Chega
ao mercado mais uma editora, a QdM & Associados, e traz seu
selo Códex em quatro obras, uma delas o livro O Espetáculo
da Cultura Paulista, de David José Lessa Mattos (veja matéria
abaixo sobre os outros títulos). É uma tese de doutorado
defendida no ano passado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP. Inicialmente o trabalho tinha como tema o teatro
paulista nos anos 60, principalmente o Teatro Arena e seus espetáculos
Arena conta Zumbi e Arena conta Tiradentes, em que o autor, aluno
de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia (então
instalada no Prédio da Maria Antonia), fazia parte do elenco
de atores.
Era um desafio abordar o Teatro Arena incluindo suas realizações
que revelam as conexões com os movimentos políticos
e sociais, com as ideologias e pensamentos dominantes na época
, tomando como referência o contexto histórico
da sociedade e ainda de forma mais ampla apreender traços
e aspectos que marcaram o processo cultural brasileiro no século
20. Porém, quando começou a pesquisar, o autor descobriu
que esse grupo teatral já era observado não apenas
como um fenômeno dos anos 60, mas também como resultado
de uma série de acontecimentos de natureza artística
ocorrida em São Paulo no período que vai da instauração
do regime democrático, após a queda do Estado Novo,
em 1945, até o golpe militar de 1964.
Assim o autor começava a investigar as décadas de
40 e 50. Segundo ele, esse foi um período em que se observava
grande ímpeto das atividades artísticas e culturais,
citando como exemplo a criação do Museu de Arte de
São Paulo, o Masp (1947), do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, o MAM (1949), e a organização das Bienais,
a primeira em 1951. Já no campo da educação
surgiam a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1947) e da
Fundação Armando Álvares Penteado (1948); na
área das artes cênicas, a Escola de Arte Dramática
(EAD) e a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia
(TBC), em 1948. No âmbito cinematográfico são
construídos enormes estúdios em São Bernardo
do Campo, onde se instala a Cia. Vera Cruz (1949), ao mesmo tempo
em que outras importantes empresas, como a Maristela e a Multifilmes,
iniciam suas atividades.
Mas onde entra a televisão? A TV nasce integrada a todo o
movimento de incentivo e valorização das artes e da
cultura que irrompe, notadamente em São Paulo, no período
pós-guerra é inaugurada, em setembro de 1950,
a TV Tupi, primeira emissora de televisão da América
Latina. Enquanto a pesquisa avança, amplia-se o âmbito
de investigação, a televisão e o rádio
também passam a ser considerados como parte de um mesmo universo
sociocultural e integrados aos acontecimentos artísticos
e culturais daquele momento.
Assim, o leitor vai encontrar dois flagrantes do processo cultural
paulista: a inauguração do TBC e da TV Tupi-Difusora,
o cenário artístico-cultural no início do século,
com seus espetáculos profissionais (Rio de Janeiro) e amadores
(São Paulo), a cidade nas ondas do rádio as
emissoras paulistas, seus locutores, as radionovelas e radioteatros
e, por fim, as iniciativas artísticas e culturais
no pós-guerra.
A noite
de autógrafos é nesta segunda, a partir das 19h, no
Instituto Cultural Tomie Ohtake (av. Brig. Faria Lima, 201). Mais
informações na Códex pelo tel. 5506-4620.
Outros
títulos
Além do livro O Espetáculo da Cultura Paulista (272
págs., R$ 33,00) serão lançadas nesta segunda
outras três obras. Crônicas Improváveis (108
págs., R$ 22,00), de Gianni Ratto, que reúne nove
contos fantásticos; Vou Te Contar Histórias
de Música Popular Brasileira (320 págs., R$ 35,00),
uma coletânea de crônicas sobre a MPB na segunda metade
do século 20, com autoria de Valter Pica-Pau Silva (promotor
de shows de bossa nova da década de 60); e ainda O Futebol
dos Imbecis e Os Imbecis do Futebol (112 págs., R$ 20,00),
de Sérgio Arapuã de Andrade, com histórias
do futebol brasileiro.
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