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 NESTA EDIÇÃO
Perfil de Zulmira, Lasar Segall, 1928
 
Expansão controlada, Cesar Baldaccini, 1967
 
Retrato de Paulo Rossi Osir, Cândido Portinari, 1935
 
Primavera, Marc Chagall, 1938-1939
 
A boba, Anita Malfatti, 1915-1916
 
A santa da luz interior, Paul Klee, 1921
 

Apresentar 40 anos de uma trajetória luminosa com obras que pontuam a história da arte contemporânea. Com essa proposta, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP inaugura nesta terça-feira, dia 8, a exposição “Interfaces contemporâneas”. Reúne os brasileiros Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Evandro Carlos Jardim e Arcângelo Ianelli, entre outros. E também Marc Chagall, Wassily Kandinsky, Amedeo Modigliani, Joan Miró, Pablo Picasso... Artistas que integram um acervo de 8 mil obras, considerado um dos mais importantes da América Latina. “Nós estamos comemorando a história do MAC com uma programação intensa, que vai se estender durante todo o ano”, diz a diretora do museu, Elza Ajzenberg. “Vamos realizar exposições internacionais, seminários, palestras e encontros com artistas. Estamos contando com a participação da população da cidade, mas vale ressaltar que é muito importante que os estudantes, professores e funcionários da Universidade prestigiem.”

A floresta, Tarsila do Amaral, 1929

Além da inauguração de “Interfaces contemporâneas”, todos podem acompanhar, também nesta terça-feira, a apresentação do grafite das paredes laterais da sede do MAC, realizado por meio do Projeto Aprendiz. Também o artista plástico José Roberto Aguillar está convidado a participar com uma performance. Há, ainda, o show do músico Renato Braz, a exibição do documentário sobre o MAC produzido pela TV USP, a apresentação do Coral da USP e o lançamento do selo comemorativo dos 40 anos com a imagem da obra Floresta, de Tarsila do Amaral.

Dança do capital com a morte, Di Cavalcanti, 1950
A sede do MAC, na cidade Universitária: inclusão social através da arte

Nova dinâmica – A programação não é só comemorativa. Impõe também uma nova dinâmica que tem como meta integrar o MAC na cidade. “Temos um significativo papel social ao atender centenas de escolas e públicos especiais como terceira idade e portadores de deficiências, entre outros”, lembra Elza. “Esse trabalho de inclusão social através da arte é reconhecido no País e no exterior. Durante o ano de 2002, conseguiu aumentar o índice de visitas em 20%, considerando o público da sede do MAC e das exposições realizadas em espaços alternativos, como a Galeria do Sesi. Hoje, é considerado o segundo museu de arte mais visitado no Estado de São Paulo. O primeiro é a Pinacoteca.”

O MAC já está organizando várias mostras para o decorrer do ano. Uma delas é “Diálogos no espaço”, que pretende reunir artistas do acervo com obras tridimensionais. “O objetivo é resgatar uma dimensão de tempo mais próxima das hesitações, indagações e conceitos do homem atual”, explica Elza. “Após as rupturas dos cânones preestabelecidos no passado pelas obras como pintura, escultura e desenho, em seus suportes ou bases convencionais, os tridimensionais tiveram sua evolução histórica. Parecem registros imediatos que se confundem com o próprio artista.”

Formas únicas da continuidade no espaço, Umberto Boccioni, 1913

Outra exposição é “Diálogos de arte contemporânea”, que vai selecionar artistas que em seu percurso representam pontos importantes no acervo do museu. A proposta é convidar cada artista para que intervenha no espaço do MAC, apresentando ao público a observação de seu processo criativo. “Nau dos insensatos” pretende reunir Amilcar de Castro, Antônio Henrique Amaral, Arcângelo Ianelli, Caciporé Torres, Carlos Vergara, Claudio Tozzi, Ivald Granato, José Roberto Aguilar, Baravelli, Maria Bonomi, Siron Franco, Sonia Von Brusky, Tomie Ohtake, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee. “A temática dessa coletiva está ligada à tela Nave dos insensatos, de Hieronymus Bosch, expressando a idéia de que todos são navegantes em busca de um lugar seguro e as contradições do mundo provocam dúvidas e equívocos”, justifica a diretora.

Na programação está a exibição de 40 obras de artistas emergentes que fazem parte da coleção de Marcantonio Vilaça. Esse acervo foi cedido em comodato na inauguração da atual sede do MAC, em 1992. Entre os artistas estão Edgar Racy, Ernesto Neto, Gustavo Resende, Ângelo Venosa, Iole de Freitas, Sandra Tucci, Jorge Guinle e Leda Catunda, entre outros.

