NESTA EDIÇÃO


     
 
 
 
 



 
 
 
 
 
 
 

100 anos de Rebolo

“Como no futebol, acho que na arte deve-se fazer coisas espontâneas, com as marcas do amor e do entusiasmo, para poder se emocionar e emocionar outras pessoas” diz o artista plástico, futebolista e “homem do povo” em um de seus depoimentos, sobre arte e futebol, presentes em Rebolo – 100 Anos (Edusp, 302 págs., R$ 92,00). Essa edição é publicada no ano do centenário do artista, com ensaio de Elza Ajzenberg e diversos comentários críticos a respeito de Rebolo e suas obras, como de Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, além de textos publicados em jornais e escritos especialmente para o livro. Há também correspondências de amigos, fotografias e uma cronologia da vida do artista, feita por Lisbeth Rebollo Gonçalves. E, claro, muitas pinturas ao longo de toda a publicação.

 

 


Confidências de Clarice


“Você nunca é falante, barulhenta. O que você escreve nunca dói nem fere os ouvidos. Você sabe escrever baixo. E sua assinatura, Clarice, é você inteirinha: Clara... Clarinha... Clarice...”, escreve Manuel Bandeira a Clarice Lispector. É somente uma das 129 cartas publicadas em Correspondências (Rocco, 348 págs., R$ 37,00), trocadas entre a escritora e familiares, amigos e personalidades. O livro está repleto de “belas coisas simples”, como ela mesmo disse, que inserem o leitor no poético universo da escritora, percebendo que o segredo do mito foi o de ser tão humano quanto qualquer um de nós. Às vezes, o estilo confunde e surpreende o leitor. Às vezes, oferece o prazer de ler as sensações do “mito”. As correspondências, organizadas por Teresa Monteiro, estão em ordem cronológica (de 1940 a 1970), permitindo que as histórias sejam reconstruídas. É como uma espiada na vida de Clarice.

 

 

Dario Fo em cena

“Gosto de representar, e, para fazê-lo, precisa haver um público – uma parede não seria a mesma coisa”, declara Dario Fo. Sua história antes e depois de se tornar o autor contemporâneo mais encenado do mundo, sua obra e o percurso traçado para realizá-la, além de sua companheira e atriz Franca Rame são alguns temas retratados com detalhes no livro A Cena de Dario Fo – O exercício da imaginação (Códex, 232 págs., R$ 32,00). A autora, Neyde Veneziano, pesquisou a obra do autor, ator, diretor e dramaturgo italiano durante um ano em Milão, onde também acompanhou ensaios, espetáculos, vídeos e palestras da Companhia Fo Rame. Há ainda fotografias, “truques” e declarações do teatrólogo, conhecido por sua irreverência e seu “improviso preparado”: personalidade polêmica, que faz um teatro revolucionário e político.

 

 

Woody Allen

No livro Woody Allen (Editora Papagaio, 216 págs., R$ 30,00), primeiro da série Gente de Cinema, a crítica de cinema Neusa Barbosa conta o percurso do diretor, desde o ínício de sua carreira até os dias atuais, a partir de uma perspectiva crítica do cinema em geral. Permeiam todo o relato curiosidades sobre a personalidade assumidamente angustiante de Allen e sobre a criação e as gravações de seus filmes, como quando ele se ofereceu para comprar o elogiado Manhattan da produtora, por considerá-lo muito ruim. A publicação traz também uma entrevista inédita do cineasta e suas relações com o Brasil (por exemplo, o gosto por Machado de Assis e Noel Rosa). Em meio às histórias, cenas de seus filmes ocupam várias páginas da publicação. O prefácio é assinado por Ruy Castro.

 

 

O melhor do mau humor

“Um chato é um homem que nunca é rude – sem querer” (Oscar Wilde), “Está morto: podemos elogiá-lo à vontade” (Machado de Assis), “A platéia só é respeitosa quando não está entendendo nada” (Nelson Rodrigues), “Não fosse a política, todos poderíamos ser melhores” (Carlos Heitor Cony), “O poder corrompe. E o poder absoluto corrompe muito melhor” (Millôr Fernandes), além de frases sobre amigos, burocracia, beleza, futebol, ingratidão e muitos outros assuntos ditas por mais de mil autores. Todas elas contendo uma grande carga de ironia e crítica, um tapa verbal com luva de boxe. Assim é o novo livro de Ruy Castro, Mau Humor (Cia. das Letras, 362 págs., R$ 35,50), que inclui o melhor de O Melhor do Mau Humor, O Amor de Mau Humor e O Poder de Mau Humor, além de 400 frases novas. Como está escrito na orelha do livro, só doerá se você não rir.

