Na
última reunião do Conselho Universitário da
USP, no dia 25 de março, o diretor de Recursos Humanos da
USP, professor Adnei Melges de Andrade, apresentou uma proposta
para a movimentação na carreira de funcionários
técnico-administrativos da Universidade. A carreira funcional
atualmente em vigor possui três grupos: básico, técnico
e superior, é composta por três faixas (I, II e III)
e não prevê possibilidades de mudanças entre
as faixas.
Para
Andrade, não se trata de um novo plano de carreira, e sim
da complementação do que está em vigor. “É
muito justa a reclamação da coletividade dos funcionários
quando diz que não há carreira. Porque de fato ela,
existindo da maneira que existe, pode ser comparada a um edifício
de três andares sem escadas. Portanto, sem maneiras de acesso”,
afirma.
O modelo
de movimentação de carreira proposto pelo Departamento
de Recursos Humanos (DRH) – ligada à Coordenadoria
de Administração Geral (Codage) da USP – mostra
semelhanças com a carreira docente da Universidade. Para
um professor passar de mestre para doutor, livre-docente ou titular,
é necessário haver um crescimento no seu conjunto
de competências e fazer um exame específico, desde
que haja vaga para os cargos pleiteados.
No
caso dos funcionários, o DRH propõe um processo semelhante:
a mudança de uma faixa para outra deverá ser através
de processo competitivo. “A idéia básica é
o reconhecimento do acervo de competências acumuladas pelo
funcionário, de forma imparcial”, afirma o professor.
A progressão
às faixas II e III dos grupos – básico, técnico
e superior – tem por objetivo premiar a competência
e a dedicação dos funcionários em todas as
funções. As faixas continuarão existindo, mas
em uma estrutura cujo formato deverá ser piramidal. Ou seja,
na faixa I deverão ficar cerca de 60% a 65% dos funcionários,
na II, de 20% a 25% e na III, de 10% a 15%.
Hoje,
aplicando os critérios na nova estrutura, verificou-se que
perto dos 90% dos funcionários estão na faixa I, 8%
na II e 4% na III. “Quatro por cento significa cerca de 600
funcionários na faixa III”, diz Andrade. “Pretendemos
aumentar esse número para cerca de 1.200 funcionários
nesse primeiro momento.” Os atuais 8%, na faixa II, passarão
para 12%.
O diretor
do DRH afirma que os eventos de progressão ocorrerão
em etapas por dois motivos: o primeiro é ganhar experiência,
corrigindo as possíveis falhas iniciais que surgirem. O segundo
é dar chances futuras para os funcionários que poderiam
ser prejudicados se ainda estiverem finalizando etapas importantes,
como, por exemplo, a conclusão de cursos.
Cada
faixa, disposta verticalmente, corresponde a uma hierarquia dentro
da função, levando em conta a complexidade e as atividades
desenvolvidas pelo funcionário. As faixas são divididas
em níveis, representados pelas letras de A a J e posicionadas
horizontalmente. A diferença entre um nível e outro
corresponde a 5% do valor salarial, e a movimentação
entre os níveis se dará através de processo
de avaliação de desempenho.
As
unidades deverão elaborar perfis das funções
que correspondam às faixas II e III de cada grupo –
básico, técnico e superior. Os perfis – descrição
de atividades – que existem hoje correspondem à faixa
I. As tabelas com as propostas iniciais dos perfis de cada grupo
estarão à disposição, a partir de 10
de abril, na página eletrônica da revista Espaço
Aberto (www.usp.br/espacoaberto).
Segundo
Andrade, para ficar na faixa I basta atender aos requisitos básicos
do plano de classificação na carreira. Para a II devem
ser colocados alguns requisitos a mais, como, por exemplo, experiência
acumulada, formação escolar ou aperfeiçoamento.
“Essa proposta tenta completar a carreira anterior reconhecendo
os esforços dos que já trabalham na casa. A criação
de mecanismos de progressão resgata um anseio justo dos funcionários.
Esse mecanismo visa a reconhecer o engajamento e o esforço
do funcionário no desempenho da sua atividade”, afirma.
As
unidades terão um treinamento dado pelo DRH, em que serão
passadas informações para o prosseguimento da proposta.
A idéia é formar agentes multiplicadores nos órgãos
administrativos e unidades de ensino, com o objetivo de padronizar
as ações para a implantação do novo
modelo.
O primeiro passo, continua o professor, é o de definição
de perfis, ou seja, avaliar as competências mínimas
para cada faixa. O segundo será realizar a avaliação
de desempenho, em que os 20% dos funcionários da faixa I,
melhor classificados na avaliação, poderão
pleitear ir para a faixa II, e 10% da faixa II, para a III. O terceiro
passo é a inscrição dos funcionários
em condições de pleitear a mudança de faixas.
Ao funcionário caberá elaborar um memorial descritivo
de função e candidatar-se ao exame seletivo.
Segundo
Andrade, na avaliação de desempenho devem ser observadas
as características psicossociais e o acervo de competências
adquiridas. Ou seja, como ele está integrado e engajado na
Universidade, sua relação diária com seus colegas,
assiduidade e facilidade em trabalhar em grupo, entre outros itens
a serem discriminados.
Para
o professor, o ideal seria cada unidade constituir uma comissão
setorial, para que o trabalho seja compartilhado e adquira característica
imparcial. “No passado houve casos em que um departamento
inteiro obteve a mesma avaliação. Não se pode
aceitar paternalismos ou perseguições, para que o
processo funcione. Vale lembrar que avaliação não
significa, necessariamente, aumento salarial, e sim reconhecimento
do que foi executado pelo funcionário”, diz.
Andrade
estima que até o final do ano o processo estará todo
implantado. Para isso as unidades deverão seguir o cronograma
proposto pelo DRH. Neste primeiro momento, as unidades terão
30 dias para discutir internamente e apresentar suas propostas ao
DRH, levando em conta suas especificidades.
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