Exposições internacionais – O MAC destaca, ainda neste ano, três exposições internacionais. “To see in the dark” reúne as fotos da artista italiana Benedetta Bonichi, inserida em uma tendência contemporânea que expande os limites restritos da linguagem fotográfica pura. As imagens resultam de experiências com técnicas diversas, como o raio X, e abordam questões ligadas ao corpo e seus vestígios. Em paralelo, a curadora Helouise Costa, do MAC, reúne fotos de brasileiros contemporâneos propondo um diálogo visual.

Peixe vermelho, Oswaldo Goeldi, 1938

Ainda valorizando a fotografia, o MAC pretende trazer o chinês Tsai Rong Fong, autor da mostra “O rio amarelo de boa vontade corre para o mundo”. Através de sua lente, ele registrou e testemunhou a viagem de 40 monges de diversos países que deram a volta à ilha de Taiwan. São mil quilômetros em peregrinação para pedir felicidade ao país.

Outra mostra interessante é “Traços de razão”, com os artistas Gasmuri e Matilde Peres, entre outros. Compõe-se de sete módulos que percorrem o trajeto da arte chilena, observando-a a partir da perspectiva contemporânea. Os módulos são organizados a partir da abstração geométrica, abordando o conceitual e as tendências mais recentes.

Composição clara, Wassily Kandinsky, 1942

Na programação dos 40 anos, o MAC também pretende priorizar diversos projetos, entre eles a implantação de quatro ateliês: de gravura, desenho, pintura e outras mídias. Vai promover os “Encontros no MAC” na tentativa de abrir novos canais de diálogo entre o museu e os diversos segmentos da sociedade, como artistas, imprensa e grupos de reflexão, possibilitando intercâmbios, experiências e debates. Irá se dedicar também ao programa Arte Educação, que oferece uma série de serviços educativos, como cursos de extensão e difusão cultural, e visitas orientadas gratuitas para escolas e grupos em geral.

 

 

 

Um acervo pioneiro na arte do século 20

 

O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP foi criado em 1963, quando a Universidade recebeu de Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, então presidente do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, o acervo que constituía o MAM. Além desse acervo transferido para a USP, Matarazzo e sua mulher, Yolanda Penteado, doaram suas coleções particulares ao novo museu. Somaram-se ao acervo outras doações particulares, bem como as obras internacionais cedidas pela Fundação Nelson Rockefeller e prêmios das Bienais Internacionais
de São Paulo.

O início histórico do MAC definiu a primeira coleção especializada em arte do século 20 na América Latina. Essa definição é resultante da ação de pesquisadores e artistas que lutaram pela criação de um espaço voltado para a arte moderna na cidade de São Paulo. Uma ação preparada e liderada por intelectuais com parâmetros modernos e potencial aglutinador.

Hoje, o MAC possui em seu acervo cerca de 8 mil obras, entre óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais, constituindo grande patrimônio cultural, com decorrências sociais nacionais e internacionais. São obras de artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Brecheret, Tarsila, Rego Monteiro, Portinari, Oiticica, Amilcar de Castro, Flávio de Carvalho, De Chirico, Modigliani, Boccioni, Picasso, Miró, Kandinsky, Matisse, Braque, Henry Moore e Calder, entre outros tantos.

Com sede no campus da USP, além de seu espaço histórico no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, o MAC é espaço de pesquisa, de formação educacional e de informação. Um campo fascinante para o estudo da arte, que instiga a recepção estética e constitui grande potencial capaz de conectar as várias vertentes do conhecimento e da criatividade, através de diretrizes e parâmetros integradores.

O MAC realiza exposições de seu acervo, oferecendo ao público os mais variados recortes, leituras e possibilidades de percursos que permitem a compreensão da arte moderna e contemporânea. O museu realiza também uma série de exposições temporárias, com obras de artistas brasileiros e estrangeiros que não pertencem ao seu acervo. Torna-se, assim, um espaço para a experimentação, para o surgimento e discussão de novas tendências, interfaces e novos caminhos da arte contemporânea.

Além das exposições, o MAC oferece ao público diversas atividades e serviços, como disciplinas optativas para graduação, cursos de extensão cultural, atividades de ateliê, visitas orientadas, biblioteca e site na Internet. Multiplicador do saber e da excelência do próprio acervo, sempre acompanhando os desafios sociais, o MAC é uma grande sala de aula, laboratório e espaço aberto a todas as formas de diálogo e criação que expressem a densidade da arte contemporânea, ponte para todos os processos que envolvem a vida do homem atual, espaço para todas as linguagens, poéticas e ousadias

 

Elza Ajzenberg é diretora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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