 

 

Viagem pelos mitos brasileiros

Saci-pererê, Lobisomem, Jurupari, Caapora, Tutu, Bruxa, Cuca, Bicho-homem, Capelobo, Papa-figo. Para estudar os “mitos ainda vivos, correntes e crentes na imaginação popular”, Luís da Câmara Cascudo percorreu todos os Estados brasileiros, provocando “depoimentos de vaqueiros e cantadores, gente que cortou seringa na Amazônia e caucho na Bolívia, apanhou castanha do Pará e cacau na Bahia”, em suas próprias palavras. O resultado está na reedição de Geografia dos Mitos Brasileiros (Editora Global, 400 págs., R$ 48,00). Em defesa do folclore, o autor optou por uma classificação simples, dividindo-os apenas em mitos primitivos e mitos secundários e locais. “Os rótulos que preguei na testa do Lobisomem ou do Saci-pererê podem ser arrancados facilmente”, explicou ele no prefácio, em 1940.

 

 

O sambista de São Paulo

“Saudosa maloca” e “Trem das onze” são sucessos que se destacam em meio ao repertório de Adoniran Barbosa e que ficaram conhecidos também na interpretação dos Demônios da Garoa. O percurso desse cancionista que colocou a crítica social e a oralidade popular no samba é retomado por Francisco Rocha em Adoniran Barbosa – O poeta da cidade (Ateliê Editorial, 183 págs., R$ 25,00). O livro discute “as canções de Adoniran (...), resgatando a atmosfera da vida cotidiana de São Paulo, re-inventando suas praças, suas ruas, e, em especial, as vozes dos excluídos sociais”, como está no prefácio. Para Antonio Candido, “Adoniran (...) inventou certo jeito de ser paulistano que faz dele um dos grandes poetas da noite na cidade”. Para mostrar a São Paulo dos anos 50 e seu “progréssio”, a edição traz fotografias de Alice Brill e do extinto museu Adoniran Barbosa.

 

 

O futebol de Ronaldinho

Bicampeão mundial, artilheiro em três países, mantendo a média de pelo menos um gol por partida ao longo dos anos. Esse é o Ronaldinho que conhecemos hoje, um craque. Sua história de vida não é diferente da de muitos jogadores brasileiros: filho de uma família de poucos recursos, nasceu e cresceu no bairro de Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, começou a se destacar nas peladas de rua e com apenas 16 anos tornou-se titular do Cruzeiro. Daí para frente só glórias: foi campeão mundial nos Estados Unidos aos 17 anos, eleito o melhor jogador do mundo aos 20 e tornou-se o jogador mais bem pago do planeta aos 21. Sua biografia é contada em Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado (Editora 34, 320 págs., R$ 34,00), de Jorge Caldeira. A obra mostra ainda a superação de um problema físico que quase o deixou fora dos campos e a conturbada final da Copa de 98.

 

 

 

Lançamentos

 

Avenida à vista

“Poucas avenidas como a Paulista testemunharam a história da cidade e do povo escorrendo por ela, continuamente, sem cessar. Uma lenda cheia de lendas. (...) Grandeza e decadência. Mutação. Paulista, uma rua viva, nervosa, inquieta, cheia de si, louca, divertida, paradoxal, narcisa. Nobre, aristocrática, plebéia, brega, elegante”. São palavras de Ignácio de Loyola Brandão na apresentação do livro Avenida Paulista – a síntese da metrópole ( Dialeto, 122 págs., R$ 80,00). O livro traz fotografias de Eduardo Albarello e de acervos históricos e familiares, pinturas para mostrar a avenida em 2002 e as transformações que ela sofreu desde sua criação há 111 anos. O texto é do arquiteto Antonio Soukef Junior. O lançamento do livro e a abertura da exposição, nesta quarta, às 19h30, não poderiam deixar de ser num dos prédios mais simbólicos da Paulista, o Masp (av. Paulista, 1.578, 1o andar, tel. 283-2585).

 

 

Era FH ilustrada

Os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso forão retratados nas charges de Chico Caruso no jornal O Globo, agora reunidas no livro ERA uma vez FH – O Brasil nas charges de Chico Caruso (Devir/ Jacarandá, 164 págs., R$ 43,00). São setecentos desenhos em cores que contam, com humor, fatos importantes e curiosos da época, ano a ano, acompanhados de textos que contextualizam o momento histórico. O prefácio é de Luis Fernando Veríssimo. O lançamento com noite de autógrafos acontece nesta terça, das 19h às 22h, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, tel. 3814-5811).

 

 

Alma Paulista II

Um mosaico de imagens da cidade de São Paulo surge através de pinturas de destacados artistas nacionais, entre eles Achiles Luciano, Klaus Novais, Rubens Matuck e Sérgio Lucena. No total são 60 trabalhos que viram cartões postais, exposição e livro de arte. Assim é Alma Paulista II, o segundo projeto com o mesmo formato criado por Luciana Raposo. O livro, editado pela Abooks (84 págs., R$ 65,00) será lançado nesta quarta, a partir das 20h, no Centro Brasileiro Britânico (r. Ferreira Araújo, 741, tel. 3819-4120), local onde fica em cartaz a exposição até 25 de janeiro de 2003, de segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados e domingos, das 10h às 16h, com entrada franca.

 




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