Com ajuda de uma parte da oposição, o governo conseguiu dar os primeiros passos na aprovação da reforma da Previdência — que já inclui a contribuição dos inativos —, mas a tarefa não é tranqüila. Enquanto o Judiciário vai conseguindo pontos na questão do subteto e o funcionalismo público se manifesta agressivamente em Brasília, na Universidade professores questionam a necessidade e a pressa das reformas, tanto do ponto de vista social como fiscal. “Se pensarmos na magnitude do que o governo irá economizar em relação ao montante que precisará para pagar os serviços da dívida externa, a idéia de reformar para gerar recursos é falaciosa”, afirmou a professora Leda Paulani, da FEA, durante encontro no anfiteatro de História, dia 6. O advogado trabalhista Aparecido Inácio garantiu que a criação de tetos por meio de emenda constitucional é novidade do ponto de vista jurídico, e que a reforma da Previdência Social não pode ser analisada de forma separada da Seguridade Social. Para o vice-presidente da Adusp, Francisco Miraglia, o sistema previdenciário teve superávit superior a R$ 22 bilhões em 2002. Estudo realizado por Hélio Zylberstajn e mais três professores da FEA revela que trabalhadores cobertos pelo INSS recebem na aposentadoria menos do que pagaram trabalhando e o contrário ocorre em relação aos funcionários públicos. A reforma corrige desequilíbrios. nacional>>

ARQUEOLOGIA
Nas ruínas, a gente que movia o engenho

Arqueólogos da USP e da Universidade Católica de Santos acabam de confirmar a existência de antigo cemitério entre as ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, em Santos. Foram encontrados restos de esqueletos, provavelmente de índios escravizados que movimentavam a moenda de cana-de-açúcar, e indícios de sambaqui (depósito de ossos, conchas, utensílios de cozinha). A análise do material permite conhecer um pouco da cultura e da história do século 16, época em que operava o engenho, um dos primeiros construídos no litoral brasileiro e pioneiro na produção e exportação de açúcar. pesquisa>>

Conselheiro, o duplo de Euclides

O esboço da biografia de Euclides da Cunha deixado pelo professor Roberto Ventura, morto no final do ano passado em acidente de carro, sugere que o autor de Os sertões e Antônio Conselheiro, o líder de Canudos, seriam uma espécie de duplo, à semelhança do escritor argentino Jorge Luis Borges e suas vidas paralelas e invertidas. O Conselheiro é apresentado como projeção psicanalítica das obsessões de Euclides: o temor da sexualidade, da irracionalidade, do caos e da loucura. A biografia acaba de sair em livro. cultura>

Santos para todos os gostos

Entre as sumas, ou grandes sínteses, que caracterizaram o século 13 está a Legenda Áurea — Vida de santos, escrita em latim pelo arcebispo genovês Jacopo de Varazze. A obra ganha agora a primeira tradução para o português, graças a trabalho de quatro anos do medievalista da USP Hilário Franco Júnior e ao esforço editorial da Companhia das Letras. Para entender as mil páginas de pias histórias, cheias de anjos, demônios, milagres e casos fantásticos, é preciso situá-las num tempo em que o homem respirava religião e tinha por lazer principal assistir ao teatro eclesiástico. especial>

Dr. Roberto sai de cena

Roberto Marinho, morto aos 98 anos no dia 6 passado, quarta-feira, tinha admiradores entusiastas e críticos cáusticos. Fora o maniqueísmo das opiniões, é importante perceber que papel a Globo e seu criador desempenharam na história recente do Brasil. nacional>