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A produção teatral argentina em peso:
Humus e Muz (ao lado) e acima, o espetáculo de dança
venezuelano Êxodo |
São
176 atividades de 22 países de três continentes que
vão ocupar as unidades do Sesc da capital e também
da Grande São Paulo. A edição 2003 da “Mostra
Sesc de Artes” destaca as Latinidades, apresentando as manifestações
artísticas de vários países das Américas
e da Europa. O objetivo do evento é aproximar a cultura latina
do Brasil, trazendo de fora criações contemporâneas
e ainda discutindo os laços que unem e afastam essas nações
de mesma origem. Um dos destaques do evento é a produção
teatral, que reúne 20 espetáculos, comparecendo em
peso peças argentinas, como Muz, do grupo El Rayo Misterioso,
centrado na pesquisa gestual; o monólogo Informe para una
Academia, escrito por Diego Starosta a partir do texto de Franz
Kafka sobre a luta interna de cada homem; o multimídia Kleines
Helnwein, com texto e direção de Rodrigo Malmstein,
que representa sociedades argentinas, alemãs e do Oriente
Médio; e Humus, de El Ojo de La Majada, montada com artistas
plásticos, músicos, audiovisual e técnicas
de expressão como o contact, a dança butoh e o teatro
de objetos.
Traz
ainda o mais importante grupo teatral do Peru, o Yuyachkani, que
apresenta Los Musicos Ambulantes, adaptação do conto
clássico dos irmãos Grimm sobre quatro animais músicos;
e ainda o tradicional El Galpón (Uruguai), que encena Cuentos
de Hadas, relatando o amor e a solidariedade, a ditadura militar
e suas marcas, e El Lazarillo de Tormes, texto de 1554, sobre a
vida de Lazarillo de Tormes, traçando um paralelo entre a
fome e miséria atuais. Na ala européia estão
o grupo português Art’imagem, que apresenta três
peças, entre elas O Condenado à Morte, encenação
do poema “Condemné à mort”, de J. Genet;
e a diretora francesa Léa Dant com Viagem em Terra Interior,
que ela desenvolveu com atores brasileiros, conduzindo o público
em uma viagem, como se fosse um companheiro de estrada.
A produção
nacional é representada por Brasil Deportado, de Luis Louis,
que trata da vida dos brasileiros que vão para o exterior
em busca de sucesso; o monólogo A Poltrona Escura, interpretado
por Cacá Carvalho, uma recriação da narrativa
de três novelas de Luigi Pirandello, do livro de contos Berecche
de la Guerra. Há também um evento especial sobre Qorpo
Santo, com a participação de professores da USP (veja
detalhes na agenda).
Dança
contemporânea – Importantes companhias de dança
do mundo latino comparecem na mostra. A cia. de Cabo Verde, Raiz
de Polon, traz aos palcos brasileiros Duas sem três, inspirada
no texto homônimo de Mário Lúcio Sousa; o coreógrafo
africano Koffi Kôkô com seu solo Ça, sobre um
oráculo africano, e ao lado de sua companhia apresenta Les
Feuilles Qui Resistent Au Vent, que propõe uma dança
contemporânea africana, resultado da fusão dos tambores
tradicionais com música eletrônica. Da Suíça,
a Cia. Buissonnière,
dirigida pelo argentino Cisco Aznar, apresenta Lola La Loca, em
que os bailarinos interagem com imagens de vídeo, retratando
alguns estereótipos latinos.
Representando
a Argentina a Cia. Danza El Escote traz duas montagens El Escote,
com movimentos pequenos e corpos seminus que parecem não
ter cabeças, e Cenizas de Tango, uma visão contemporânea
da música argentina com a linguagem do tango; da Venezuela,
a Cia. Danza Hoy com Êxodo, revivendo o mundo de emoções
internas; e da França, a Cie. À Fleur de Peau, dirigida
pela brasileira Denise Namura, com uma coreografia que trata da
importância da comunicação além das palavras.
Do Brasil, um dos destaques é a Cia. de Dança do Amazonas,
com três coreografias curtas, criadas a partir da unidade
entre movimento e música: Dual, Traços e Criação
e Kronos. Ainda comparece o Grupo de Rua de Niterói, com
Too Legit To Quit, que traz para cena o hip hop.
A mostra
também traz um ciclo de filmes clássicos e inéditos,
reunindo mais de 25 longas-metragens e quatro curtas. No CineSesc
a mostra “Olhares sobre a América Latina” exibe,
entre os destaques, os inéditos Bolívia (2000), do
diretor argentino Adrían Caetano, e Histórias Mínimas
(Argentina/Espanha, 2002), de Carlos Sorín, além dos
clássicos Os Esquecidos (1950), do espanhol Luis Buñuel,
Que Viva México! (1932), de Sergei Eisenstein e Grigori Alexandrov,
Sur (Argentina, 1987), de Fernando Solanas, e Terra em Transe (1967),
de Glauber Rocha. Nas artes visuais, mais da metade das obras expostas
é inédita, e ainda acontecem palestras, debates, oficinas
e bate-papos.
Latinidades
acontece desta terça até 31 de agosto, nas várias
unidades do Sesc, com eventos gratuitos e ingressos a partir de
R$ 3,00 até R$ 20,00. Programação completa
no site www.sescsp.org.br.
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