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A América Latina tem muito a oferecer para o processo da divulgação científica mundial. Esse foi o saldo da “8a Reunião da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia para a América Latina e o Caribe (Red-Pop)”, que ocorreu simultaneamente ao “12o Congresso da Sociedade Mexicana para a Divulgação da Ciência e da Técnica (Somedicyt)”. Realizado no Centro de Ciências Explora e Poliforum, em León, Guanajuato, México, de 26 a 29 de maio, o encontro reuniu 301 divulgadores de ciências de 12 países latino-americanos e mais representantes da Espanha, Estados Unidos, França, Finlândia, África do Sul, Austrália e Bélgica. “Há muita originalidade nas propostas apresentadas. Percebemos que o mundo desenvolvido está descobrindo, hoje, coisas que nós, latinos, estamos acostumados a fazer”, diz a diretora da Red-Pop, Julia Tagüeña Parga, que também responde pelos museus de ciências da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam).

Elaine Reynoso, presidente da Somedicyt, achou boa a participação do continente, mas lamentou a ausência de muitos representantes. “Os problemas econômicos dos países fizeram com que muitas pessoas não estivessem aqui.” Depois do México (156), o Brasil foi o país com maior número de participantes (20), seguido da Colômbia (10), Chile (4), Equador, Argentina e Espanha (3), e Estados Unidos (2). O congresso também contou com representantes do Uruguai, Bolívia, Venezuela, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Bélgica, África do Sul, Austrália, Finlândia e França.

“O congresso não vai acabar quando terminarem as apresentações. Haverá um trabalho posterior com a Red-Pop e a Unesco para dar seguimento às iniciativas de colaboração”, prevê o diretor do Centro de Ciências Explora, Jorge Padilla González del Castillo. O diferencial desejado por Padilla parece ter provocado efeito. O Explora e o Centro Interativo de Ciências Maloka, da Colômbia, começam a trocar figurinhas sobre a questão da qualidade e em agosto iniciam a troca de visitas. “Isso com apenas um dia de congresso”, destaca. O diretor do Explora também salientou a importância da profissionalização dos divulgadores de ciência e tecnologia, uma novidade do encontro mexicano.

A mesma opinião é compartilhada pela representante da Red-Pop. “Nessa área há muito da nossa paixão e do nosso carinho, mas cada vez mais é necessário agir profissionalmente”, lembra Julia Tagüeña. “Temos que treinar e preparar nossos divulgadores para isso.”

Mas, para qualquer avanço, antes de tudo é preciso conhecer, e bem, o que já existe. Elaine, da Somedicyt, ressaltou a necessidade de avaliar a qualidade dos profissionais que atuam na popularização da ciência e o nível dos trabalhos desenvolvidos. Citou como exemplo um convênio firmado entre sua entidade e o Conselho de Ciência e Tecnologia mexicano, que irá possibilitar conhecer melhor as ações e as pessoas envolvidas com divulgação em todas as regiões de seu país. Além da profissionalização do setor, foram organizadas discussões temáticas nas áreas de educação não formal em ciência e tecnologia, museus e centros interativos de ciências, produção de materiais de divulgação científica e jornalismo científico.

Museus e Internet – De todos os segmentos da divulgação presentes no encontro de León, a participação dos museus e centros de ciências foi, de longe, a mais marcante, integrada e organizada. Outro segmento que apresentou grande crescimento foi o da Internet. O veículo, graças à sua característica multimídia e interatividade, seguramente é um dos mais fortes aliados na educação para o conhecimento científico.

A colombiana Ana Cristina Marquez, diretora do Museu Interativo da Fundação Empresas Públicas de Medellín, ressaltou a forte presença latina no congresso, mas “faltou um pouco mais de aproximação dos trabalhos com a vida cotidiana”. A possibilidade de conhecer e trocar experiências com colegas da área foi “muito gratificante”, disse.

Para o brasileiro Ernst Hamburger, diretor da Estação Ciência da USP, o encontro consolidou-se como o principal espaço para troca de experiências em divulgação científica do continente. “A Red-Pop está se fortalecendo. Há trabalhos cada vez mais sólidos e bem mais embasados e isso demonstra amadurecimento.”

“Foi um encontro bastante rico, com temas de diversos segmentos da divulgação. Achei melhor que o anterior, realizado no Chile, principalmente a participação dos museus. O México é muito forte nessa área”, opinou Fabio Castro Gouveia, biólogo do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

O projeto Sciencenet.com.br – desenvolvido graças a uma parceria entre o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o Centrinho de Bauru, da USP, e a Universidade do Sagrado Coração, também de Bauru – foi um dos representantes do segmento jornalismo científico no congresso. A publicação brasileira apresentou-se sob dois aspectos: no uso de diferentes formatos de utilização multimídia via Internet e nos instrumentos de aproximação entre cientista e jornalista.

Durante o evento, foram concedidos prêmios em reconhecimento a trabalhos de divulgação científica no continente. Os ganhadores foram o professor Ernst Hamburger (Prêmio Individual Red-Pop/Unesco), José de la Herrán, do México (Prêmio Nacional de Divulgação da Ciência), e o Centro Interativo de Ciências Maloka, da Colômbia, e revista ¿Cómo ves?, da Unam (ambos obtiveram o Prêmio Institucional Red-Pop/Unesco).

 




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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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