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Estacionamento em locais proibidos é uma das principais infrações de trânsito cometidas na Cidade Universitária, de acordo com dados da Guarda Universitária
Era pouco depois de 13h30 da tarde de 10 de abril, até então um dia normal para o ator Alessandro Cezar Araújo Azevedo. Coordenador do espaço cultural Galpão Raso de Catarina, na Vila Madalena, ele visitava o campus para acertar detalhes de uma performance de palhaço que faria para um evento do Centro Acadêmico do Instituto de Física da USP. Na avenida Professor Lineu Prestes, um Vectra em alta velocidade bateu em sua Paraty que, por sua vez, colidiu com outra Paraty. Esta, por sua vez, ao absorver a velocidade dos carros anteriores e perder o controle, acabou subindo num canteiro em frente à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, onde chegou a derrubar uma árvore. Excesso de velocidade é a principal causa dos acidentes de trânsito na Cidade Universitária. Infrações menos graves – como estacionamento em locais proibidos, falta do uso do cinto de segurança e motoristas alcoolizados, nessa ordem – também acontecem diariamente na USP.
A freqüência com que ocorrem acidentes em geral e transgressões ao Código Nacional de Trânsito preocupa as autoridades do campus. Segundo dados do relatório do Centro de Planejamento e Controle da Guarda Universitária, desde 2000 até julho último aconteceram 446 acidentes de trânsito, 78 deles com vítimas. De cada 100 usuários, 30 não usam o cinto de segurança. É com o objetivo de prevenir e reduzir essas ocorrências que a prefeitura universitária inicia nesta terça-feira, dia 10 de setembro, seu Programa de Educação para o Trânsito, previsto para durar até 2003.
O lançamento da campanha, a partir das 10h, na Praça da Reitoria, será em grande estilo: a administradora de estradas Via Oeste e os bombeiros de São Paulo simularão um acidente de trânsito com resgate de vítimas em meio a ferragens de automóveis.
De acordo com o prefeito da Cidade Universitária, professor José Geraldo Massucato, o programa será dividido em etapas. Até dezembro, a idéia é advertir sobre infrações e conscientizar motoristas, pedestres e ciclistas. O segundo momento acontece entre março e julho próximos e prevê, além da divulgação e conscientização, multa a reincidentes. Segundo Massucato, a fase final será em agosto de 2003, quando os usuários do campus serão fiscalizados e multados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de acordo com a legislação federal.
Os novos hábitos de trânsito no campus não podem ser impostos, na opinião do diretor da Guarda Universitária, Ronaldo Pena. Por isso, o Programa de Educação para o Trânsito foi planejado tomando por base o princípio de quatro “E” – Educação, Engenharia, Enforcement (Execução) e Entretenimento. Mesmo defendendo esses princípios, Pena acredita que é por meio da aplicação da lei que se conseguirá reduzir os acidentes na USP. “O respeito às leis de trânsito é uma questão de legislação. A USP não é o Vaticano, é um espaço público. Isso é constitucional e deve ser respeitado”, diz.
A falta de punição para usuários do campus é provavelmente o que promove os maus hábitos de trânsito. Depois do acidente ocorrido em abril, o ator Azevedo vê com bons olhos uma campanha de educação de trânsito na Cidade Universitária. “Na minha opinião, um local como este deveria servir de exemplo e o que vemos é exatamente o contrário. Testemunhas do meu acidente afirmam que o Vectra deveria estar a uma velocidade de 100 quilômetros por hora, o que é um absurdo dentro do campus”, conta.
Houve perda total do automóvel de Azevedo. Mas mesmo que o dano material tenha sido pago, o ator diz que são impagáveis o tempo perdido com a ocorrência e o medo vivido naquele dia, para ele, inesquecível.

Um batalhão de gente

Durante o Programa de Educação para o Trânsito da USP, centenas de pessoas, incluindo policiais civis e militares, estarão espalhadas em postos, bloqueios, barracas e pedágios para distribuir folhetos de divulgação da campanha e explicar que a legislação nacional também é válida no campus.
De acordo com o coordenador da Guarda Universitária, Silvio Bezerra de Noronha, serão mais de 200 pessoas trabalhando na operação, vindas das mais diversas corporações: Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana, guardas civis de Guarulhos, Osasco, Itapevi e Barueri, Polícia Civil de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte, Escola de Comunicações e Artes, e técnicos de educação física do campus, além da CET. A Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), a Sabesp, a empresa de esportes amadores Corpore e também a Sweden apóiam a campanha, que é co-patrocinada pelo Banco Real, Banco do Brasil, Nossa Caixa e Banespa.
Um pedágio simulado, instalado nos dois sentidos da avenida Professor Luciano Gualberto, em frente aos bancos, irá cobrar do motorista 40 segundos de atenção para a campanha.
Nas três entradas da Cidade Universitária ficarão a postos viaturas da Polícia Civil, Militar e da CET, além da Guarda Universitária. Outros locais previstos para conscientização incluem nove barracas, além de três bloqueios colocados nas avenidas Professor Mello Morais, Almeida Prado e Lineu Prestes.
De acordo com o prefeito Massucato, a campanha será divulgada por meio de cerca de 60 mil fôlderes e outdoors instalados no campus. A Rádio USP e o Jornal da USP também veicularão a campanha.

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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