Apresentar
40 anos de uma trajetória luminosa com obras que pontuam
a história da arte contemporânea. Com essa proposta,
o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP inaugura nesta
terça-feira, dia 8, a exposição “Interfaces
contemporâneas”. Reúne os brasileiros Tarsila
do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Evandro Carlos
Jardim e Arcângelo Ianelli, entre outros. E também
Marc Chagall, Wassily Kandinsky, Amedeo Modigliani, Joan Miró,
Pablo Picasso... Artistas que integram um acervo de 8 mil obras,
considerado um dos mais importantes da América Latina. “Nós
estamos comemorando a história do MAC com uma programação
intensa, que vai se estender durante todo o ano”, diz a diretora
do museu, Elza Ajzenberg. “Vamos realizar exposições
internacionais, seminários, palestras e encontros com artistas.
Estamos contando com a participação da população
da cidade, mas vale ressaltar que é muito importante que
os estudantes, professores e funcionários da Universidade
prestigiem.”
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A
floresta, Tarsila do Amaral, 1929 |
Além
da inauguração de “Interfaces contemporâneas”,
todos podem acompanhar, também nesta terça-feira,
a apresentação do grafite das paredes laterais da
sede do MAC, realizado por meio do Projeto Aprendiz. Também
o artista plástico José Roberto Aguillar está
convidado a participar com uma performance. Há, ainda, o
show do músico Renato Braz, a exibição do documentário
sobre o MAC produzido pela TV USP, a apresentação
do Coral da USP e o lançamento do selo comemorativo dos 40
anos com a imagem da obra Floresta, de Tarsila do Amaral.
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Dança
do capital com a morte, Di Cavalcanti, 1950 |
A
sede do MAC, na cidade Universitária: inclusão
social através da arte |
Nova
dinâmica – A programação não é
só comemorativa. Impõe também uma nova dinâmica
que tem como meta integrar o MAC na cidade. “Temos um significativo
papel social ao atender centenas de escolas e públicos especiais
como terceira idade e portadores de deficiências, entre outros”,
lembra Elza. “Esse trabalho de inclusão social através
da arte é reconhecido no País e no exterior. Durante
o ano de 2002, conseguiu aumentar o índice de visitas em
20%, considerando o público da sede do MAC e das exposições
realizadas em espaços alternativos, como a Galeria do Sesi.
Hoje, é considerado o segundo museu de arte mais visitado
no Estado de São Paulo. O primeiro é a Pinacoteca.”
O MAC
já está organizando várias mostras para o decorrer
do ano. Uma delas é “Diálogos no espaço”,
que pretende reunir artistas do acervo com obras tridimensionais.
“O objetivo é resgatar uma dimensão de tempo
mais próxima das hesitações, indagações
e conceitos do homem atual”, explica Elza. “Após
as rupturas dos cânones preestabelecidos no passado pelas
obras como pintura, escultura e desenho, em seus suportes ou bases
convencionais, os tridimensionais tiveram sua evolução
histórica. Parecem registros imediatos que se confundem com
o próprio artista.”
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Formas
únicas da continuidade no espaço, Umberto Boccioni,
1913 |
Outra
exposição é “Diálogos de arte
contemporânea”, que vai selecionar artistas que em seu
percurso representam pontos importantes no acervo do museu. A proposta
é convidar cada artista para que intervenha no espaço
do MAC, apresentando ao público a observação
de seu processo criativo. “Nau dos insensatos” pretende
reunir Amilcar de Castro, Antônio Henrique Amaral, Arcângelo
Ianelli, Caciporé Torres, Carlos Vergara, Claudio Tozzi,
Ivald Granato, José Roberto Aguilar, Baravelli, Maria Bonomi,
Siron Franco, Sonia Von Brusky, Tomie Ohtake, Tomoshige Kusuno e
Wesley Duke Lee. “A temática dessa coletiva está
ligada à tela Nave dos insensatos, de Hieronymus Bosch, expressando
a idéia de que todos são navegantes em busca de um
lugar seguro e as contradições do mundo provocam dúvidas
e equívocos”, justifica a diretora.
Na
programação está a exibição de
40 obras de artistas emergentes que fazem parte da coleção
de Marcantonio Vilaça. Esse acervo foi cedido em comodato
na inauguração da atual sede do MAC, em 1992. Entre
os artistas estão Edgar Racy, Ernesto Neto, Gustavo Resende,
Ângelo Venosa, Iole de Freitas, Sandra Tucci, Jorge Guinle
e Leda Catunda, entre outros.
Exposições
internacionais – O MAC destaca, ainda neste ano, três
exposições internacionais. “To see in the dark”
reúne as fotos da artista italiana Benedetta Bonichi, inserida
em uma tendência contemporânea que expande os limites
restritos da linguagem fotográfica pura. As imagens resultam
de experiências com técnicas diversas, como o raio
X, e abordam questões ligadas ao corpo e seus vestígios.
