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Elenco
do texto Fator RH – Separados Anônimos |
Um
novo modelo de teatro tem se apresentado em São Paulo: cada
vez mais os escritores estão sendo chamados para trabalhar
junto com os atores, o chamado processo colaborativo. É um
movimento importante e que está dando certo, diz o curador
Fernando Bonassi, que já testou o novo segmento criando ao
lado do Teatro da Vertigem o texto de Apocalipse 1,11 e, mais recentemente,
junto aos atores de Woyzeck, o Brasileiro, ainda em cartaz no Sesc
Belenzinho. Descobrir como o ator cria o texto, já que sua
matéria-prima são os gestos e não as palavras,
é o objetivo do novo ciclo do programa Dramaturgias, que
traz neste segundo semestre o tema Atores/Autores. O evento apresenta
a leitura e reflexão de textos dramatúrgicos inéditos,
de novos e consagrados autores, com a participação
de importantes atores e diretores brasileiros.
O primeiro
texto será lido nesta quarta e é inspirado livremente
na vida e obra do professor, poeta, crítico, jornalista e
dramaturgo gaúcho José Joaquim de Campos Leão,
mais conhecido como Qorpo-Santo (1829-1883), precursor do Teatro
do Absurdo e do Surrealismo na dramaturgia. O texto O Julgamento
de Qorpo-Santo, de Renato Modesto (autor-roteirista da Rede Globo
de Televisão desde 1998) traz um momento crítico da
vida do artista, quando ele é obrigado, por ordens médicas,
a parar de escrever. Maníaco obsessivo, Qorpo-Santo enfrentou
um processo de interdição movido pela própria
esposa e acabou perdendo seus direitos civis e seus bens. Além
de Renato Modesto, o elenco traz Sílvia Buarque, Marcelo
Médici, Renato Caldas, Carol Mariottini, Norival Rizzo e
Javert Monteiro. A direção é de Alexandre Reinecke.
A programação
segue em agosto com Fator RH – Separados Anônimos, com
dramaturgia e direção de Ângela Dip. É
uma história de pacientes e médicos de uma clínica
para separados (neo-solteiros e casados em crise), com cenas que
abordam aspectos do relacionamento moderno intercaladas por comentários
dos psiquiatras. Entre os personagens estão o médico
inescrupuloso, o físico místico, a perua bulímica
e a professora romântica interpretados por um elenco formado
por Rubens Caribé, Flávio Faustione, Sérgio
Mastropasqua, Flávia Garrafa, Keila Bueno e Ângela
Dip.
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Ariel
Borghi, Renato Borghi e Débora Duboc, de A Cadela de
Vison |
Em
setembro será apresentado Cleide Eló e as Pêras,
história de uma mulher, de uma paixão, de uma cidade...,
com texto de Gero Camilo (EAD/USP), que interpreta ao lado de Marat
Descartes, sob a direção de Cristiane Paoli-Quito.
Em outubro é a vez de A Cadela de Vison, em que um ator representante
dos movimentos político-culturais dos anos 60 vive sua última
noite no prédio que foi seu teatro durante muitos anos e
onde será construído um shopping center. Criado por
Renato Borghi, traz ainda os atores Débora Duboc e Ariel
Borghi, dirigidos por Maurício Paroni de Castro. E finalizando
o ciclo, em novembro, o texto Cor de Chá é sobre uma
mulher que se descobre vivendo o momento de passagem de uma geração
para outra, uma personagem que transita entre a lucidez e a cegueira
na intenção do amadurecimento. É um monólogo
interpretado pela própria autora, Noemi Marinho (EAD/USP),
com direção de Márcia Abujamra.
Nesse
momento em que os atores querem dizer suas próprias palavras,
fugindo do modelo convencional de interpretarem textos finalizados,
é importante discutir de que forma isso acontece. Assim,
como diz Fernando Bonassi, o principal é investigar como
o texto foi criado e a discussão que ele pode gerar.
Os
encontros do ciclo Atores/Autores acontecem sempre na última
quarta-feira do mês, às 19h30, no Teatro do Centro
Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro,
tel. 3313-3651). A entrada é gratuita mediante retirada de
senha, distribuída meia hora antes do início do evento.
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Grupo
que faz a leitura de O Julgamento de Qorpo-Santo |
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