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Alunos do Laboratório
de Educação Musical da USP estarão reunidos
com crianças do coral da Casa do Zezinho na apresentação
deste domingo, além da Orquestra de Câmara da USP
e de Naná Vasconcelos |
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Essa
ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá.
Quem ouve esses versos de Teca Calazans pode se perguntar: quem
é Lia? E onde fica Itamaracá? Para que as crianças
explorem o Brasil através das histórias populares,
foi criado pelo percussionista Naná Vasconcelos o projeto
ABC Musical. As cirandas da pernambucana Maria Madalena Correia
do Nascimento, mais conhecida como Lia de Itamaracá, e que
inspiraram tantos compositores – como Paulinho da Viola –,
são apresentadas às crianças junto com outras
cantigas do folclore brasileiro, numa viagem musical de reconhecimento
do País. O projeto enfoca as canções populares,
buscando também o resgate dessa parte de nossa cultura esquecida
pelo mercado fonográfico.
Já participaram do projeto cerca de 700 crianças da
periferia de Recife, Salvador e, agora, de São Paulo. O resultado
do que aconteceu na capital paulista vai ser apresentado no Parque
do Ibirapuera. Lá, o coral formado por 80 crianças
da Casa do Zezinho e do Laboratório de Educação
Musical (LEM) da USP vai subir ao palco acompanhado por Naná
e pela Orquestra de Câmara (Ocam) da Universidade. Na apresentação,
cirandas, coco, maracatu e outros ritmos vão mostrar ao público
a diversidade do cancioneiro popular, suas origens e características
regionais. Por meio do uso da voz e do próprio corpo como
instrumento de percussão, as crianças vão apresentar
duas suítes – com composições que fazem
referência ao amanhecer e ao anoitecer, os “bons-dias”
e “boas-noites” – além de músicas
como “Jongo”, de Paulo Belinatti, “Paula e Bebeto”,
de Milton Nascimento, e “Cortina”, do próprio
Naná.
Todas
as cantigas receberam arranjos especiais feitos pelo maestro da
Ocam, o professor Gil Jardim, que participa do projeto há
oito anos. Desde que assumiu a direção artística
da orquestra, busca solidificar sua participação em
atividades de cunho social. Um exemplo disso é o Música
e Vida, projeto iniciado neste ano, em parceria com a Sociedade
de Pediatria de São Paulo. Os músicos da orquestra
se dividem em duos ou trios, espalham-se pela área de pediatria
dos hospitais e levam música a esses locais, com o objetivo
de humanizá-los. Um momento importante para o grupo aconteceu
quando as crianças confeccionaram chocalhos com embalagens
de iogurte e tocaram junto com os músicos da orquestra. “Esse
contato com outras realidades dá aos estudantes que compõem
a Orquestra de Câmara responsabilidade social, além
de estimular o desprendimento”, constata Jardim.
Um
grupo que já se tornou conhecido pelo seu trabalho nos hospitais
são os Doutores da Alegria. Do encontro entre eles e os músicos
da Ocam, surgiu uma parceria que também será levada
ao Ibirapuera, dessa vez para divertir as crianças que vão
assistir ao espetáculo. Com seu modo peculiar, o grupo vai
chamar a atenção dos pequenos sobre os cuidados fundamentais
para a prevenção de acidentes domésticos, tão
comuns nessa faixa etária, informações que
estão nos 50 mil folhetos distribuídos para o público
presente. Próximo ao palco, será montada uma grande
tenda onde vai acontecer a Oficina de Instrumentos Musicais de Percussão.
Cinqüenta monitores vão orientar as crianças
a construir instrumentos a partir de embalagens recicláveis
dos sorvetes da Kibon, patrocinadora do evento.
Também
são crianças que vão subir ao palco para essa
apresentação. Alunos do LEM (Laboratório de
Educação Musical), criado por Pedro Paulo Salles em
1998, que oferece a crianças e adolescentes de áreas
vizinhas ao campus e filhos de funcionários atividades, visando
à iniciação, aprendizagem e aprimoramento musicais;
e algumas do Coral da Casa do Zezinho, instituição
localizada no bairro do Campo Limpo que oferece, além de
música, aulas de desenho e pintura, reforço escolar
e refeições, entre outras atividades, às crianças
da comunidade. E é dessas crianças, as grandes homenageadas
do fim de semana, que vão surgir as principais surpresas
da apresentação. Como afirma Jardim: “Elas gostam
de improvisar, e improvisam”.
A
apresentação do Projeto ABC Musical 2002 leva Naná
Vasconcelos, a Orquestra de Câmara da USP e um coral de crianças
à Praça da Paz do Parque do Ibirapuera neste domingo,
às 11h. A entrada é franca.
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