Em paralelo, a curadora Helouise Costa, do MAC, reúne fotos
de brasileiros contemporâneos propondo um diálogo visual.
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Peixe
vermelho, Oswaldo Goeldi, 1938 |
Ainda
valorizando a fotografia, o MAC pretende trazer o chinês Tsai
Rong Fong, autor da mostra “O rio amarelo de boa vontade corre
para o mundo”. Através de sua lente, ele registrou
e testemunhou a viagem de 40 monges de diversos países que
deram a volta à ilha de Taiwan. São mil quilômetros
em peregrinação para pedir felicidade ao país.
Outra
mostra interessante é “Traços de razão”,
com os artistas Gasmuri e Matilde Peres, entre outros. Compõe-se
de sete módulos que percorrem o trajeto da arte chilena,
observando-a a partir da perspectiva contemporânea. Os módulos
são organizados a partir da abstração geométrica,
abordando o conceitual e as tendências mais recentes.
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Composição
clara, Wassily Kandinsky, 1942 |
Na
programação dos 40 anos, o MAC também pretende
priorizar diversos projetos, entre eles a implantação
de quatro ateliês: de gravura, desenho, pintura e outras mídias.
Vai promover os “Encontros no MAC” na tentativa de abrir
novos canais de diálogo entre o museu e os diversos segmentos
da sociedade, como artistas, imprensa e grupos de reflexão,
possibilitando intercâmbios, experiências e debates.
Irá se dedicar também ao programa Arte Educação,
que oferece uma série de serviços educativos, como
cursos de extensão e difusão cultural, e visitas orientadas
gratuitas para escolas e grupos em geral.
Um
acervo pioneiro na arte do século 20
O
Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP foi criado
em 1963, quando a Universidade recebeu de Francisco Matarazzo
Sobrinho, o Ciccillo, então presidente do Museu de
Arte Moderna (MAM) de São Paulo, o acervo que constituía
o MAM. Além desse acervo transferido para a USP, Matarazzo
e sua mulher, Yolanda Penteado, doaram suas coleções
particulares ao novo museu. Somaram-se ao acervo outras doações
particulares, bem como as obras internacionais cedidas pela
Fundação Nelson Rockefeller e prêmios
das Bienais Internacionais
de São Paulo.
O
início histórico do MAC definiu a primeira coleção
especializada em arte do século 20 na América
Latina. Essa definição é resultante da
ação de pesquisadores e artistas que lutaram
pela criação de um espaço voltado para
a arte moderna na cidade de São Paulo. Uma ação
preparada e liderada por intelectuais com parâmetros
modernos e potencial aglutinador.
Hoje,
o MAC possui em seu acervo cerca de 8 mil obras, entre óleos,
desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais,
constituindo grande patrimônio cultural, com decorrências
sociais nacionais e internacionais. São obras de artistas
como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Brecheret, Tarsila, Rego
Monteiro, Portinari, Oiticica, Amilcar de Castro, Flávio
de Carvalho, De Chirico, Modigliani, Boccioni, Picasso, Miró,
Kandinsky, Matisse, Braque, Henry Moore e Calder, entre outros
tantos.
Com
sede no campus da USP, além de seu espaço histórico
no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera,
o MAC é espaço de pesquisa, de formação
educacional e de informação. Um campo fascinante
para o estudo da arte, que instiga a recepção
estética e constitui grande potencial capaz de conectar
as várias vertentes do conhecimento e da criatividade,
através de diretrizes e parâmetros integradores.
O
MAC realiza exposições de seu acervo, oferecendo
ao público os mais variados recortes, leituras e possibilidades
de percursos que permitem a compreensão da arte moderna
e contemporânea. O museu realiza também uma série
de exposições temporárias, com obras
de artistas brasileiros e estrangeiros que não pertencem
ao seu acervo. Torna-se, assim, um espaço para a experimentação,
para o surgimento e discussão de novas tendências,
interfaces e novos caminhos da arte contemporânea.
Além
das exposições, o MAC oferece ao público
diversas atividades e serviços, como disciplinas optativas
para graduação, cursos de extensão cultural,
atividades de ateliê, visitas orientadas, biblioteca
e site na Internet. Multiplicador do saber e da excelência
do próprio acervo, sempre acompanhando os desafios
sociais, o MAC é uma grande sala de aula, laboratório
e espaço aberto a todas as formas de diálogo
e criação que expressem a densidade da arte
contemporânea, ponte para todos os processos que envolvem
a vida do homem atual, espaço para todas as linguagens,
poéticas e ousadias
Elza Ajzenberg é diretora do
Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP |
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