NESTA EDIÇÃO

Além de ser ator, Lima Duarte cria seus personagens, que conseguem ser tão fortes quanto a própria obra. Essa afirmação é de Amilton Pinheiro, curador da mostra que começa nesta segunda e vai até o dia 21 de outubro, no Cine-FEA, e traz Lima Duarte como personagem dos cinco filmes selecionados pelo próprio ator. A idéia surgiu a partir de um filme que o curador está produzindo, ainda em fase de roteirização, intitulado Consolação, em que Lima Duarte vai fazer o papel de coveiro, contando a história de 33 personalidades, entre elas Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Washington Luiz e Campos Salles, além de retratar a Marquesa de Santos (interpretada por Maitê Proença). Segundo Amilton, o longa vai resgatar a memória do País nos últimos 200 anos – ele está usando como fonte de pesquisa o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, biógrafos que retrataram essas personalidades e também parentes.

O encontro entre o curador e o ator foi na rua, ambos moram nos Jardins, e o convite foi feito ali mesmo. Após várias conversas e algumas mudanças, Lima Duarte aceitou o papel. “Ele confiou em uma pessoa que não entendia muito de cinema”, diz Amilton, que é formado em Economia e ingressou nessa área quando trabalhou como assessor do Estado de S. Paulo, aproximando-se mais da editoria de cultura do Caderno 2. Apesar de ser conhecido pelo grande público através de novelas televisivas, com personagens como Zeca Diabo e Sassa Mutema, Lima Duarte fez grandes filmes e cinco deles estão na mostra. “A idéia é ampliar a mostra no ano que vem, incluindo todos os filmes protagonizados por ele”, afirma Pinheiro.

 
O Rio do Ouro e o curta À Margem da Imagem
 

A mostra traz dois filmes portugueses, Palavra e Utopia (2000), de Manoel de Oliveira, em que Lima Duarte interpreta o Padre Antonio Vieira; e O Rio do Ouro (1998), de Paulo Rocha, no papel de um homem do campo; e mais três brasileiros: Corpo em Delito (1990), de Nuno César Abreu, segundo o próprio Lima Duarte seu melhor desempenho no cinema, em que ele é um médico legista que trabalha para o regime militar, falsificando laudos; A Ostra e o Vento (1997), de Walter Lima Júnior, como o pai que vive uma relação ambígua com a filha; e Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna, baseado na obra homônima de João Ubaldo Ribeiro – Lima Duarte recebeu vários prêmios pelo papel do sargento que tem a missão de levar um preso político de uma região a outra, quando na metade do caminho vem a ordem de soltá-lo, mas ele decide ir até o fim.

Também serão exibidos curtas-metragens, antecedendo os longas: Ismael e Adalgisa (2001), de Malu de Martino, retratando o pintor Ismael Nery e sua esposa; Artesões da Morte (2001), de Mirian Chnaiderman, sobre pessoas que trabalham com a morte; Morte (2002), de José Roberto Torero, que retrata o tema de forma leve através de um casal que se prepara para a morte; Mutantes... (2002), de Rubens Rewald e Rossana Foglia, sobre a relação entre casais; À Margem da Imagem (2001), de Evaldo Morcazel, abordando a questão dos moradores de rua; O Homem Voa? (2001), de André Ristum, sobre Santos Dumont; Plano-Seqüência (2002), de Patrícia Moran, em que um ator, depois de morto, vê depoimentos de pessoas sobre ele; Zagatti (2001), de Edu Felistoque e Nereu Cerdeira, história real de um catador de lixo que monta um cinema na periferia de São Paulo (foto abaixo); A Janela Aberta (2002), de Philippe Barcinski, que retrata a paranóia; e Ofusca (2002), de Flávio Frederico, que mostra a confusa relação entre dois homens e uma mulher. Logo após a exibição dos filmes, serão realizados debates com os respectivos diretores dos curtas e longas, mediados por Amilton Pinheiro. No dia 21 de outubro, das 20h10 às 23h, acontece o Papo de Boteco, que vai reunir Lima Duarte, Carlos Mertem e Carlos Augusto Calil (professor da USP).

Sessões às 11h e às 17h e debates às 13h10 e 19h, no Auditório da FEA-5 (av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária), com entrada franca. A mostra conta com apoio do Centro Acadêmico da FEA e patrocínio da FIA/USP, Fipe e Fipecafi.


Curtas, longas e debates

 

Segunda (dia 7 de outubro)


11h – Artesãos da Morte e Sargento Getúlio – debate com Mirian Chnaiderman e Hermano Penna

17h – Ismael e Adalgisa e Sargento Getúlio – debate com Malu de Martino e Hermano Penna

 

Segunda (dia 14 de outubro)

11h – Mutantes... e O Rio do Ouro – debate com Rubens Rewald e Petrônio Gontijo (ator)

17h – À Margem da Imagem e O Rio do Ouro – debate com Evaldo Morcazel

 

Terça (dia 15 de outubro)

11h – O Homem Voa? e Palavra e Utopia – debate com André Ristum

17h – Morte e Palavra e Utopia – debate com José Roberto Torero

 

Sexta (dia 18 de outubro)

11h – Plano-Seqüência e A Ostra e o Vento – debate com Patrícia Moran

17h – Zagatti e A Ostra e o Vento – debate com Walter Lima Júnior, Edu Felistoque e Nereu Cerdeira

 

Segunda (dia 21 de outubro)

11h – A Janela Aberta e Corpo em Delito – debate com Philippe Barcinski e Nuno César Abreu

17h – Ofusca e Corpo em Delito – debate com Nuno César Abreu, Flávio Frederico e Petrônio Gontijo

20h10 – Papo de Boteco com Lima Duarte, Luiz Carlos Mertem e Carlos Augusto Calil

 




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