha a Coseas que tem produtos de melhor qualidade,
observa Ferraz.
Tanto a soja quanto o milho servem principalmente como matéria-prima
para a fabricação de ração para os animais,
produzida no próprio campus. A partir de uma moderna fábrica
de ração com capacidade de produzir 300 toneladas por mês,
uma parte é enviada para biotérios de várias unidades
da USP.
Os recursos hídricos também são uma grande riqueza.
As várias nascentes que brotam do subterrâneo do campus formam
seis lagoas, que ocupam área de 44 hectares. Testada e aprovada
como pura, essa generosa oferta de água é usada, quase sem
tratamento, para o consumo humano e de animais e irrigação
de 100 hectares. Isso faz com que o campus de Pirassununga seja o único
da USP a não ter gasto com água.
Pesquisas
de ponta
Toda essa
infra-estrutura faz do campus de Pirassununga um celeiro de pesquisas
de ponta e avanços científicos na área de zootecnia
e engenharia de alimentos.
São pesquisas na área de avaliação genética
de reprodutores. É em Pirassununga que se encontra o maior grupo
brasileiro em processamento de análise genética de bovinos,
com grande impacto na pecuária brasileira. Mais de 10 mil touros
são vendidos no País depois de passar pela avaliação
genética da FZEA.
A pesquisa básica também é bastante incentivada,
mesmo requerendo estudos de médio e longo prazos, como é
o caso da área de biologia molecular aplicada a estudos de genética
básica e molecular no desenvolvimento dos embriões.
Os microorganismos que atacam os peixes, como as micoplasmoses, têm
sido estudados nos laboratórios da faculdade. Esses microorganismos
reduzem a fertilidade e causam problemas articulares nos animais prejudicando
o crescimento.
A USP de Pirassununga domina a tecnologia do manejo do cerrado para a
produção de pasto de alto teor nutritivo, consumido por
bovinos prontos para abate com apenas 12 meses de idade, e elaboração
de uma película biodegradável produzida a partir de carnes
de peixe para ser utilizada como embalagem de alimentos, sem contar a
substituição do amianto na fabricação de telhas
a partir da palha ou do bagaço da cana.
Os 2.400 hectares da FZEA começaram a ser formados em 1942, quando
o então interventor do Estado Fernando Costa desapropriou vários
terrenos com a intenção de criar a Escola Prática
de Agricultura, que veio a ser inaugurada três anos depois. Datam
dessa época os principais edifícios do campus. Em 1957,
o então governador do Estado de São Paulo Jânio Quadros
doou para a USP todo esse patrimônio, que passou a ser administrado
pela hoje denominada Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
(FMVZ), localizada no campus de São Paulo.
Até 1974 vários cursos técnicos foram ministrados
ali. Nesse mesmo ano, a faculdade decidiu oferecer cursos na área
de zootecnia aos alunos da Medicina Veterinária, que passavam pelo
menos um semestre em Pirassununga. O curso de Zootecnia foi implantado
em 1978. Em 1989, por iniciativa do então reitor José Goldemberg,
o Conselho Universitário aprovou a transformação
da imensa área de Pirassununga em campus autônomo. Três
anos depois, em 1992, era finalmente criada a Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos, que hoje conta com 35 professores e tem como
meta para os próximos anos expandir-se para outras áreas
de atuação. O campus de Pirassununga pretende ser um pólo
multidisciplinar na graduação e na pós-graduação.
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