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Para
desenvolver o projeto de aeronave os alunos de São Carlos
contam com laboratório e professores de alto nível.
Resultado: consagração nos Estados Unidos |
Voar
não foi um sonho impossível para uma equipe de oito
alunos da Escola de Engenharia da USP de São Carlos. Com garra
e determinação a equipe, depois de dois meses calculando
e projetando um avião, ficou em primeiro lugar na 2002 SAE
AeroDesign East, competição estudantil promovida pela
Sociedade de Engenharia Automotiva Internacional, nos Estados Unidos.
Entre 11 e 14 de abril, em Titusville, Flórida, mais de 40
equipes participantes tinham que conceber, desenvolver e construir
uma aeronave em pequena escala, radiocontrolada, com o objetivo de
voar com a máxima carga útil possível. O projeto
tinha que ser desenvolvido segundo certas regras estipuladas pela
organização, como ter motor-padrão, área
projetada limitada, volume de compartimento de carga mínimo
e tamanho de pista de decolagem delimitado em 61 metros, inclusive
obedecendo a normas aeronáuticas impostas pelas indústrias.
Para a equipe de São Carlos o limite era o céu e não
as regras. Com uma marca de 11 quilos, num protótipo de três
metros de envergadura (de uma asa à outra), eles foram os grandes
vencedores batendo a Universidade de Maryland e o brasileiríssimo
ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), respectivamente.
Durante os dois meses em que os oito alunos passaram a maior parte
do tempo calculando e concebendo a aeronave, foram usados softwares
de análises estruturais e aerodinâmicas, entre outros,
no Laboratório de Aeronaves da EESC, sob a orientação
do professor Flávio Marques. Foram exigidas muita imaginação
e criatividade. Cada competidor tinha que fazer tanto uma apresentação
oral como vôos classificatórios e de pontuação
para chegar à final bem colocado.
A competição proporcionou a comunicação
entre as universidades participantes, o que gerou uma troca de informações
muito grande e positiva, tecnologias e integração entre
os alunos, comenta Fabricio Hulshof, integrante da equipe vencedora.
Qualidade
técnica
Segundo
o aluno João Marcelo Souza Pereira, o mérito do prêmio
deveu-se à qualidade técnica do projeto, adquirida
utilizando-se toda a experiência e conhecimento da equipe,
e à excelente construção da aeronave que reproduziu
muito bem o projeto teórico.
O intuito da SAE AeroDesign East é ajudar a formar líderes
para o século 21 e preparar os estudantes de engenharia para
o mercado aeronáutico, que está em constante crescimento,
usando a velha técnica da mão na massa para aprender.
Para nós estudantes, conta Pereira, é
uma oportunidade única de conhecer as técnicas, os
materiais, as empresas e as pessoas que atuam nesse setor.
Para chegar até a competição dos EUA, primeiramente
é feita uma pré-classificação no Brasil
e, ironicamente, a equipe de São Carlos ficou em segundo
lugar, atrás do ITA. Nessa classificatória nós
perdemos por uma diferença de meio ponto, num total de 180,
lamenta Fabricio. Os dois primeiros colocados no Brasil ganharam
o direito de representar o País no exterior.
Nos EUA, a primeira etapa da competição consistiu
na análise dos relatórios técnicos do projeto,
incluindo os desenhos da aeronave. Posteriormente, as equipes tiveram
de passar por duas fases, a de qualificação, com limite
mínimo de peso transportado de 3,630 kg, uma aprensentação
oral e apresentação técnica da aeronave. O
protótipo da USP no primeiro vôo de qualificação
transportou 8 quilos. Já na segunda etapa, a aeronave conseguiu
levantar 11 quilos, sagrando-se campeã.
Pereira conta o quanto era engraçado ouvir os americanos
pronunciando o nome da equipe Abaquaraçu, que em tupi-guarani
significa grande senhor dos vôos. Queríamos
resgatar as origens da cultura brasileira e mostrar lá fora.
Só que americano não tem a mínima noção
de como se pronuncia uma palavra em outra língua que não
seja o inglês. Quem não estava na competição
só com muita imaginação vai entender o quanto
era engraçado ouvi-los falar Abaquaraçu.
Bem
equipado
O Laboratório
de Aeronaves (LAE) da Escola de Engenharia da USP de São
Carlos desenvolve atividades tanto de graduação quanto
de pós-graduação e está bem equipado
para atender à demanda. Para a equipe de vencedores garantiu
todo o suporte técnico necessário para o desenvolvimento
do projeto, pois, segundo Pereira, o laboratório conta com
um corpo docente de altíssimo nível, vasta literatura
especializada, tem convênio com as principais bibliotecas
do País, softwares CAD, de análises estruturais, dinâmicas
e aerodinâmicas, além de possuir um túnel de
vento para ensaios experimentais. Nesse laboratório são
feitas pesquisas em várias áreas de controle, dinâmica
de vôo e aerodinâmica.
Formar-se engenheiro aeronáutico tem sido uma grande pedida
nesses últimos anos. Principalmente porque a indústria
aeronáutica do Brasil vem crescendo e ganhando reconhecimento
e respeito internacional, como é o caso da Embraer, líder
no ramo de jatos regionais.
Para a equipe vencedora, participar de um evento como este, mesmo
tendo que pagar com dinheiro do próprio bolso, já
é um passo para conseguir bons empregos tanto no Brasil quanto
no exterior.
A Embraer tem apresentado aeronaves de alto desempenho e com baixos
custos tanto de compra como operacional, sendo a preferida pela
maioria das empresas de transporte aéreo regional em todo
o mundo. Sabe-se que a indústria aeronáutica brasileira
utiliza tecnologias de desenvolvimento de aeronaves de alta qualidade,
conseguindo desenvolver novos aviões em prazos cada vez mais
curtos e com características técnicas não alcançadas
por seus concorrentes.
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